Crítica

Dino aponta suspeita em críticas de Sergio Moro ao presidente Bolsonaro

Governador afirmou que o ex-ministro atacava o ex-presidente Lula na condição de juiz federal, e depois passou a criticar o presidente da República

Ronaldo Rocha/da Editoria de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
Flávio Dino, desde que Sergio Moro deixou o governo federal, não poupou críticas ao ex-ministro da Justiça
Flávio Dino, desde que Sergio Moro deixou o governo federal, não poupou críticas ao ex-ministro da Justiça (Flávio Dino)

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), tratou nas entrelinhas como suspeita a postura crítica adotada pelo ex-ministro da Justiça e ex-juiz federal, Sergio Moro, em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido).

Para o chefe do Executivo, o posicionamento de Moro ocorre somente depois de ele ter deixado o primeiro escalão do governo Bolsonaro. Ele disse que esse tipo de posicionamento de Moro, que sugere uma certa independência e desprendimento, “não vai colar”.

“Moro ataca Lula desde que era ‘juiz’. Espantoso é atacar Bolsonaro, de quem foi ‘superministro’. Não vai colar”, disse a um jornal do sul do país.

Desde a tramitação dos inquéritos da Lava Jato, da acusação, indiciamento e condenação de Lula, Dino levantou mantém uma rotina de questionamentos à atuação de Moro na esfera do Poder Judiciário e em seguida, na política.

Ilação

Em novembro de 2018, logo após Moro ter aceitado convite de Bolsonaro para integrar a sua equipe de Governo, Flávio Dino afirmou não ter se surpreendido. Ele disse que os dois já atuavam juntos antes da eleição do presidente da República.

“Sergio Moro aceitar o ministério de Bolsonaro é um ato de coerência. Eles estavam militando no mesmo projeto político: o da extrema-direita. O grave problema é esconder interesses eleitorais por baixo da toga. Não há caso similar no Direito no mundo inteiro”, disse.

Em 2019, Dino pediu o afastamento de Sergio Moro do cargo após vazamento ilegal de conversas entre o ministro e o procurador Deltan Dallagnol, chefe da força tarefa da Lava Jato.

“Quem instrumentalizou a Justiça Federal para fins eleitorais e partidários pode tentar fazer o mesmo com a Polícia Federal, agora sob o seu comando direto”, disse.

Na ocasião, ele afirmou que Moro orientou o Ministério Público Federal no curso de processo que tinha como alvo o ex-presidente Lula.

“Um juiz que orienta uma das partes no curso do processo é parcial e suspeito. Seus atos são nulos. Está na lei. E como repetiam nos processos em Curitiba ‘a lei é para todos’. Agora saberemos se as instituições estão funcionando”, enfatizou.

Governador elogiou Moro no início da Operação Lava Jato

Apesar de hoje criticar de forma assídua e até sistemática o ex-ministro da Justiça e ex-juiz federal Sergio Moro, o governador Flávio Dino já elogiou o ex-magistrado quando - em 2015 -, adversários políticos eram alvo da Lava Jato.

Na ocasião, o ex-ministro e ex-senador Edison Lobão era um dos alvos apontados pela imprensa. Meses depois, ele provou inocência.

Antes disso acontecer, contudo, Dino fez questão de destacar a trajetória de Moro na magistratura e a sua atuação técnica contra quaisquer dos investigados.

“Conheço o juiz Sérgio Moro, respeito muito sua trajetória e sua atuação em nome da probidade administrativa. Natural e democrático que acusados reajam a decisões que consideram injustas. Claro que não conheço todos os detalhes dos processos judiciais, mas à distância me parece que o juiz Moro tem feito um trabalho acertado e legitimado por critérios técnicos”, disse.

Meses depois, quando Lula passou a ser alvo da Lava Jato, Dino mudou a postura em relação a Moro e passou a atacar o então juiz federal.

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