Maranhão

Mesmo com aglomerações, números da Covid-19 seguem estáveis

De acordo com professor da UFMA, imunidade cruzada é uma provável explicação; taxa de letalidade no estado é de 2,5%; epidemia está mantendo transmissão moderada, mas pode se acelerar

Kethlen Mata/ O Estado MA

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
Aglomerações não fizeram números de casos de Covid-19 subirem nos últimos dois dias
Aglomerações não fizeram números de casos de Covid-19 subirem nos últimos dois dias (Rua Grande)

São Luís – Por três dias seguidos (de 27 a 29 julho), o Maranhão apresentou queda no número de óbitos por Covid-19, e manteve estabilidade no número de novos casos registrados na Região Metropolitana de São Luís, no entanto, é no mínimo curioso que com tantas aglomerações e desrespeito às normas sanitárias, como uso obrigatório de máscara, por lei, os números continuem estáveis. O professor Antônio Augusto de Moura da Silva, do Departamento de Saúde Pública da UFMA, explicou a O Estado que a qualquer momento os números podem reacelerar, por isso é importante continuar seguindo as medidas de segurança para evitar a contaminação pelo vírus.

Nesta quarta-feira (29), o Brasil atingiu a marca de 90.134 mortes pelo novo coronavírus, uma letalidade de 3,5%, no boletim da Secretaria de Estado da Saúde (SES), do mesmo dia, o Maranhão registrou 19 novos óbitos acumulados pela doença, e apenas um nas últimas 24h, de 28 a 29. Essa é uma tendência identificada desde a segunda-feira (27), quando foram registrados 20 óbitos acumulados, o estado deixou de ser classificado como “em estabilidade”, para “em queda”, em relação ao número de perdas pela Covid-19.

O Maranhão possui uma taxa de letalidade bastante animadora em relação a outros estados da região nordeste, onde a taxa de letalidade é de 3,4%, já a taxa de incidência da doença é de 1363,5. Dentre as quatro cidades que compõem a Região Metropolitana de São Luís, Paço do Lumiar é a que tem a maior taxa de letalidade (15,3%), seguida por Raposa (11,8%), São José de Ribamar (10,3%), São Luís fica em último lugar (7,1%). Dados são da plataforma Coronavírus Maranhão, do Governo do Estado.

Aglomerações
O que tem deixado muitas pessoas intrigadas, é o fato de os números tão animadores da doença estarem inseridos em um contexto de tantas polêmicas envolvendo aglomerações, festas clandestinas e diversos registros de desrespeito às normas sanitárias estabelecidas pelo estado, nos últimos dias.

“O número de casos semanais da Covid-19 na ilha de São Luís mostrou estabilidade nessa semana, após ter caído por duas semanas consecutivas. O número de óbitos semanais na Ilha está decrescente, a taxa de ocupação de leitos de UTI está bem baixa. Mesmo com o uso decrescente de máscaras, retomada de várias atividades e maior aglomeração em praias e festas, até o momento a epidemia está mantendo transmissão moderada que, a qualquer momento pode se acelerar, pois estamos vivendo um equilíbrio instável”, esclareceu o professor Antônio Augusto de Moura.

Explicação
De acordo com o professor, alguns fatores estão colaborando para reduzir a transmissão, como o fato de cerca de 38% dos maranhenses continuarem em quarentena domiciliar. “Entre 10% a 15% das pessoas já tiveram Covid-19 e estão, pelo menos temporariamente, imunes, muitos usam máscaras, respeitam o distanciamento físico de 1,5 entre as pessoas e não descuidam da higiene das mãos. É provável que parte das pessoas seja naturalmente imune ao novo coronavírus, por contou de imunidade cruzada com outros coronavírus causadores do resfriado comum”, ressaltou.

Leitos
O número de leitos no estado também está estabilizado, levando em consideração os boletins da SES de domingo, 26 até o boletim lançado no dia 29 (quarta-feira), a taxa de ocupação de leitos de UTI na grande ilha não ultrapassou os 60%, e a taxa de ocupação de leitos clínicos não chegou nem em 25%.

Em imperatriz a situação também está controlada, no entanto, no boletim do dia 29, depois de vários dias sem um registro grande de casos, a cidade apresentou 21 novos casos confirmados para a doença, o que pode ser um alerta para a população do município.

Nas demais regiões do Maranhão, os números são parecidos, para leitos de UTI a taxa de ocupação varia entre 37% a 44%, para leitos clínicos o número fica entre 27% e 28%.

Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou que as ações adotadas pelo Governo do Maranhão estabeleceram medidas sanitárias gerais e segmentadas, minimizando a exposição ao vírus, principalmente às pessoas consideradas de risco, com dispensa desses grupos das suas atividades presenciais, favorecendo a diminuição do contágio.

Ressalta-se que a redução no ritmo de contágio começa a ser observada na Grande Ilha após o lockdown em São Luís, que garantiu maior distanciamento social. Por estas medidas, o estado apresenta taxa de contágio menor do que 1 há mais de 40 dias, segundo Covid-19 Analytic.

A SES acrescentou que não há sinalização de uma segunda onda de contaminação no estado, já que a porta de entrada para Covid-19 ou SRAG no Maranhão está com demanda decrescente, bem como baixa taxa de ocupação dos leitos clínicos e UTI.

Sobre os leitos, informou que, nesta fase, com redução do número de novos casos e baixa ocupação, adotou medidas para retorno de leitos à assistência de pessoas com outras doenças.

Inquérito Sorológico
De acordo com a medida anunciada pelo governo, no último dia 24 de julho, serão realizados 4.080 testes em 69 municípios maranhenses, objetivo é avaliar o cenário atual da pandemia no estado e contribuir para conhecer o estágio da infecção dos maranhenses pela doença. “O inquérito sorológico que está sendo realizado nesta e na próxima semana por meio de parceria entre a UFMA e a SES será importante para se saber qual o percentual de pessoas que já tiveram coronavírus e quantos do que já tiveram a doença apresentam anticorpos protetores”, completa Antônio Augusto.

SAIBA MAIS

Taxa de Letalidade: Taxa de letalidade ou coeficiente de letalidade é a proporção entre o número de mortes por uma doença e o número total de doentes que sofrem dessa doença, ao longo de um determinado período de tempo.

Taxa de Mortalidade: Essa taxa é um coeficiente utilizado na medição do número de mortes em determinada população, adaptada ao tamanho desta mesma população, por unidade de morte.

Taxa de Incidência: O coeficiente de incidência expressa o número de casos novos de uma determinada doença durante um período definido, numa população sob o risco de desenvolver a doença.

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