Alerta

Maranhão tem mais de 2 mil casos de dengue e 153 de chikungunya

Dados, deste ano, disponibilizados no boletim epidemiológico do MS do mês julho, mostram que o país já passou dos 870 mil casos de dengue

Bárbara Lauria / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
Mosquito Aedes aegypti é o transmissor da dengue e febre chikungunya, cujos casos têm se multiplicado no MA
Mosquito Aedes aegypti é o transmissor da dengue e febre chikungunya, cujos casos têm se multiplicado no MA (aedes aegypti)

São Luís – Com a pandemia da Covid-19, muitos estão se preocupando menos em tomar cuidados com outras doenças. Contudo, essas enfermidades continuam existindo e requerem medidas preventivas para evitar o contágio, como o caso das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypti.

De acordo com o boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde (MS) referente ao mês de julho, o estado do Maranhão já passou dos 2 mil casos de dengue apenas nos primeiros sete meses deste ano, e possuí uma suspeita de óbito. Contudo, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (SES), até o momento, o Sistema de Informação de Agravos de Notificação registrou em todo o Maranhão 1.598 casos confirmados de dengue este ano. Comparando com o mesmo período de 2019, houve uma redução de 52,14% de casos. Segundo dados divulgados no último mês (junho) por O Estado, somente em São Luís, foram notificadas 564 situações.

O estado também possui 153 casos de chikungunya. De acordo com o boletim do MS, foram confirmados 11 óbitos por critério laboratorial, distribuídos nos estados da Bahia (2), Rio de Janeiro (1), Mato Grosso (1), Espírito Santo (1), Paraíba (1), Rio Grande do Norte (1), Pernambuco (1), Ceará (1) e Maranhão (2), da doença.

As informações sobre dengue e chikungunya que foram apresentadas no boletim do Ministério da Saúde são referentes as notificações ocorridas entre as Semanas Epidemiológicas (SE) 1 e 26 (29/12/2019 a 27/06/2020), disponíveis no Sinan Online. Já os dados de zika foram consultados do Sinan Net até a SE 25 (29/12/2019 a 20/06/2020).

O Maranhão é o quarto estado com menos casos de dengue do país (2.317), e está em sexto lugar em números de casos do Nordeste. Porém, o estado é o sexto com mais casos de Zika do país (108) e o quarto com mais casos do Nordeste.

Surto de dengue
O Ministério da Saúde (MS) já havia alertado que, este ano, um surto de dengue poderia afetar 11 unidades federativas do Brasil, após avaliação feita pela Vigilância em Arboviroses. Apesar da pandemia da Covid-19, isso também continua sendo motivo de preocupação, pois, somente no ano passado, a doença causou a morte de 782 pessoas no país. Em junho o Maranhão estava sob alerta para uma quantidade acima do normal da arbovirose em meio aos casos do novo coronavírus.

O alerta aconteceu porque o tipo 2 do vírus da dengue voltou a circular no fim do ano de 2018, depois de 10 anos sob controle, e desde então, vem encontrando populações suscetíveis à doença. A informação sobre o surto foi dada pelo porta-voz do Ministério da Saúde, Rodrigo Said, no dia 15 de fevereiro.

Ele frisou que as regiões do Sudeste e os nove estados do Nordeste, pouco afetadas no ano passado, estão sendo motivo de preocupação do órgão. “A dengue é uma doença sazonal, e o quadro é dinâmico, e pode mudar em pouco tempo”, destacou. A previsão é que ocorra o surto da doença, além do Maranhão, Espírito Santo e Rio de Janeiro, nos estados do Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.

Ação de combate
De acordo com as informações cedidas a O Estado no início de junho, no início de fevereiro deste ano, foi realizada uma campanha na capital maranhense, com o intuito de combater o mosquito da dengue. A intervenção aconteceu no bairro Coroadinho, por equipes do Programa de Prevenção e Controle de Arboviroses. Na ocasião, ocorreram visitas domiciliares, para sensibilizar os moradores no que tange à adoção de medidas que contribuam para a eliminação dos criadouros.

As visitas domiciliares ocorreram em várias ruas do bairro, por meio de uma operação realizada pela Secretaria de Estado da Saúde e Secretaria Municipal de Saúde (Semus), com o apoio da Secretaria de Estado de Governo (Segov) e Agência Executiva Metropolitana (Agem).

O bairro foi escolhido para a atuação de combate ao mosquito porque, segundo o Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti, o Coroadinho registrou alto índice de infestação, com 5,3% de casos. O Maranhão, inclusive, é o único estado do Nordeste com circulação do Sorotipo Denv 2, considerado o mais agressivo dentre os sorotipos, que iniciou no Brasil nos anos 1990, quando trouxe os primeiros diagnósticos da febre hemorrágica.

Já no dia 15 de fevereiro, ocorreu o “Dia D de combate ao Aedes”, com ações de limpeza geral e remoção de entulhos, visitas domiciliares dos agentes de endemias, atividades educativas e palestras no Coroadinho e outros bairros de São Luís.

Na ocasião, a população ludovicense foi orientada sobre o risco do descarte irregular de lixo, especialmente para a proliferação do Aedes, segundo o Programa Estadual de Controle das Arboviroses. Um dos bairros beneficiados foi a Macaúba, em São Luís, que possui um canal. Naquele trecho, foram retirados lixos e outros resíduos, devido ao grande volume verificado no lugar.

O Estado entrou em contato com a Semus para saber quais ações estão sendo realizadas durante esse momento de reabertura dos serviços após a diminuição de casos da covid-19, contudo não houve respostas até fechamento desta edição.

A SES informou, em nota, que disponibilizou apoio técnico nas áreas de surto e nas ações de controle vetorial com aplicação UBV nos municípios maranhenses. Além disso, é realizada a capacitação de rotina dos técnicos municipais para manejo de inseticidas e operações de campo de combate ao Aedes aegypti.

Como parte das atividades de combate às Arboviroses, a SES realiza ações educativas e de mobilização social em apoio aos municípios, sendo estes os responsáveis pelas atividades de prevenção em suas cidades.

SAIBA MAIS

Aedes Aegypti

O Aedes aegypti é o nome científico de um mosquito que transmite doenças chamadas de arboviroses, como a dengue, febre amarela urbana, além da zika e da chikungunya. Possui uma característica que o diferencia dos demais mosquitos, que é a presença de listras brancas no tronco, cabeça e pernas.

O ciclo de vida do mosquito Aedes aegypti compreende quatro fases: ovo, larva, pupa e adulto. Os ovos são depositados em condições adequadas, ou seja, em lugares quentes e úmidos, preferencialmente depositados em lugares próximos a linha d’água.

O macho alimenta-se de seivas de plantas. A fêmea, no entanto, necessita de sangue humano para o amadurecimento dos ovos, que são depositados separadamente nas paredes internas dos objetos, próximos a superfícies de água, local que lhes oferece melhores condições de sobrevivência.

Prevenção

A principal prevenção contra o mosquito Aedes Aegypti é evitar o acúmulo de água parada. De acordo com o Ministério da Saúde, as principais medidas são:

  • Manter bem tampado tonéis, caixas e barris de água;
  • Lavar semanalmente com água e sabão tanques utilizados para armazenar água;
  • Manter caixas d’agua bem fechadas;
  • Remover galhos e folhas de calhas;
  • Não deixar água acumulada sobre a laje;
  • Encher pratinhos de vasos com areia até a borda ou lavá-los uma vez por semana;
  • Trocar água dos vasos e plantas aquáticas uma vez por semana;
  • Colocar lixos em sacos plásticos em lixeiras fechadas;
  • Fechar bem os sacos de lixo e não deixar ao alcance de animais;
  • Manter garrafas de vidro e latinhas de boca para baixo;
  • Acondicionar pneus em locais cobertos;
  • Fazer sempre manutenção de piscinas;
  • Tampar ralos;
  • Colocar areia nos cacos de vidro de muros ou cimento;
  • Não deixar água acumulada em folhas secas e tampinhas de garrafas;
  • Vasos sanitários externos devem ser tampados e verificados semanalmente;
  • Limpar sempre a bandeja do ar condicionado;
  • Lonas para cobrir materiais de construção devem estar sempre bem esticadas para não acumular água;
  • Catar sacos plásticos e lixo do quintal.
Dengue

Dengue é uma doença febril grave causada por um arbovírus, que são vírus transmitidos por picadas de insetos, especialmente os mosquitos. Existem quatro tipos de vírus de dengue, que são os sorotipos 1, 2, 3 e 4. Cada pessoa pode ter os 4 sorotipos, mas a infecção por um gera imunidade permanente para ele. O transmissor (vetor) é o mosquito Aedes aegypti, que precisa de água parada para se proliferar. O período do ano com maior transmissão são os meses mais chuvosos de cada região, mas é importante manter a higiene e evitar água parada todos os dias, porque os ovos do mosquito podem sobreviver por um ano até encontrar as melhores condições para se desenvolver. Todas as faixas etárias são igualmente suscetíveis, mas os idosos têm maior risco de desenvolver dengue grave e outras complicações que podem levar à morte.

O risco de gravidade e morte aumenta quando a pessoa tem alguma doença crônica, como diabetes e hipertensão, mesmo tratada.

Seus sintomas são: febre alta > 38.5ºC; dores musculares intensas; dor ao movimentar os olhos; mal-estar; falta de apetite; dor de cabeça; manchas vermelhas no corpo.

Chikungunya

Semelhante a Dengue, A infecção por Chikungunya começa com febre, dor de cabeça, mal-estar, dores pelo corpo e muita dor nas juntas (joelhos, cotovelos, tornozelos, etc), em geral, dos dois lados, podendo também apresentar, em alguns casos, manchas vermelhas ou bolhas pelo corpo. O quadro agudo dura até 15 dias e cura espontaneamente.

Algumas pessoas podem desenvolver um quadro pós-agudo e crônico com dores nas juntas que duram meses ou anos.

Seus sintomas são: febre; dores intensas nas juntas, em geral bilaterais (joelho esquerdo e direito, pulso direito e esquerdo, etc); pele e olhos avermelhados; dores pelo corpo; dor de cabeça; náuseas e vômitos.

Cerca de 30% dos casos não chegam a desenvolver sintomas. Normalmente, os sintomas aparecem de dois a 12 dias da picada do mosquito, período conhecido como incubação.

Zika

A doença pelo vírus Zika apresenta risco superior a outras arboviroses para o desenvolvimento de complicações neurológicas, como encefalites, Síndrome de Guillain Barré e outras doenças neurológicas. Uma das principais complicações é a microcefalia. A doença inicia com manchas vermelhas em todo o corpo, olho vermelho, pode causar febre baixa, dores pelo corpo e nas juntas, também de pequena intensidade.

Além da picada do mosquito, o vírus também pode ser transmitido por relações sexuais ou de mãe para o feto durante a gravidez.

Seus sintomas são: “vermelhão” em todo o corpo com muita “coceira” depois de alguns dias; febre baixa, muitas vezes não sentida; conjuntivite (olho vermelho) sem secreção; mialgia e dor de cabeça; dor nas juntas.

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