Saúde

Consumo de cigarro e álcool na pandemia eleva casos de câncer

Segundo o médico Stênio Roberto Santos, o hábito de consumir bebidas alcoólicas e fumar desencadeia câncer na boca, laringe e faringe; 50% dos casos é de excesso de álcool

Evandro Júnior / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
Excesso de bebida alcoólica e cigarro aumenta casos de câncer
Excesso de bebida alcoólica e cigarro aumenta casos de câncer (bebida e cigarro)

São Luís - O isolamento social, para evitar o contágio pelo novo cononavírus, trouxe problemas para boa parte da população brasileira. Um deles é o aumento de casos de câncer de cabeça e pescoço, desencadeado pelo consumo mais frequente de álcool e tabaco. “Essa informação tem sido divulgada pelos meios de comunicação e é preocupante, uma vez que são vícios que aumentam em dez vezes a probabilidade do surgimento de tumores malignos”, diz o médico Stênio Roberto Santos, cirurgião de cabeça e pescoço.

Segundo o médico, em geral, o câncer de cabeça e pescoço está associado ao tabagismo, mas 50% dos casos diagnosticados referem-se ao consumo excessivo de bebida alcoólica. Nos casos específicos para o tumor maligno na cavidade oral, o número sobe para 70%. Conforme o especialista, quem fuma também se torna vulnerável à infecção pelo novo coronavírus, pois o ato de fumar implica em contato dos dedos (e possivelmente de cigarros contaminados) com os lábios, aumentando a possibilidade da transmissão do vírus para a boca.

O uso de produtos que envolvem compartilhamento da boca para inalar a fumaça facilita a transmissão entre seus usuários e para a comunidade. É o caso de narguilé (cachimbo d’água) e dos dispositivos eletrônicos (cigarros eletrônicos e de tabaco aquecido). Além disso, o tabaco causa diferentes tipos de inflamação e prejudica os mecanismos de defesa do organismo.

Por esses motivos, o fumante tem maior risco de infecções por vírus, bactérias e fungos. O fumante é acometido, com maior frequência, por infecções como sinusites, traqueobronquites, pneumonias e tuberculose. “Por isso, é possível dizer que o tabagismo é fator de risco para a Covid-19 e que é um agravante da doença. Devido a um possível comprometimento da capacidade pulmonar, o fumante tem mais chances de desenvolver sintomas graves da doença”, frisou o médico.

Estatísticas
Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) dão a dimensão da importância de se orientar a população sobre o câncer de cabeça e pescoço. Segundo o Inca, esse tipo de câncer é o segundo mais incidente em homens no Brasil, com quase 20 mil casos. Além disso, o câncer de cavidade oral é o quarto mais incidente em homens na região Nordeste, com 11,88 casos a cada 100 mil pessoas.

Os tumores malignos de boca e faringe, no início, desencadeiam poucos sintomas, mas úlceras ou sensação de corpo estranho nessa região e em indivíduos com o vício do fumo e álcool merecem atenção, principalmente quando persistem por mais de 15 dias, devendo ser submetidos à avaliação médica e/ou odontológica.

Nos casos do câncer de laringe (cordas vocais), o sinal mais precoce é a rouquidão, que deve ser avaliada por um exame endoscópio da laringe (laringoscopia). Com o avanço da doença, esses tumores apresentam uma piora dos sinais e sintomas e podem aparecer dores locais, sangramentos e aftas sem melhora espontânea, além de metástases linfonodais (caroços ou ínguas) no pescoço e nos tumores da laringofaringe com a disfagia (dificuldade para engolir).

Os tratamentos terapêuticos para CCP podem incluir cirurgia, radioterapia, quimioterapia, terapia-alvo ou uma combinação de tratamentos. A localização do tumor, o estágio da doença, a idade do paciente e o quadro geral de saúde são fatores que contribuem para a escolha do tratamento mais adequado para cada paciente. O mais importante é o tratamento individualizado, considerando as particularidades de cada caso, oferecendo o melhor tratamento disponível para promover a cura com uma boa qualidade de vida.

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