Artigo

Do jeito que as mães ralhavam

José Ewerton Neto, Autor de O ABC bem humorado de São Luis

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19

Observem como as recomendações repetitivas e monocórdias da Organização Mundial de Saúde - OMS (que um amigo jornalista chama de Organização Mundial do Susto) se parecem com as falas de nossas mães, avós, tetravós, não só nos seus objetivos de nos antecipar proteção como também no mesmo jeito das suas cantilenas imemoriais.

São os conselhos óbvios, elementares e necessários, como se estivessem ralhando com a gente, de nossas mães. Mas, no caso da Pandemia, ausentes de uma solução, que nunca se esperaria de uma intuitiva mãe - ansiosa por proteger suas crias, mas, obviamente, de uma organização global dotada de vultosos recursos financeiros e de inteligências científicas escolhidas a dedo para que, pelo menos em tese, fossem capazes de trazer soluções menos triviais do que apenas exortações de fuga e recolhimento.

Na prática, repetem-se tanto as notícias pavorosas todo dia, que nosso amigo acabou associando a OMS a uma agência disseminadora de pavor. Sei que alguém pode contrapor, com justa razão: “Como falar de notícias boas, se a realidade é tão cruel?” Sem dúvida, temos de concordar com isso, mas com o passar do tempo e a ausência total de soluções é fácil intuir que deve haver algo deletério nos alicerces dessa instituição para que, visivelmente, exiba tanta incapacidade de conduzir e orientar soluções que façam frente a epidemias desse porte.

Era de se esperar estudos técnicos conclusivos sobre, por exemplo: influência do clima; remédios promissores ou nocivos; perspectivas de curto e médio prazo etc. Mas o que sobressai são líderes atarantados que agem como vítimas, incapazes de se pronunciarem adequadamente sobre o manancial de dados colhidos, resumindo-se a lamentar os fatos e apontar os dedos como se fizessem parte, realmente, de uma organização assustada e sem rumo.

E, assim, repetem as nossas mães sem serem dotados, sequer, do afeto e da empatia que ela possuem. Basta comparar suas falas para vermos as semelhanças. A OMS, como mãe. O homem do povo, como o filho que responde.

“Lá em casa, a gente conversa”.

Certo, mamãe OMS. Mas, primeiro preciso, pelo menos, ter uma casa.

“Você não faz mais que sua obrigação ao se proteger”.

Com certeza, mamãe OMS. Mas se minha obrigação é a de me proteger, a da senhora deveria ser a de estar propondo soluções, que já vão tarde. Ou não?

“Repete isso que você falou”.

Quem repete todo dia a mesma cantilena “Vá pra casa”, é a senhora. Quando vai dizer algo diferente?

“Quantas vezes terei que falar?”

Não sei, mamãe OMS. Só espero que não seja por toda a eternidade, como a senhora parece agourar. Rezo que seja antes de morrermos todos.

“Se você não guardar suas porcarias, vou jogar no lixo”.

O que aprendi, mamãe OMS, é que nós, seres humanos, não passamos de grandes porcarias, frágeis e indefesas diante de um minúsculo vírus. Quanto a jogar-nos no lixo, a verdade é que essa pandemia já nos jogou lá dentro há muito tempo.

“Se eu for aí e achar, esfrego em sua cara”.

A senhora está falando da máscara, mamãe OMS? Fique certa de que ela está em minha cara há tanto tempo que não sei mais como ela era antes.


E-mail: ewerton.neto@hotmail.com

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