João Henrique Silva Machado de Carvalho/Motorista de ambulância

Trabalho, envolvimento e solidariedade na pandemia

Ele tem o primeiro contato com os pacientes acometidos por coronavírus e precisa ser ágil e cauteloso para proteger sua vida e salvar outras

Evandro Júnior/Da equipe de O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
João Henrique a bordo da ambulância
João Henrique a bordo da ambulância (Motorista de ambulância João Henrique Silva Machado de Carvalho)

SÃO LUÍS-

A pandemia do novo coronavírus revelou a força de muitos guerreiros incansáveis e destemidos. Um deles é o maranhense João Henrique Silva Machado de Carvalho, 56, que há dez anos trabalha como motorista de ambulância. Há cinco, ele atua transportando pacientes da UPA Vila Luizão, sendo que o trabalho triplicou há três meses, quando os primeiros casos de Covid-19 começaram a aparecer em São Luís.

João Henrique, como é motorista, é também, ao lado dos profissionais da saúde, o primeiro a ter contato com os pacientes. Logo, sua missão é de fundamental importância. “Precisamos agir com profissionalismo e agilidade para não perdermos tempo. Nesses casos, minutos fazem muita diferença. Precisamos, também, ter calma e estar centrados no que estamos fazendo”, afirma.

O motorista de ambulância, assim como todos os seus colegas de profissão, está seguindo todas as regras de prevenção exigidas e, por isso, não contraiu a doença. “Seguimos uma rotina marcada pela repetição no que diz respeito ao uso de equipamentos de segurança e na relação com a ambulância e os pacientes. Roupas especiais, máscaras, toucas, óculos, protetores faciais, propés, luvas e por aí vai. São diversos itens de suma importância para garantir a nossa proteção e a das pessoas com as quais temos contato, pois ajudamos a equipe”, explica.

Rotina - Marido de Wilmarlete de Carvalho e pai de Joana, João Henrique e de outros três filhos que residem em Teresina (PI), o motorista teve de mudar completamente sua rotina, no trabalho e em casa. “Quando chegamos a bordo da ambulância com o paciente, este é levado rapidamente para o leito, às vezes com a nossa ajuda, e a ambulância começa a ser higienizada. Antes de entrarmos novamente no veículo, com os socorristas, tomamos banho e trocamos de roupa. Aí começa tudo de novo”, detalha.

Na volta para casa, João Henrique toma banho no quintal e, em seguida, passa álcool em todas as superfícies onde tocou. “Limpo maçanetas das portas, armários, chaves e tudo que preciso tocar”, conta.

Desde o início da pandemia, o motorista nunca sentiu nada, sendo um dos poucos funcionários da unidade que conseguiram atravessar incólume a fase crítica. “Muitos foram afastados do trabalho, outros tiveram sintomas mais leves e, assim, seguimos nesta batalha pela vida”, diz ele, que chegou a trabalhar em duas escalas, devido à falta de motoristas, pois muitos ficaram doentes.

Dedicado ao trabalho, o motorista revela que sentiu medo. “Medo a gente sente, mas faz o transporte seguro. Minha maior preocupação é a minha família. Por isso, sigo à risca todas as medidas. O medo veio logo no começo, mas depois fui perdendo. O sentimento de ajudar o próximo falou mais alto, pois nós acabamos nos envolvendo nos casos. Naquele momento, o paciente fica sem família e, muitas das vezes, precisei fazer esse papel, como se fosse um parente”, finaliza.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.