Covid-19

Estudo diz que Maranhão é risco médio para o novo coronavírus

Levantamento da consultoria aponta, no entanto, que o Brasil deve se manter ainda no platô atual

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
Estados como Amazonas, Pará, Ceará e Maranhão, que foram fortemente impactados no início, conseguiram reduzir consideravelmente o nível de contaminação
Estados como Amazonas, Pará, Ceará e Maranhão, que foram fortemente impactados no início, conseguiram reduzir consideravelmente o nível de contaminação (covid-19)

SÃO PAULO - Com medidas diferentes adotadas em cada estado, o Brasil vive hoje um cenário de platô da propagação da Covid-19. De acordo com um estudo exclusivo desenvolvido pela consultoria Bain & Company, pelo menos 14 unidades federativas convergiram para a "zona de risco controlado" nos últimos 30 dias, atingindo um nível de reprodução (R0) próximo a 1 e ocupação de UTIs entre 60 e 70%.

Estados como Amazonas, Pará, Ceará e Maranhão, que foram fortemente impactados no início, conseguiram reduzir consideravelmente o nível de contaminação sem grandes alterações de supressão e mitigação. Acredita-se que a imunidade por exposição de sua população, atingindo o nível de aproximadamente 20%, possa ter papel importante na situação destes estados.

Na comparação com a situação do final de maio, três estados passaram a figurar na lista considerada de alto risco: Minas Gerais, Mato Grosso e Acre. O Rio Grande do Norte já estava nessa posição e hoje possui a situação mais delicada, com 100% de ocupação dos leitos de UTI.

"As medidas isoladas tomadas pelos estados, com abertura e fechamento de atividades não essenciais, farão com que o país tenha um longo platô, muito diferente da curva de contágio em outros países. Nossa análise indica que, hoje, o que está parece estar reduzindo a taxa de contaminação na maioria das regiões é o percentual da população já infectada. Em alguns casos, parece que a partir de 15% das pessoas com contato com o vírus, o efeito da imunidade de rebanho já começa a ser sentido de forma relevante", explica Ricardo Gold, sócio e líder de Macro Trends Group South America da Bain.

Perspectivas para o Brasil

O estudo da Bain & Company aponta três possíveis cenários para a evolução da Covid nos diferentes estados brasileiros. No primeiro quadro, considerando um grande relaxamento das medidas de supressão, haveria um provável colapso no sistema de saúde. No segundo e mais provável cenário, ciclos controlados de abertura e supressão levariam ao platô e a contaminação desaceleraria quando o efeito da imunidade começasse a ser mais expressivo (15 a 20% de exposição). Já no terceiro cenário, com um plano robusto de mitigação da doença envolvendo testagem e rastreamento, seria possível notar uma desaceleração em semanas, possivelmente sem novos surtos. Nenhum cenário leva em conta o possível horizonte de desenvolvimento de um tratamento ou uma vacina.

Saiba Mais

Aprendizados da reabertura em outros países

Com medidas bem-sucedidas e regiões sendo capazes de controlar os níveis de contaminação, os países europeus e asiáticos começam a diminuir as restrições e a mobilidade começa, aos poucos, a retornar aos níveis anteriores.

A maioria das economias desenvolvidas está usando abordagens semelhantes para reabrir seus países. Gradualmente estão relaxando as medidas de supressão enquanto reforçam ações de mitigação. Com isso, ficam alguns aprendizados importantes para os países da América do Sul:

· Reabertura progressiva, onde setores com baixa exposição e alto impacto econômico, como locais de trabalho e industriais, são priorizados.

· Manutenção de medidas específicas de supressão de mobilidade: grandes eventos de entretenimento, como atividades culturais e esportivas, tiveram sua reabertura adiada e as fronteiras permanecem sob controle rígido.

· Reabertura geralmente regionalizada e baseada em uma cuidadosa avaliação de riscos.

· Grande nível de coordenação entre os governos locais e federal, que tem sido fundamental para o sucesso desse processo; os governos federais são responsáveis por definir a estratégia e as autoridades locais são responsáveis por detalhar e executar.

· Trânsito entre regiões de diferentes perfis de risco geralmente restrito.

· Existência de planos de emergência, que provaram ser essenciais para controlar novos surtos localizados (exemplo recente nos frigoríficos na Alemanha). A capacidade de escalar a testagem rapidamente em uma região e eventualmente bloquear bairros ou até cidades é um bom exemplo de tais planos.

· À medida que os países começaram a reabrir, eles gradualmente reforçaram seus esforços de mitigação: aumentando seus testes, rastreamento e isolamento

· Uma cultura de distanciamento social e uso obrigatório e amplo de máscaras é outro aspecto essencial do processo de reabertura dos países

Por outro lado, países como o Irã e alguns estados dos EUA tiveram problemas para desacelerar a curva após reduzir as medidas de supressão. Estas regiões abriram antes de ter a situação sob controle e não foram capazes de implantar ferramentas de mitigação com eficiência.

"Hoje o Brasil está em uma posição muito semelhante aos EUA e Irã, reduzindo as medidas de supressão sem controlar totalmente a doença e sem esforços reais de mitigação. A criação de um esforço coordenado de mitigação, pautado nos 3 pilares de teste, rastreamento e isolamento deve ser a prioridade número 1 para todos os Estados. Isso permitiria um processo de recuperação mais suave, com menos necessidade de mais uma rodada de fortes medidas de supressão", avalia Gold.

Impacto econômico nos setores

A crise atingiu os setores da economia em diferentes níveis. Turismo, transporte e armazenamento, manufatura e serviços foram imediatamente afetados, enquanto agricultura conseguiu manter previsões positivas. As empresas de serviços financeiros e mineração também devem ter menor impacto no resultado.

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Sobre a Bain & Company

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