Coluna do Sarney

Norte-Sul chega a São Paulo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19

Mais uma vez escrevo sobre a Norte-Sul, a estrada de ferro que eu lancei como presidente da República e que naquela época foi combatida de toda maneira, chamada de, como foi a Belém- Brasília, estrada das onças - que ligava o nada a coisa nenhuma -, mas com o passar dos anos fez todos os
críticos morderem a língua e pedir desculpas, desfazendo as críticas. E a Norte-Sul fez parte dos programas de todos os governos que me sucederam.

Ainda consegui fazer o trecho Itaqui-Estreito, a ponte sobre o Rio Tocantins, e um trecho no estado de Goiás - onde, em Janaúba, presidi ao início das obras. Meu desejo era deixá-la concluída até o fim do meu mandato, mas o combate foi tão violento que não consegui avançar.

A Norte-Sul colocou o modelo ferroviário concorrendo com o rodoviário, o predominante no país - e daí surgiu a grande resistência. As estradas de ferro foram a grande alavanca do comércio e do desenvolvimento no século XIX e, em grande parte do mundo, acompanharam a modernização da logística e continuam sendo o principal eixo em muitos dos maiores países. Nós chegamos a ter 40 mil quilômetros de ferrovias; quando assumi, apenas 10% desses estavam modernizados - muitos tinham simplesmente sido abandonados. Os trens modernos mantêm a vanguarda no transporte de passageiros, com os trens de grande velocidade imbatíveis em médias distâncias pois, param nos centros urbanos, evitando os longos deslocamentos até os aeroportos; por outro lado as alternativas de carga intermodal oferecem trunfos extraordinários nos custos de produção- lembrando ainda a importância
na proteção do meio-ambiente, pois concorre com poluidores intensivos, como aviões, caminhões e automóveis.

O projeto era traçado da Norte-Sul cortando o Brasil e o integrando de Sul a Norte. Ela seria complementada por outra de Oeste a Leste, saindo de Cuiabá, interligando-se com a rede paulista até Santos, que já existe, e uma terceira, a Transnordestina, ligando o Brasil Central até o litoral da Bahia. A Norte-Sul vai do Itaqui até Brasília, aí interliga-se com a Rede Ferroviária Sul e vai até Santos.

Assim, o Itaqui passa a ser o grande porto do Brasil Central e São Luís se torna o escoadouro natural de grande parte da produção de cereais e o remetente de combustíveis para a produção do Planalto Central, Mato Grosso e Goiás. No futuro o Itaqui será um dos maiores portos do mundo.

A Norte-Sul está pronta e já traz carga dessa região para embarcar no Itaqui. Falta agora só aparelhá-la com infraestrutura e logística. Mas o anúncio
de sua chegada a São Paulo significa que a interligação planejada está feita, o sonho realizado.

O Maranhão vislumbra assim o que sempre pensei: em torno de um grande porto se estabelece uma grande civilização.

O Maranhão tem a sua vocação encontrada. Depois virão o gás, Alcântara e a frente agrícola que vem de Balsas, a qual nos tornará também um grande produtor de cereais.

PS: Publicado originalmente em O Estado do Maranhão e no site josesarney.org

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.