Artigo

Retomar é preciso

Edilson Baldez das Neves *

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19

Apesar do forte abalo na economia brasileira, a indústria cresceu 11,4% no mês de maio deste ano, conforme pesquisa divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A informação indica que nem tudo está perdido e que o pior, parece que já passou. Com esses dados publicados no boletim técnico Indicadores Industriais, produzido pela instituição, o segmento começa a tomar fôlego e conseguiu sobreviver à maior crise econômica que o país já conheceu. A utilização da capacidade instalada das plantas industriais pulou mais de dois pontos percentuais, passando de 67,6 para 70,2. Os números são otimistas, mas ainda existe longo caminho a percorrer.

A crise aponta que alguns negócios vão sucumbir e outros aparecer. No entanto, qualquer que seja o cenário, a indústria continuará avançando com tecnologia e inovação para desenvolver produtos que facilitem a vida das pessoas. O momento é de reflexão e de desenhos de estratégias para a retomada dos negócios. E, nesse instante, ideias renovadoras e medidas de estímulo e incentivos às empresas que conseguiram sobreviver a esta hecatombe que abalou o mundo, têm que ser urgentemente acionadas. É fundamental para a retomada do emprego, da renda dos trabalhadores e do desenvolvimento regional e nacional.

Para as empresas continuarem vivas é preciso a oxigenação financeira para capital de giro e outros fluxos que a fazem funcionar. A redução da taxa Selic pelo Banco Central quase não teve alguma repercussão para quem produz. A tomada de recursos a baixo custo, apesar das garantias do Fundo Garantidor de Operações (FGO), sumiu do portfólio dos bancos, tanto oficiais como privados. Dinheiro barato para estimular o acesso ao crédito é difícil de achar e impossível de operacionalizar pelo excesso de burocracia, as famosas barreiras, instituídas pelas instituições financeiras.

É preciso desburocratizar o acesso ao crédito principalmente, para as micro e pequenas empresas que lutam para não fecharem as portas. Esse quadro é aberrante e bastante claro no financiamento da casa própria. Se você compra um carro, não importa o valor, se vai custar R$ 50 mil ou R$ 500 mil, o crédito é aprovado em uma hora. Mas quando o mesmo cidadão for comprar um imóvel de R$ 300 mil a demora para liberação do financiamento pode ultrapassar 30 dias. Isso faz parte do custo Brasil.

A realidade é que os bancos não querem emprestar pelas taxas sugeridas pelo governo. Adotam medidas tímidas e dificultam o acesso aos recursos mais baratos. Mesmo quando o dinheiro chega via governo federal, através do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte-Pronamp, garantidas pelo FGO. É preciso que eles entendam que esse financiamento acelera o fôlego das empresas que estão argoladas e na UTI lutando para continuarem vivas.

Anteriormente já tinha externado que o agronegócio iria salvar nesta fase atual a economia nacional. Para que a indústria volte a ser a aceleradora do PIB é importante traçar uma política industrial, em nível nacional, que abrace as micro e pequenas empresas, a base fabril brasileira. Elas são as mais prejudicadas no atual momento e grande parte delas encerrará suas atividades se não houver capital para movimentar suas máquinas, pagar a folha e as contas diárias.

Concordo integralmente com o presidente da CNI, Robson Braga, ao admitir que o governo terá papel fundamental para a retomada sustentável da economia. Ele sugere priorizar o reaquecimento do setor da construção civil, a atração de investimentos para infraestrutura, as concessões na área de transporte e a expansão do setor elétrico, segmentos que podem ajudar a mobilizar as cadeias produtivas e poderão preservar empregos.

As iniciativas do empresariado deverão ser analisadas pelos governos porque a crise não acaba em dezembro. Ela ainda vai demorar um pouco. Utilizar as ferramentas da inteligência empresarial é o melhor caminho para passar imune e permanecer intacto. As empresas vão ter que se reinventar para os novos tempos que se anunciam e devem estar preparadas para esse desafio.

É importante deixar claro que a parte mais assustadora está terminando seu ciclo. Precisamos agora de serenidade, de convergências com os Poderes e muita habilidade e esperança. Porque, diz o dito popular que a esperança e a confiança no futuro são os últimos sentimentos que podemos postergar.

* Presidente da Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (Fiema) e vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI)

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