Sem condições

Professores pedem suspensão do ano letivo nas escolas públicas

Em documento endereçado à população maranhense, os docentes afirmam que ainda não é o momento de retornar, devido aos números referentes ao contágio por Covid-19

Evandro Júnior / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
Desde o mês de março, com a pandemia de Covid-19, as aulas estão suspensas em todo o estado
Desde o mês de março, com a pandemia de Covid-19, as aulas estão suspensas em todo o estado (escola fechada)

São Luís - Professores de escolas municipais e estaduais divulgaram uma “Carta Aberta à População Maranhense” solicitando ao Governo do Estado e Prefeitura de São Luís a suspensão do ano letivo de 2020. Eles acreditam que ainda não há condições sanitárias seguras para o retorno da comunidade escolar às salas de aula. Além disso, os docentes criticam o ensino remoto que, na opinião deles, é um modelo excludente, não atendendo à realidade de muitos alunos das escolas públicas do Maranhão.

Eles afirmam que o Governo do Estado e a Prefeitura prorrogaram a volta às aulas presenciais, mas ainda não informaram a data. No entanto, apontam o retorno com ensino remoto para o dia 10 de agosto (Estado) e para o mês de setembro (Município).

“Nós nos reunimos em assembleia e decidimos que divulgaríamos esse documento, para que as autoridades e a sociedade maranhense tomem conhecimento da realidade atual do ensino público no Maranhão”, frisou Jorge Sousa, que integra o Coletivo de Professoras e Professores das Redes Municipais e Estadual da Educação do Maranhão.

Dados
Segundo a Carta, essa decisão é uma declaração de guerra ao direito à vida de toda a comunidade escolar. O documento traz dados oficiais do Ministério da Saúde, que apontam que já são mais de 90 mil mortos e mais de 2,5 milhões de contaminados no Brasil. E informa que não há achatamento da curva: de três a cada 10 contaminados no mundo são brasileiros, de acordo com as estatísticas do World Meters.

No Maranhão, conforme discrimina o documento, os números já passam de 2.900 mortos e mais de 115 mil infectados, segundo os dados emitidos no dia 26 de julho de 2020. Os números reais são superiores a esses, já que, numa população de quase 7 milhões de habitantes, apenas 249.289 testes foram realizados até 26 de julho. “Voltar às aulas nessas condições é um crime”, reclamam os professores.

Conforme Jorge Sousa, um ponto importante e não mencionado pela Secretaria de Estado da Educação (Seduc) diz respeito ao deslocamento dos alunos. “O manual de reabertura das escolas, elaborado por técnicos do Ministério da Saúde e da Fundação Oswaldo Cruz, é taxativo ao registrar que o estudante não deve entrar em coletivos com lotação excessiva. Crianças e adolescentes serão alvo de contaminação por Covid-19 na reabertura das escolas, podendo levar o contágio para suas famílias e elevando a curva epidemiológica”, disse.

Na Carta, os professores relatam que as famílias estão sendo obrigadas a expor suas vidas à Covid-19 para garantir sua sobrevivência e, por isso mesmo, não têm onde deixar seus filhos menores, a não ser nas escolas. Assim, é de responsabilidade dos gestores públicos e do empresariado garantir renda a esses trabalhadores, para manter as escolas fechadas, até que a pandemia esteja sob controle, mas garantindo que a merenda escolar seja distribuída para as famílias dos alunos de cada unidade escolar, neste período de exceção. É também necessário, segundo eles, garantir testes em massa para detecção do coronavírus, sobretudo nos bairros de periferia.

Conforme os professores, a Seduc não dialogou nem avaliou, com alunos e professores, a efetividade do ensino remoto implantado em algumas escolas, desde a suspensão das aulas, momento em que muitos docentes utilizaram recursos próprios, mesmo sem ter tido formação para realizarem essas atividades, sobre as quais os estudantes manifestaram dificuldades no acesso e download das mídias, por problemas relativos à Internet ou à configuração de seus dispositivos.

“Nós desejamos que as aulas retornem, mas com segurança, vacina e com protocolos sanitários verdadeiramente efetivos dentro e fora das escolas, que incluam condições de higiene e proteção individual e coletiva, pois é para isso que somos remunerados pelos impostos pagos pelos trabalhadores”, disse Jorge Sousa.

Até o fechamento desta edição, a assessoria de imprensa do Governo do Estado não havia respondido aos questionamentos de O Estado a respeito de seu posicionamento sobre a Carta elaborada pelos professores

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