Reservatório

Batatã está no nível máximo, garantia de abastecimento na estiagem

Período chuvoso ampliou recarga do aquífero subterrâneo; reservatório está com volume que não alcançava há 10 anos

Nelson Melo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
Em sua capacidade máxima, como não era visto há pelo menos 10 anos, Reservatório do Batatã será útil durante a estiagem
Em sua capacidade máxima, como não era visto há pelo menos 10 anos, Reservatório do Batatã será útil durante a estiagem (Batatã)

São Luís - A estação chuvosa no Maranhão está sendo encerrada, conforme anunciado pelo Laboratório de Meteorologia (Labmet), do Núcleo Geoambiental da Universidade Estadual do Maranhão (Uema). Em julho, está ocorrendo a transição para o período seco. Em época de estiagem, fenômeno climático que tem como principal consequência a falta de chuva por períodos prolongados, uma das preocupações é o abastecimento nos bairros. Porém, segundo a Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema), o nível máximo do Reservatório do Batatã vai garantir condições de atender bem nos próximos meses.

De acordo com informações da Caema, foi registrado um inverno generoso, que ampliou a recarga do aquífero subterrâneo. Isso teve como consequência o volume máximo no Reservatório do Batatã, localizada dentro do Parque Estadual do Bacanga (PEB), na capital maranhense. Como observou o órgão do Governo do Estado, esse fato não ocorria nos últimos dez anos. Por este motivo, a previsão, diante desse cenário, é que não aconteçam problemas no abastecimento na estiagem, que afeta, além do fluxo dos rios, a produtividade na agropecuária.

Segundo a Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão, durante esse período, o órgão manterá a oferta e ampliará as ações de combate ao desperdício no Sistema de Distribuição. “A Companhia, entretanto, ressalta que o uso inteligente e racional da água é crucial para que o estado atravesse o período de estiagem sem maiores problemas”, informou a Caema.

A previsão da Caema gira em torno do nível máximo do Reservatório do Batatã, mas nem sempre foi assim. Em 2015, por exemplo, ocorreu um dos períodos mais críticos, quando a barragem operou com menos de 1% de sua capacidade, ou seja, em 2,5 metros. Isso significa que ficou abaixo da Base da Sapata, ponto que tem início a medição do nível d’água. Apesar das chuvas de março naquela época, a situação não melhorou. Antes disso, a média ficava em torno de 5 metros.

Em dezembro de 2015, o Batatã operou em menos de 5%. No primeiro semestre de 2016, houve um aumento para 20%. Mas, naquele ano, o reservatório ficou inativo durante nove meses.

Volume do Batatã
Como resultado das precipitações pluviométricas, o Reservatório do Batatã está, atualmente, em seu volume máximo, ou seja, está cheio, como verificou O Estado. Na prática, isso representa um nível aproximado de 8 metros, que é considerado o ideal para suprir a necessidade dos bairros que abastece, dentre eles o Centro, Liberdade, Madre Deus, Liberdade e Fé em Deus. Importante dizer que, desde 2005, o reservatório não conseguia atingir seu nível máximo de capacidade.

Além das chuvas que caíram neste ano, água oriunda do Rio da Prata também estaria contribuindo para essa capacidade. No reservatório, impressiona o volume de água, que, pelo aspecto, mostra que o local está profundo, diferentemente de outros anos, quando o nível ficou crítico, isto é, raso, operando com menos de 1% de sua capacidade, que é de 4,6 milhões de metros cúbicos de água.

A estrutura está em pleno vapor, com captação de água para a Estação de Tratamento de Água (ETA), para abastecimento de uso doméstico de uma parte considerável da cidade.

Reservatório do Batatã
Localizado na porção Noroeste do Maranhão, o reservatório é responsável pelo abastecimento de 150 bairros da capital maranhense. Compõe o Sistema Sacavém, que, juntamente com o Sistema Paciência I e II, sistemas de poços isolados e o Sistema Italuís, representa o modelo de águas superficiais e subterrâneas. Do Igarapé Mãe Isabel, onde é feita a captação para a Estação de Tratamento de Água, o líquido é conduzido até as casas.

O Batatã foi construído em 1964 pelo Departamento Nacional de Obras e Saneamento (DNOS), em uma área de cota altimétrica de 15 metros, área de acumulação de água, a partir dos tabuleiros de aproximadamente 60 metros. Tem comprimento de 485 metros e altura máxima de 17 metros. Isso possibilita uma acumulação de água de 4.600.000 m³. A captação de água do reservatório instalada tem capacidade para retirar até 283 litros/segundo no período chuvoso, e em média 52,5 litros/segundo na estiagem.

O Reservatório do Batatã situa-se na zona de uso extensivo do Parque Estadual do Bacanga, com vegetação de capoeira de média a alta, principalmente em torno do reservatório. Nas imediações, foram construídas invasões, como o Recanto Verde, que fica na área da Vila Itamar. De acordo com estudos acadêmicos, nos últimos 30 anos foram desativados o sistema do Rio Maracanã, que captava água para a Barragem do Batatã; o sistema do Olho d’Água e a antiga Barragem do São Raimundo.

Período de estiagem
A estiagem é o resultado da redução, atraso ou ausência de chuvas em uma determinada região do planeta, quando são previstas para uma temporada do ano. Nessa época, o ar fica mais seco, o que propicia problemas respiratórios, gripes e alergias em várias pessoas. É comum o racionamento de água devido à diminuição nos reservatórios e rios. Para muitos especialistas, esse fenômeno pode ser definido como uma versão moderada da seca, considerada mais grave, ou seja, uma versão crônica da estiagem.

O fato é que ocorrem escassez de água potável. Nesse período do ano, o risco de incêndios florestais é grande. De acordo com informações do Corpo de Bombeiros Militar (CBMMA), 95% das ocorrências de incêndios em vegetação no estado se concentram no período da estiagem.

SAIBA MAIS

Problemas no Maranhão

Como consta no portal da Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil do Maranhão (CEPDECMA), desde o ano de 2012, a estiagem tem sido o desastre de maior recorrência no estado. Naquele ano, foram registradas 87 decretações de situação de emergência (32 por decretação municipal e 55 por decretação estadual). Já em 2013, foram 83 (9 por decretação municipal e 74 por decretação estadual). Por sua vez, em 2014, ocorreram 20. Em 2015, foi montado um cronograma de cursos de capacitação para os municípios maranhenses, por meio do qual foram abordados vários temas de Proteção e Defesa Civil, principalmente sobre a possibilidade da estiagem e como proceder com a decretação de Situação de Emergência ou Estado de Calamidade Pública, quando for o caso. Devido ao problema, é realizada a “Operação Carro-Pipa”, em cidades do estado afetadas pelo fenômeno climático.

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