Artigo

A miragem e a cura do Covid

Ceres Costa Fernandes, Mestra em Literatura e membro da Academia Maranhense de Letras

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19

Comparo a extinção do novo Corona Vírus, o Covid-19, a uma miragem que surge em pleno deserto e, cada vez que nós, caminhantes sedentos, pensamos estar chegando próximos ao úmido oásis da salvação, ele se afasta mais um tanto, obrigando-nos a seguir a enganosa imagem, não se sabe até quando.

Em março, quando iniciamos a prática, pra valer, do enigmático distanciamento social - como ser social usando máscara e mantendo distância? -, tínhamos a convicção que em dois meses estaria sanado o problema e que, em maio, estaríamos nas ruas trabalhando, indo à escola, convivendo enfim. De maio, passamos a junho, agosto. Em agosto reabriremos tudo, mais um pouco de paciência. Já vimos que nem em agosto, setembro, ou em qualquer dos meses seguintes, estaremos liberados.

Em julho começou a distensão para os trabalhadores e a maior abertura para os serviços essenciais. Será que estou falando do Brasil? De uma parte dele. Enquanto pessoas cumprem as regras sanitárias, afastam-se, de modo estoico, da convivência com filhos e netos queridos, para evitar o contágio e a superlotação dos hospitais, outros se consideram de férias merecidas e enchem shoppings e praias numa euforia de animais soltos após aberta a porteira dos currais.

Não são os trabalhadores buscando o pão dos filhos, não são os abnegados agentes de saúde, de limpeza e de segurança. Não são os funcionários dos serviços essenciais, os padeiros, os empregados de supermercados e farmácias, são os irresponsáveis e vagabundos, muitos deles recebendo indevidamente o auxílio do governo, atrapalhando nas infindas filas da Caixa os que realmente merecem o auxílio.

Como se não bastasse estarem amontoados em lugares indevidos, não obedecem às regras, andam sem máscaras, aos abraços, comemorando não sei o quê. Às vezes me ponho pensando, se uma limpa, tipo Sodoma & Gomorra não seria apropriada. Afasto os pensamentos politicamente incorretos. Gente que esteve na farra, na véspera, vem chorar na TV porque o pai ou a mãe não encontraram um leito vago na UTI. Eles disseminam o vírus e colaboram para a superlotação. Os jovens se divertem e os idosos morrem. Será que não entendem?

Onde está a saída? As ondas do Covid vão e vêm. Nuns estados baixa o número de infectados, noutros, que estavam em baixa, os números sobem. Uma gangorra. Estados e países, como o Paraná e a Suécia, citados como exemplos de controle do vírus, estão indo para o pico. A praga moderna assola países pobres e ricos com a fúria de uma peste medieval. E só termina quando acaba.

Só nos resta esperar a vacina. Há 5 vacinas sendo desenvolvidas na terceira fase, a de testagem com pessoas: a vacina de Oxford/ Reino Unido; a Sinovac, a SINOPHARM e a do Instituto Biológico de Wuhan, todas da China, e a Moderna/ NIAID, EUA, na qual o governo americano já investiu um bilhão de dólares.

Segundo a Organização Mundial da Saúde - OMS, a de Oxford é a mais adiantada. Em julho, começou a ser testada em voluntários brasileiros. A Bio-Manguinhos, da Fio Cruz, será responsável, no Brasil. pela transformação do princípio ativo e fará a formulação final das vacinas. Animados? Será totalmente comercializada, provavelmente, em meados de 2021.

A Sinovac, conveniada com o Instituto Butantã, acena para dezembro. Há que seguir os protocolos da quarta fase, adquirir o registro sanitário e a logística da produção e distribuição. Não será diferente da inglesa.

Quem esperava setembro, esperará dezembro e as promessas da miragem vão se afastando até janeiro, fevereiro e, talvez, tenhamos em julho a vacinação plena. Até lá, a turba, espero, terá que aprender a proteger os mais fragilizados e a respeitar a vida alheia.

E-mail: cerescfernandes@gmail.com

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