Dados

Aumento de casos mantém alerta para ''segunda onda'' da Covid-19

Reaceleração estaria sendo provocada pela flexibilização das medidas de isolamento social, segundo estudo feito por pesquisadores da UFMA; números tiveram queda drástica, mas já crescem novamente

Nelson Melo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19

[e-s001]São Luís - O último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), na noite de terça-feira, 7, mostrou que houve quase 2 mil novos casos do novo coronavírus no Maranhão. Deste total, 1.683 ocorreram no interior e 154 na Grande Ilha. Em São Luís e nos demais municípios metropolitanos, semanalmente, está acontecendo um crescimento das notificações da Covid-19. Isso pode ser um reflexo da flexibilização das atividades comerciais, como está apurando um grupo de estudo da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Em outras palavras, seria uma reaceleração da transmissão.

Como explicou o professor doutor e médico epidemiologista Antônio Augusto de Moura da Silva, do Departamento de Saúde Pública da UFMA, desde a última semana, está acontecendo essa reaceleração da transmissão do novo coronavírus na Grande Ilha. Isso pode ser notado no gráfico dos novos casos, quando já houve um período no qual foram notificados 2 mil casos semanais. Esse número caiu para 400, mas, agora, voltou a aumentar, alcançando até 700 em uma semana em São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa.

Esse aumento também pode ser verificado no Número Reprodutivo Efetivo (Rt), que determina o potencial de propagação de um vírus em algumas condições. Esse índice está novamente subindo na Ilha desde o dia 19 de junho, de acordo com o professor Antônio Augusto. No dia 29 de junho, estava bem próximo de 1. Desde a semana passada, esteve acima de 1, o que indica uma reaceleração da transmissão. “Já teve um momento em que chegou a 0,6, ou seja, abaixo de 1, que é o recomendado para controlar a disseminação de um patógeno. Isso vem aumentando gradativamente”, declarou o docente.

Para o autor do estudo, essa reaceleração aconteceu mais ou menos entre quatro a cinco semanas após o início da reabertura dos comércios, quando houve a flexibilização do isolamento social. Isso mostra que essa “segunda onda” seria um reflexo dessa redução das medidas de prevenção. Ele explicou que, na época do lockdown ou bloqueio total – que foi implementado em São Luís entre os dias 5 e 17 de maio -, houve um percentual aproximado de 55% de pessoas que ficaram em casa na Grande Ilha. Atualmente, esse índice está entre 35% a 40%.

Consequências da reaceleração
“Essa reaceleração da transmissão deve estar acontecendo porque muitas pessoas começaram a achar que o novo coronavírus já havia sido vencido e que a vida então voltou ao normal. Ou seja, foram às praias, aos bares, às ruas, e muitas sem máscaras, descuidando dessa medida de proteção fundamental”, comentou Antônio Augusto de Moura da Silva. O professor da UFMA analisou que, se isso continuar acontecendo, existe o risco de ocorrer um aumento da taxa de ocupação dos leitos de UTI na Ilha daqui a quatro ou seis semanas.

Outra consequência, na opinião do professor, é o aumento do número de internações decorrentes da Covid-19. O que pode ser feito para impedir isso são as medidas básicas, como o uso de máscaras, o isolamento domiciliar, a higiene das mãos e o distanciamento físico mínimo de 1,5 metros, como o médico epidemiologista observou. Sobre esse assunto, Antônio Augusto fará uma live em seu Instagram, nesta quinta-feira, 9, às 18h, para comentar acerca da elevação da transmissão do novo coronavírus na capital maranhense.

O estudo promovido pelo professor Antônio Augusto de Moura da Silva é feito pelo Grupo de Modelagem da Covid-19 da UFMA, que foi montado há pouco mais de um mês, para acompanhar a epidemiologia do novo coronavírus. O intuito da equipe é informar a população acerca do que está acontecendo, a partir de dados concretos, que são verificados com todo rigor científico e empírico possível, de tal maneira que não distorça a realidade, segundo o médico epidemiologista.

Os envolvidos no estudo são docentes e alunos, que se reúnem entre duas a três vezes por semana, de maneira virtual, para promover os debates e levantar hipóteses.

[e-s001]Flexibilização precoce
Na opinião do Grupo de Modelagem da UFMA, a flexibilização das atividades comerciais no Maranhão ocorreu de maneira precoce, pois não obedeceu aos critérios estabelecidos e recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Dentre esses aspectos, o médico epidemiologista mencionou dois: redução continuada da incidência de casos e do número de mortes decorrentes da Covid-19, por um período prolongado de duas a três semanas; e a taxa de ocupação dos leitos como sendo inferior a 70%.

Esses pontos, como o professor Antônio Augusto frisou, não estavam atendidos para que a reabertura do comércio pudesse ser iniciada. Inclusive, a taxa de letalidade da Covid-19 no Maranhão já está em 2,48%, conforme levantamento da SES. Esse índice representa a gravidade da doença em um contexto particular, por um determinado período, com relação a uma população analisada.

NÚMEROS

154 novos casos na Grande Ilha
1.683 novos casos no interior maranhense
2,48% é a taxa de letalidade no Maranhão

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.