Fenômeno

Moradores tentam retomar rotina após estragos da ventania

Climatologista disse que oceano está quente e que esse calor facilita a ocorrência de temporais, com rajadas de ventos

Nelson Melo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
Congestionamento foi longo durante a manhã de ontem na Forquilha
Congestionamento foi longo durante a manhã de ontem na Forquilha (congestionamento)

São Luís - Moradores da Forquilha e bairros adjacentes tentaram retomar ontem,14, a rotina depois do terror e prejuízos que tiveram na tarde anterior, 13, quando um vendaval derrubou postes, árvores e destruiu telhados. Ontem, enquanto as pessoa limpavam as ruas dos destroços, equipes da Equatorial Maranhão se mantinham no local, para substituir oito postes quebrados e reconstruir as redes de distribuição danificadas.

Os vizinhos se ajudaram no processo de retirada dos entulhos, como telhas quebradas e galhos de árvores arrancados. Esse companheirismo foi verificado não apenas na Forquilha, mas no São Bernardo, Parque Aurora e Vila Brasil, comunidades por onde os ventos fortes causaram destruição.

No Planalto Aurora, o telhado do auditório de um seminário foi parcialmente destruído pela força dos ventos. Uma palmeira caiu em cima de uma casa no bairro São Bernardo. Em outros locais, uma torre de telefonia desabou em um galpão, cujo muro desmoronou devido o peso do objeto. Além disso, telhados de igrejas foram arrancados e postes de iluminação pública tombaram.

Vítimas da ventania
O Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão (CBMMA) frisou que o evento ocasionou diversos danos materiais, dentre os quais prejuízos em pontos comerciais da região e quedas de árvores e postes de energia elétrica. As equipes que estiveram nos locais contabilizaram três vítimas. Destas, duas pessoas passaram mal durante a ventania, pelo susto que tomaram, e outra foi alvo de descarga elétrica. Todas foram conduzidas a unidades de saúde por ambulâncias da corporação.

“Durante a ocorrência, o CBMMA empregou sete equipes para realizar a remoção de árvores, desobstruir vias públicas e fazer outros atendimentos relacionados ao vendaval. Não há registro de vítimas fatais”, comunicou o Corpo de Bombeiros.

Engarrafamento na região
Com as obras e reparos, um longo engarrafamento se formou na Avenida Guajajaras na manhã de terça-feira, uma vez que o local afetado ainda estava sofrendo intervenções para reconstrução das partes destruídas pela ventania. Uma fileira de veículos, entre ônibus, carros, motocicletas, vans e caminhões, se formou na via pública. Muitos passageiros desceram dos coletivos, pois não tiveram paciência de esperar o trânsito fluir, o que só aconteceu pouco depois, por conta do trabalho que estava sendo feito na região.

Explicação do fenômeno
De acordo com Gunter de Azevedo Reschke, chefe do Laboratório de Meteorologia (Labmet), do Núcleo Geoambiental da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), a ventania ocorreu devido a um processo convectivo, que é um tipo de propagação do calor que ocorre nos fluidos em geral em decorrência da diferença de densidade entre as partes que formam o sistema. Isso, como ele explicou, é normal para essa época do ano, momento de transição da estação chuvosa para a estação seca, embora tenha causado espantos na população pela intensidade.

“Dá para perceber um fluxo turbulento, e essa troca de energia e formação de nuvens rapidamente, além dos ventos ascendentes e descendentes. Devido à grande energia e calor existentes nessa nuvem, surgem as rajadas de ventos e, em algumas ocasiões, até precipitações de gelo, ou seja, granizo. Não é que não seja comum, só que essa intensidade foi realmente grande devido ao grande calor mantido dentro da nuvem”, esclareceu o meteorologista. O professor comentou que, de fato, a ventania ocorreu em um perímetro considerado pequeno.

Como Gunter de Azevedo pontuou, os ventos descendentes escorrem em todas as direções, o que é possível observar pelas imagens do evento meteorológico em São Luís. Essas nuvens são localizadas, mas carregadas. Importante dizer que os ventos verticais ocorrem quando o ar próximo ao solo logo se aquece e acaba ficando mais leve. Então, ele sobe, sendo substituído pela camada de cima, que é mais fria, ao que desce.

Oceano quente
Outra explicação para o fenômeno foi oferecida pelo climatologista Werton Costa, da Universidade Estadual do Piauí(Uespi). “São Luís é afetada pela circulação amazônica. Então, o que aconteceu é porque o oceano está muito quente. Esse calor que está em volta do Atlântico facilita a ocorrência de alguns temporais, que caem sobre o oceano. Por um capricho da natureza, o vento trouxe o temporal para dentro de São Luís. Algo que deveria cair no mar se precipitou pela cidade com essa violência", disse o professor a um portal do estado piauiense.

Ainda de acordo com o professor Werton Costa, o que de fato aconteceu em São Luís foi uma ventania intensa com características tornádicas. O climatologista esclareceu que isso ocorre quando há uma vorticidade do vento, que se movimenta de maneira giratória, com grande capacidade de levantar material, como foi registrado na Forquilha e bairros adjacentes.

Substituição dos postes
A Equatorial Maranhão informou que suas equipes de manutenção foram mobilizadas desde o início da ocorrência da ventania para substituir oito postes de energia quebrados. Além disso, também atuaram no sentido de reconstruir as redes de distribuição danificadas pelo fenômeno meteorológico. Conforme relatado pela concessionária, vários imóveis ficaram sem energia elétrica nos seguintes bairros: Forquilha, João de Deus, Cohab-Anil, Cohatrac, Aurora, Planalto, Cruzeiro do Anil, Angelim, Novo Angelim e áreas adjacentes.

“Por transferência de cargas (uso de redes elétricas alternativas) a energia elétrica foi restabelecida para quase 100% dos clientes ainda na tarde da segunda-feira.. No início da madrugada desta terça-feira, 14 as 162 unidades consumidoras na região de maior impacto (proximidades do retorno da Forquilha) tiveram a energia elétrica restabelecida”, assinalou a Equatorial Maranhão.

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