Artigo

O pulso ainda pulsa

Luiz Thadeu Nunes e Silva, Engenheiro agrônomo e viajante, já visitou 143 países em todos os continentes

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19

Aos trancos e barrancos vencemos o primeiro semestre de 2020, um ano bissexto, que começou não faz muito tempo, há seis meses, mas parece que foi no século passado, diante de tantos acontecimentos. Nossa preocupação no réveillon passado era escolher roupas e adereços para celebramos a chegada de um ano novo, na esperança de dias melhores.

“Uso branco, da paz; amarelo da prosperidade; ou vermelho da paixão?”, estávamos indecisos entre a paleta de cores. A indecisão da escolha era tão somente para cultivarmos tradições, superstições e crendices, na esperança de dias melhores. Hoje, adicionamos uma peça nova à nossa indumentária, a máscara, essa de proteção contra o vírus.

Quem poderia imaginar, que viveríamos o quê estamos vivendo e vivenciando? Alguém, em sã consciência, poderia, mesmo aqueles que gostam de ficção, imaginar algo tão surreal? Todos com medo, e sem saber como tudo isso vai acabar.

Nossas vidas mudaram de rumo e saíram do plumo em tão pouco tempo, tudo por causa de um ser invisível, nocivo e letal, que saiu do “fiofó” de morcegos em uma feira livre na região de Wuhan, na China, atravessou oceanos, e chegou até nós, gerando essa catástrofe toda.

Estamos presos em nossas casas; acuados, medrosos, e somente o coronavírus viajando pelo mundo, livre, leve e solto a dizimar pessoas e fazer estragos.

Aprendemos termos novos, que hoje fazem parte do nosso vocabulário do dia-a-dia, e dentre eles, “o novo normal”.

Nos tornamos ameaças uns aos outros: não podemos dar ou receber um abraço, ou simples aperto de mãos. Isolados em nossas casas, uma simples ida ao supermercado se tornou um ato de transgressão, desobediência civil. Até as praias ficaram proibidas.

Fomos apresentados ao lockdown, que veio por decreto para ficarmos em nossas casas, e nisto a Ilha rebelde foi vanguarda no Brasil, com o intuito de achatarmos a curva crescente da pandemia. “Somos índios”, como me disse, por telefone, minha amiga Milaid Gomes Nicolau, muitos teimaram em andar pelas ruas, só para ser do contra. É de nossa natureza, é cultural, temos fetiche em burlarmos as leis.

Descobrimos as lives, em que acompanhamos shows, palestras, reuniões, missas e até sepultamento pelas telas do computador, dos IPads, e smartphones. Deixamos de visitar nossos enfermos, aniversariantes, velórios, viramos “leprosos”, com medo do próximo.

Meu filho, Rodrigo, viajou em março para a Colômbia, juntamente com a noiva, Ana Paula. Após um tempo sentiu alguns sintomas que poderiam caracterizar a Covid-19. Durante 11 dias ficou isolado, trancado em um quarto, recebendo alimentos e objetos à distância, tudo asséptico, com os trabalhos redobrados da mãe. Dias tensos, mas os exames deram negativos, e a vida voltou ao “novo normal”.

Agora, vamos para a outra metade de 2020, todos perdidos e perplexos, no mundo todo, em meio à discussão se se flexibiliza ou não o comércio, multa para os que teimam em não usar máscara, e os índios a inundarem as ruas. Coisa difícil é lidar com gente, ainda mais na pandemia.

Um ano que começou com a cerveja Backer, de Belo Horizonte, matando pessoas e deixando outras inválidas, pelo simples prazer de beber uma gelada. Definitivamente 2020 não é um ano bom. Ainda temos pela frente, nuvem de gafanhotos e poeira do Saara. Viver não estar sendo fácil.

Como diz minha querida irmã Rita de Cássia, observadora do cotidiano e filosofa do dia-a-dia: “A meta é estar viva no dia 2 de novembro”.

O pulso ainda pulsa, vamos que vamos, e que Papai do Céu, em sua infinita bondade, nos abençoe e nos proteja de todos os males.

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