Editorial

Volta às aulas com segurança

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19

Com a retomada das aulas presenciais na maioria das escolas particulares em São Luís, na última segunda-feira, 3, mais uma etapa das medidas adotadas para evitar a disseminação da Covid-19 foi flexibilizada e é natural que provoque incerteza e muita ansiedade, mesmo sendo mantido os protocolos sanitários pelos estabelecimentos de ensino.

Na capital, quase todas as instituições optaram por começar o retorno pelos alunos do terceiro ano do ensino médio, enquanto os outros níveis de ensino devem voltar com as aulas presenciais na próxima semana. A decisão não é simples, já que famílias e estudantes vivenciam situação de tensão.

Uma pesquisa recente do Datafolha, a pedido da Fundação Lemman, sobre a volta às aulas, aponta que 64% dos pais ou responsáveis afirmam que os filhos estão ansiosos; 45% que estão mais irritados e 37% que estão tristes nesse período; quase 90% dizem ter medo de ser contaminados pelo coronavírus na volta às aulas; os professores também temem a contaminação e 69% declaram ter medo e insegurança por não saber como será o retorno à normalidade; já 50% afirmam ter medo em relação ao futuro.

O psicólogo e terapeuta familiar Alexandre Coimbra Amaral entende que o retorno presencial das escolas é a questão mais polêmica e grave que está sendo enfrentada na pandemia, embora destaque o grande esforço feito para preservar vidas. E no caso das instituições de ensino as medidas impostas, como o uso obrigatório de máscara, suspensão do recreio, demarcação de espaços públicos e aferição da temperatura dos alunos e colaboradores.

Frequentemente alvo de críticas pelos líderes mundiais quando contrariados por seus posicionamentos, a Organização das Nações Unidas (ONU) se manifestou ontem, 4, em defesa da reabertura das escolas. Para a entidade, o planeta está enfrentando uma "catástrofe de toda uma geração" por conta do fechamento de escolas devido à pandemia, e uma volta segura às salas de aula deve ser colocada como grande prioridade.

Conforme levantamento da ONU, mais de 1 bilhão de estudantes em todo o mundo foram afetados pelas quarentenas relacionadas à Covid-19, sendo que 40 milhões estão longe das escolas em um período crítico para o aprendizado, o de pré-escola. Colocar os alunos de volta às escolas da forma mais segura possível precisa ser a maior prioridade. "Já enfrentávamos uma crise de ensino anterior à pandemia. Agora, estamos diante de uma catástrofe de toda uma geração que pode desperdiçar potencial humano e prejudicar décadas de atraso, exacerbando a desigualdade", alertou o secretário-geral da entidade, Antonio Guterres.

A ONU lançou uma campanha chamada "Save Our Future" (Salve o nosso futuro) em que pede pela reabertura de escolas e que isso seja priorizado nas decisões econômicas dos países. A entidade ainda cita que pessoas com necessidades especiais são mais prejudicadas e que a carga sobre as mães ficou ainda mais pesada com escolas fechadas. Segundo estudos, os protocolos considerados mais eficazes para uma reabertura segura de instituições de ensino são teste e rastreamento de casos, isolando indivíduos que testem positivo e seu entorno.

Guterres considera que o mundo vive um momento crucial e que as decisões dos governos precisam ser pensadas no impacto para milhões de jovens e no desenvolvimento de seus países para as próximas décadas. Segundo ele, existe a oportunidade de uma geração para repensar a educação e usar este momento para desenvolver um ensino de maior qualidade.

Uma boa notícia: o índice de letalidade da Covid-19 no Brasil caiu pela metade em três meses e passou de 6,9% no início de maio para 3,4% no início de agosto. Atualmente, a taxa brasileira é melhor que a mundial, de 3,8%, e que a de países da Europa, como Alemanha (4,3%), Suécia (7,1%), Itália (14,2%), Espanha (9,9%). Por outro lado, é superior a de Índia (2,1%) e Estados Unidos (3,3%) - os três países lideram o ranking de infecções no mundo.

O índice de letalidade é calculado pelo número de óbitos em comparação com a quantidade de casos confirmados. Entre as razões para a queda da taxa no Brasil estão o aumento da testagem e a melhora na capacidade de tratamento de casos graves.


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