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Contracultura debatida em livro que reúne artistas e pesquisadores

Publicação está disponível na internet a partir de domingo (26); nomes como Chacal, Jards Macalé, Luiz Carlos Maciel e os maranhenses Murilo Santos e César Teixeira, além de pesquisadores de diferentes locais do país estão na obra

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
(livro contracultura)

São Luís - As pesquisadoras Isis Rost, gaúcha radicada em São Luís, e Patrícia Marcondes de Barros, paulistana que vive atualmente em Londrina, assinam o e-book “Transas da Contracultura Brasileira”. O trabalho reúne entrevistas e depoimentos de personagens dos anos 1960 e 1970 - tempos de explosão criativa, transformações comportamentais profundas e também de muita repressão política - com textos de pesquisa. O e-book é mais um lançamento da Editora Passagens e estará disponível para download gratuito a partir de domingo (26) no blog da editora editorapassagens.blogspot.com

A obra é dividida em duas partes. Na primeira estão entrevistas e depoimentos de Luiz Carlos Maciel, Ricardo Chacal, Jards Macalé, Helena Ignez, ao lado dos maranhenses Cesar Teixeira e Murilo Santos, integrantes da primeira turma do Laborarte, e de Edmar Oliveira, participante da cena que se desenvolvia em Teresina, além de uma entrevista realizada por Joca ReinersTerron com Régis Bonvicino sobre Walter Franco.

A segunda parte reúne pesquisadores e colaboradores de diferentes cidades como Teresina, São Luís, Londrina, Rio de Janeiro e São Paulo. Os textos enfocam aspectos diversos da efervescência cultural entre os anos 1960 e 1980, da Tropicália ao movimento Punk, nas áreas de poesia, música, cinema, imprensa alternativa e teatro. Entre os poetas convidados, Celso Borges, Cesar Carvalho e Durvalino Couto Filho.

“É um passeio por nomes da literatura, do jornalismo alternativo, da música, das artes cênicas e do audiovisual, quase sempre mais próximos do lado B e da experimentação, numa linguagem direta, sem os excessos teóricos e insossos dos textos acadêmicos”, afirma o professor Flávio Reis, que responde pela coordenação editorial do projeto.

Isis Rost, que assina o projeto gráfico e a diagramação de “Transas da Contracultura Brasileira”, fala da obra. “A concepção gráfica do projeto se aproxima do universo das publicações alternativas, ponto em comum entre eu e Patrícia, que conheci em 2018. Desde o ano passado existia a urgência de um projeto que resgatasse, neste período sufocante que atravessamos, os elementos transgressores da contracultura. O livro teve seu pontapé inicial quando nos encontramos pessoalmente pela primeira vez no Rio de Janeiro, em fevereiro, já no dia da entrevista com Chacal”, afirma.

O livro abre com um poema de Celso Borges anunciando os ingredientes e o sabor do caldeirão da contracultura.

OlhaliOlhalá

Wally alado

No colo de Jorge Salomão

Tresloucado

No caldeirão da contracultura

Meu poema também cabe?

Quem sabe

Deitando e rolando no Gramma

No Drops de Abril de Chacal

Que tal

No coração samurai de Catatau

E coisa e tal

meu poema

Olé olá

No parangolé Tropicália de Oiticica

Que delícia

Meu poema enfim

Nos paletós de Francisco Alvim

Quem sabe

Maio 68 nos muros de Berlim

Meu poema lerolero

Ainda cabe até o fim

Na boca de Cacaso eu quero

Dentro de mim um anjo da contracultura

Que nas asas de Ana C. César

Sobrevoe aquela manhã azul de Ipanema

Queda para o alto

Meu poema

Meu treponema não é pálido nem viscoso

na fumaça de um fino

meu poema

panamérica de Agripino

colírio no olho do sol

quem sabe

nas bancas de revista

Warhol na capa mijando no urinol

deDuchamp

Roda, roda e avisa

Um minuto pros comerciais

Alô, alô, Tristeresina

Vai ver Torquato

Na discoteca do Chacrinha

Vai, Drummond, ser guache

Nas aquarelas da contracultura

Quem sabe!

Quem sabe desfolho a bandeira

Na parte que me cabe

Quem sabe?

Quem sou?

Eu sei

Eu não sei

Por isso

Meu poema vai

e voa

em vão

meu poema nem Seu Sousa

vai e vem e vaia

o caldeirão

da contracultura

não

Me segura que vou dar um traço

Transas da Contracultura Brasileira

Organizado por Patrícia Marcondes de Barros e Isis Rost

Editora Passagens – São Luís, 332 páginas

Coordenação editorial – Flávio Reis

Projeto gráfico e diagramação – Isis Rost

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