Literatura

Poesia ancestral ao toque do tambor

Escritora carioca Sonia Rosa lança o livro infanto-juvenil "É o Tambor de Crioula", por meio do qual homenageia o ritmo ancestral e a comunidade quilombola Vila Fé em Deus, de Santa Rita

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19

SÃO LUÍS- Uma homenagem ao tambor de crioula é o que propõe a escritora carioca Sonia Rosa com o livro infanto-juvenil "É o Tambor de Crioula", por meio do qual ela transformou em poesia a riqueza cultural e a emoção vivida ao conhecer de perto o ritmo tocado pela comunidade quilombola Vila Fé em Deus, no município de Santa Rita.

A escritora ficou encantada com o colorido das saias rodadas e o batuque marcante dos tambores feitos de madeira e couro animal. Com ilustrações de Mariana Massarani, o livro está em pré-venda até dia 19 de julho. Sonia Rosa esteve no Maranhão para uma roda de conversa literária, mas foi muito além.

Ao se deparar com uma roda de tambor de crioula, ela bebeu na fonte da cultura ancestral que prevalece na comunidade quilombola Vila Fé em Deus, zona rural de Santa Rita. Filha de uma baiana, Sonia tem como marca de trabalho a valorização da cultura africana para a formação da identidade negra do povo brasileiro. O contato com a dança foi durante a inauguração de uma biblioteca em Santa Rita.

“Eu fiquei fascinada quando vi a apresentação da roda de tambor de crioula. Já conhecia por televisão, em outros estados, mas do Maranhão eu não conhecia. Os batuques mexem comigo. O tambor me afeta, me conecta com minha ancestralidade negra. Desde criança, tenho apreço pelo tambor. Ver como mulheres, crianças se envolviam com aquilo me deixou encantada”, relembra.

Capa do livro
Capa do livro

Convite

Depois da apresentação, a escritora recebeu um convite de uma das coureiras (mulheres que participam da roda da dança) para ver uma nova apresentação. Desta vez, só para ela. “Quando chegamos no terreiro, me deram uma saia. Fiquei um pouco assustada, com medo de não corresponder às expectativas, mas foi uma das maiores emoções da minha vida. Eu ria e chorava. Eu não sabia dançar o tambor de crioula, mas sei me conectar com o batuque do tambor. E eu fiz isso de corpo e alma, inteira", conta.

Ao retornar para o Rio de Janeiro, a primeira coisa que fez foi escrever sobre o que tinha vivido, não como uma documentação, mas como uma transcrição de uma experiência de vida. "Não é um tratado, um estudo. É um registro de sentimentos. É um poema. O livro 'É o Tambor de Crioula' é uma declaração de amor para o estado do Maranhão, para o município de Santa Rita e, especialmente, para a comunidade Vila Fé em Deus".

Sonia Rosa é escritora há mais de 20 anos. Com livros selecionados para compor bibliotecas de municípios por onde passa a Estrada de Ferro Carajás, recebeu o convite para participar da inauguração de uma biblioteca em Santa Rita (a 69 km de São Luís).

O projeto, desenvolvido pela Fundação Vale, tem como objetivo formar leitores nesses lugares, além de aguçar o gosto de crianças e jovens pelo mundo das letras. Por isso, com frequência autores de obras são convidados para um bate-papo com as comunidades beneficiadas pela iniciativa.

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