Dívidas

Crise da Covid-19 revela que antecipar parcelas de dívidas pode ser erro

Presidente da Abefin, Reinaldo Domingos alerta que, ao quitar débitos, paga-se menos juros; na prática, é melhor ter uma dívida controlada

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
O presidente da Abefin, Reinaldo Domingos, afirma que  ter dinheiro guardado, é fundamental
O presidente da Abefin, Reinaldo Domingos, afirma que ter dinheiro guardado, é fundamental (Reinaldo Domingos)

SÃO PAULO - O que é melhor: quitar dívidas ou guardar dinheiro? A maioria sempre falou que é melhor antecipar parcelas, mas esse é um erro comum pela falta de educação financeira e a atual crise comprovou isso. Afinal, ela mostrou que mais que nunca ter dinheiro guardado é ter sustentabilidade - mesmo endividado (a).

Lembrando que ter dívidas sustentáveis e que consegue arcar não é um problema. Os juros de dívidas longas, como financiamentos imobiliários, tendem a ser mais altos do que os rendimentos de aplicações. Por isso, muitos acreditam ser mais vantajoso usar a reserva para adiantar parcelas. Esse é um pensamento correto, baseado na matemática, mas que não deve guiar o comportamento.

Para o presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo Domingos, é preciso agir com educação financeira, lembrar que não há necessidade de ficar sem reservas financeiras se a dívida está sendo paga mensalmente com tranquilidade, cabendo no orçamento financeiro e "assegurada" pelos próximos 10, 20 ou 30 anos.
“Por mais que ao quitar dívidas, paga-se menos juros, na prática é melhor ter uma dívida controlada do que não ter reservas financeiras”, orienta Reinaldo Domingos, que também é presidente da DSOP Educação Financeira.

Poupar dinheiro

Segundo ele, poucas pessoas procuram poupar dinheiro para conquistar seus sonhos e muitas se preocupam em quitar dívidas. “O que proponho é uma quebra de paradigmas. É preciso lidar com o endividamento de forma inteligente”.

Outra situação é que muitas pessoas utilizam o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para quitar dívidas, liquidando essa reserva financeira tão importante para o futuro e também no momento atual, de instabilidade econômica.

Reinaldo Domingos afirma que proteger as reservas financeiras, ou seja, ter dinheiro guardado, é fundamental, sinônimo de poder econômico. “Com elas, você pode realizar sonhos, viajar anualmente, trocar de carro frequentemente, entre outras coisas, além de garantir uma aposentadoria sustentável”.Empréstimos podem ser uma boa estratégia para concretizar grandes planos ou quando é preciso lidar com gastos inesperados. Também podem ser uma forma de lidar com o endividamento – a principal razão observada entre os consumidores brasileiros que recorrem aos empréstimos em bancos e financeiras. De acordo com uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), a principal finalidade do empréstimo pessoal ou consignado é o pagamento de dívidas (37%), como faturas atrasadas no cartão de crédito, prestações não pagas em lojas e até mesmo outros empréstimos adquiridos no passado.

Contas básicas

Em segundo lugar aparecem o pagamento de contas básicas, como aluguel, condomínio, luz, telefone e escola (21%). A compra ou troca de um carro (16%), reforma da casa ou apartamento (14%), compra de mantimentos para casa (12%) e a realização de viagens (9%) aparecem em seguida no ranking de motivações.

“Se o objetivo é antecipar o consumo, como, por exemplo, a reforma da casa, o custeio dos estudos ou a troca do carro, é importante que se observe todos os custos financeiros envolvidos e o quanto as parcelas irão comprometer da renda”, explica a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti. “Como revela a pesquisa, o empréstimo pode também ajudar a quitar outras contas atrasadas, mas desde que as condições do empréstimo sejam mais favoráveis do que as dívidas acumuladas”, afirma.

A pesquisa mostra que 20% dos brasileiros possuem um empréstimo pessoal em banco, 16% um empréstimo consignado,

Metodologia

A pesquisa traça o perfil de 601 consumidores de todas as regiões brasileiras, homens e mulheres, com idade igual ou maior a 18 anos e pertencentes a todas as classes sociais. A margem de erro é de 4,0 pontos percentuais e a margem
de confiança, de 95%.

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