Editorial

Alimentando esperanças

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19

Não bastassem os desafios de empresas em diversos países para a descoberta da vacina contra a Covid-19, a Organização Mundial de Saúde (OMS) se manifestou ontem sobre a última fase de testes ao afirmar que existe a possibilidade de que nenhum imunizante ofereça proteção de forma esperada - ou seja, “não existe bala de prata no momento e talvez não exista”. Portanto, só resta torcer para que essa suposição da conceituada entidade não se concretize, no momento em que 25 vacinas estão sendo testadas em seres humanos, sendo seis delas na chamada fase 3 - os últimos ensaios antes da conclusão.

O que se tem visto no noticiário nacional é que as medidas de isolamento social no Brasil praticamente não mais existem. A população está nas ruas e as atividades econômicas e sociais - com raras exceções - já foram retomadas com plena força, o que demonstra que a Covid-19, ainda que continue provocando mortes, já não causa grande preocupação. O que todos torcem agora é pela vacinação, o que poderá ocorrer ainda este ano já que os estudos estão sendo desenvolvidos a uma velocidade sem precedentes.

Na última sexta-feira, 31, o Boletim InfoGRipe, produzido e divulgado pela Fiocruz, alerta para o risco de uma segunda onda de contágio do novo coronavírus nos estados de Rio de Janeiro, Ceará e Maranhão. O estudo se baseia em dados compilados até 28 de julho, referentes à semana epidemiológica 30 (que foi de 19 a 25 de julho). No caso de Rio e Maranhão, a avaliação é a seguinte: "Manutenção do sinal de retomada de crescimento, após período de queda (possível 'segunda onda'). Ocorrência de casos muito alta. Capital vive sinal de possível retomada do crescimento". Vale ressaltar que o "crescimento" citado é do número de novos casos, ou seja, uma piora no controle do vírus. Ontem, o consórcio de veículos de imprensa revelou que o Maranhão é um dos estados em que o número de casos da Covid-19 está em queda.

Não custa lembrar que o comitê de emergência da OMS continua batendo na mesma tecla: o planeta está em emergência global de saúde pública para a pandemia. Ontem, a organização relembrou que é a primeira vez que acontece um surto mundial de um coronavírus, que combina dois fatores perigosos: se espalha rápido e, ao mesmo tempo, mata. Para indivíduos, recomenda o distanciamento social, a higienização das mãos com constância, o uso de máscaras onde apropriado e cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir.

Enquanto a vacina não chega, a cada dia se torna mais forte a disputa pela vacina contra o novo coronavírus. Embora grupos internacionais e vários países prometam tornar imunizantes acessíveis a todos, doses provavelmente terão dificuldades para acompanhar a demanda em um mundo de quase 7,8 bilhões de pessoas. Os países ricos já bloquearam mais de um bilhões de doses, despertando preocupações de que o resto do mundo esteja no fim da fila.

A possibilidade de os países mais ricos monopolizarem a oferta, um cenário que ocorreu na pandemia da gripe suína de 2009, alimentou preocupações entre os países pobres e os defensores da saúde. Até agora, os Estados Unidos, Reino Unido, União Europeia e Japão garantiram cerca de 1,3 bilhão de doses de potenciais imunizantes contra a Covid-19, de acordo com a empresa de análise de Londres Airfinity. Opções para comprar mais suprimentos ou acordos pendentes adicionariam cerca de 1,5 bilhão de doses a esse total. A União Europeia também tem sido agressiva na obtenção de vacinas, muito antes que alguém saiba se elas irão funcionar.

Até agora, apenas uma certeza: mesmo com o progresso científico de diversas empresas, não há vacinas suficientes para o mundo e é importante considerar que a maioria das vacinas pode exigir duas doses. A oferta mundial pode não atingir 1 bilhão de doses até o primeiro trimestre de 2022. E mais: países precisariam fazer uma série de acordos diferentes com as fabricantes de vacinas para aumentar suas chances de conseguir suprimentos, já que algumas doses não serão bem-sucedidas, uma situação que pode levar a batalhas e ineficiências de licitações. Sendo assim, resta torcer por uma vacina eficiente e que esteja disponível para a população mundial com a maior brevidade.

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