Transtornos

Ventania deixa rastro de destruição, derruba postes e árvores em São Luís

Pelo menos três pessoas foram atendidas pelas equipes de saúde após o fenômeno; vendaval ocorreu durante chuva que atingiu capital, no início da tarde de ontem

Nelson Melo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19

[e-s001]São Luís - Árvores desprendidas do solo e postes de iluminação pública no meio da rua. Esse foi o cenário na Avenida Guajajaras e adjacências, na região da Forquilha, em São Luís, após uma ventania que atingiu a área, nesta segunda-feira (13). O fenômeno causou uma sequência de transtornos, principalmente, no bairro Forquilha. Pelo menos três pessoas precisaram ser atendidas pelas equipes de saúde. O Laboratório de Meteorologia (Labmet), do Núcleo Geoambiental da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), já havia alertado que julho seria marcado por ventos fortes na região metropolitana de São Luís por causa do período de transição da estação chuvosa para seca.

No bairro Forquilha, pelo menos oito postes de energia elétrica foram arrastados pela ventania. Alguns deles ficaram no meio da Avenida Guajajaras, perto do acesso à Avenida Jerônimo de Albuquerque e à MA-201 (Estrada de Ribamar). Uma parada de ônibus também foi atingida, mas, felizmente, ninguém ficou ferido. Carros sofreram danos por causa do fenômeno meteorológico. Alguns veículos ficaram com o para-brisas estilhaçado. Árvores foram arrancadas e ficaram com as raízes expostas.

Após o fenômeno, os moradores saíram às ruas para verificar os estragos causados pela ventania. Eles ficaram assustados, pois episódio semelhante nunca tinha sido registrado, com essa dimensão, na cidade. Alguns muros da região caíram com a situação. Imóveis foram destelhados. Tampas de caixa d’água voaram e ficaram espalhadas pela avenida. O fato também ocorreu na Cidade Operária, onde casas foram danificadas. Prédios comerciais foram afetados e sofreram deteriorações.

Conforme o major Felipe, do Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão (CBMMA), os danos maiores foram apenas materiais, sem nenhuma morte ou vítima grave. “Acionamos em torno de cinco companhias nossas, para dar apoio na região afetada, da Forquilha e entorno. Ainda estamos avaliando, porque outras informações estão chegando em nossa Central de Atendimento”, informou o oficial. Ele explicou que três pessoas foram atendidas pelos bombeiros, sendo uma com ferimentos leves e outras duas pelo susto que tomaram com a derrubada dos postes e árvores.

O militar disse que foi acionada imediatamente a Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT), para ajudar na orientação do fluxo de veículos no local afetado. “Com o aquecimento global e toda essa questão climática, ocorrem essas ventanias. O homem degrada o meio ambiente e aí nós sofremos com essas alterações”, ressaltou o oficial do CBMMA. Já o Grupo Potiguar se posicionou e comunicou que um de seus estabelecimentos comerciais, situado na Forquilha, foi atingido pela ventania.

“Felizmente não houve nenhum dano físico e nem acidentes envolvendo clientes ou colaboradores. Para maior segurança de todos a loja foi fechada, para que possam ser feitos os reparos, visando a reabertura da loja mais rápido possível”, pontuou o Grupo Potiguar. A loja abrirá normalmente nestaterça-feira, 14.

Queda de energia
No que se refere ao fornecimento da energia elétrica na região afetada pela ventania, nesta segunda-feira, a Equatorial Maranhão comunicou que o temporal com fortes rajadas de ventos afetou severamente as redes de distribuição de energia elétrica na região do bairro Forquilha. Isso ocorreu, principalmente, em virtude de diversos objetos, inclusive uma torre de telefônica, lançados sobre as redes de energia distribuídas ao longo da Avenida Guajajaras.

Ainda conforme a Equatorial Maranhão, equipes de manutenção da concessionária foram mobilizadas desde o início da ocorrência para substituir oito postes quebrados e reconstruir as redes de distribuição danificadas. Nesse sentido, imóveis ficaram sem energia elétrica não apenas na Forquilha, mas em outros, como João de Deus, Cohab Anil, Cohatrac, Aurora, Planalto, Cruzeiro do Anil, Angelim e Novo Angelim, assim como em áreas adjacentes.

“Por transferência de cargas [uso de redes elétricas alternativas] a energia elétrica foi restabelecida para 99% da região afetada”, frisou a Equatorial.

[e-s001]Outros casos
Não é a primeira vez que ventos fortes causam estragos em São Luís este ano. Durante a tarde da segunda-feira passada (6), durante chuva na capital maranhense, ocorreram alguns danos atípicos, causados por uma ventania. O fenômeno deixou diversas casas destelhadas no Polo Coroadinho, incluindo a Vila dos Frades e Alto do São Francisco. De acordo com informações dos próprios moradores do Polo, o episódio começou no início da tarde, por volta das 14h30, enquanto chovia pouco.

No Coroadinho, o fenômeno deixou estragos nas ruas Colônia e Rua Manoel Alves Abreu. Mas também ocorreu no Alto do São Francisco e em trechos da Vila dos Frades. Depois que a velocidade do vento diminuiu, as pessoas começaram a sair de casa para observar os transtornos. Muitos moradores subiram nas residências para calcular o prejuízo. Alguns tentaram “salvar” algumas telhas do chão.

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Outro fato semelhante foi registrado no dia 8 de junho, quando uma chuva forte atingiu na Grande Ilha. No Turu, um supermercado sofreu danos ao ter sua estrutura de vidro destruída em uma parte, logo na entrada. O fenômeno que acompanhou o temporal derrubou a parte da estrutura de vidro e arrastou os carrinhos do estabelecimento comercial. Naquele bairro, telhas de residências “voaram”.

Assim como no Polo Coroadinho, moradores registraram o momento em vídeos. Além disso, placas de outdoor foram arrancadas de seus locais, igualmente por causa da ventania.

Período de transição
Julho é o mês de transição da estação chuvosa para o período seco, o que gera a tendência de aumento da velocidade dos ventos, originados pelas diferenças de pressão e de temperatura que existem na atmosfera, ou seja, deslocamentos de massas de ar, fundamentais na dinâmica terrestre. Segundo o meteorologista Hallan Cerqueira, do Laboratório de Meteorologia, do Núcleo Geoambiental da Universidade Estadual do Maranhão, essas ventanias estão sendo provocadas pelas nuvens conhecidas como cumulonimbus, que causam, também, tempestades com raios.

Ele explicou que esse fenômeno, apesar de ter impressionado, não é raro no atual período de transição entre as estações chuvosa e seca, como é o mês de julho. Conforme o meteorologista, nesse período de transição, a atmosfera fica mais quente devido ao encerramento da estação chuvosa, resultando na convecção, que é o processo no qual o calor é transferido por meio de movimentos verticais do ar.


SAIBA MAIS

Recomendações dos bombeiros

Em momentos como esse, quando os ventos atingem uma velocidade impressionante, o recomendável é que os moradores evitem locais abertos e não se abriguem debaixo de árvores, segundo o Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão. Como explicou a corporação, durante os ventos fortes, a população deve evitar a prática de esportes ou circular pelas ruas, ou, ainda, se expor em locais abertos em momentos de qualquer lazer. E, caso seja necessário, o recomendável é evitar passar sob cabos elétricos, outdoors, andaimes, escadas e estruturas que não transmitem segurança, quando estiver transitando em avenidas ou outras vias públicas.

Outra advertência é que as pessoas não estacionem próximos a torres de transmissão e placas de propaganda. Nesse caso, isso deve ser evitado porque essas torres e placas estarão sob influência dos ventos fortes. “Em caso de tornado de grandes proporções, a melhor forma de proteção é ficar deitado no corredor interno, próximo ao chão (no piso mais inferior) e colocar-se debaixo de uma peça do mobiliário resistente ou de um colchão”, observou o CBMMA.

Outras dicas

Ainda de acordo com o Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão, os moradores não podem, em hipótese alguma, se abrigar debaixo de árvores ou em frágeis coberturas metálicas, quando estiver ocorrendo a ventania. Além disso, devem evitar ficar perto de precipícios, encostas ou lugares altos sem proteção, em virtude do risco de serem arrastados para esses abismos. As pessoas também devem revisar a resistência de suas casas, principalmente o madeiramento de apoio do telhado e a amarração das telhas no madeiramento, caso exista.

Também é importante, prosseguiu o órgão estadual, fechar bem as janelas, basculantes, portas de armários, evitando canalizações de ventos no interior das residências. “O mesmo para persianas, cortinas, blecautes para que, no caso da quebra de algum vidro de janela, os estilhaços não sejam lançados e espalhados pelo cômodo, podendo atingir alguém. É necessário, ainda, que os aparelhos elétricos sejam desligados e o registro do gás de cozinha fechado, evitando agravamentos no caso de queda de árvore. Também acomodar, sobre o piso todos os objetos que possam cair”, complementou o CBMMA.

E, caso a pessoa esteja fora de sua residência e for surpreendida pelos ventos fortes, o recomendável é que se deite em uma vala ou depressão do terreno fora da estrada, afastado de árvores, postes ou muros, segundo o Corpo de Bombeiros.

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