Coronavírus

Testes rápidos são realizados para pesquisa em cidades do MA

Foram selecionados para a 3ª fase do estudo da Universidade Federal de Pelotas, os municípios de São Luís, Presidente Dutra, Bacabal, Caxias e Imperatriz

Nelson Melo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
Pesquisa, em sua terceira etapa, é considerada a maior do mundo para verificar a prevalência da doença
Pesquisa, em sua terceira etapa, é considerada a maior do mundo para verificar a prevalência da doença (teste)

SÃO LUÍS - A Universidade Federal de Pelotas (UFPel), no Rio Grande do Sul, iniciou a terceira etapa da “Epicovid-19”, estudo nacional que estima a proporção de casos de infecção pelo novo coronavírus no Brasil. Com financiamento do Ministério da Saúde (MS), o levantamento populacional é considerado o maior do mundo para verificar a prevalência da doença. Nessa nova fase, cinco cidades do Maranhão foram selecionadas para a aplicação de testes rápidos, que utiliza metodologia por punção digital. Dentre os municípios escolhidos, está São Luís, capital do estado.

Além de São Luís, também foram selecionadas as cidades maranhenses de Presidente Dutra, Bacabal, Caxias e Imperatriz. O estudo nacional está sendo realizado em todas as regiões brasileiras. No total, 133 municípios participarão da pesquisa, que é feita em parceria com o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) Inteligência. Os testes rápidos para detectar Covid-19 nas pessoas foi iniciado nesse domingo, 21, e se estenderão até esta terça-feira, 23.

Caso o número mínimo de entrevistas não seja realizado neste período, o estudo será prorrogado, ou seja, também ocorrerá nos dias 24 e 25 de junho.

Levantamento
O levantamento é realizado por meio da aplicação de um questionário sobre a existência de doenças preexistentes e alguns sintomas característicos da Covid-19. Os pesquisadores do Ibope Inteligência estão devidamente identificados por crachá e portando Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como máscara, luvas, toucas, aventais, sapatilhas e óculos de proteção. Todos eles passam por testagem contra o novo coronavírus antes e durante o tempo de permanência na cidade selecionada para a “Epicovid-19”.

Nesse caso, quem obtivesse resultado positivo para a doença não poderia realizar a pesquisa. Aos participantes, o Ibope Inteligência dará um folheto explicativo sobre o estudo. Os moradores entrevistados serão submetidos a exame do teste rápido, que consiste na coleta de uma gota de sangue da ponta do dedo. O resultado do procedimento é emitido em aproximadamente 15 minutos. Importante dizer que a “Epicovid-19” inclui a cidade mais populosa de cada uma das 133 sub-regiões definidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Sem isolamento
Recentemente, a “Epicovid-19” concluiu um estudo sobre o respeito às medidas de distanciamento social. Esse descumprimento das medidas de contenção referentes ao confinamento colocou o Maranhão na penúltima posição, segundo as entrevistas feitas pela Universidade Federal de Pelotas. A coleta de dados ocorreu entre os dias 14 e 21 de maio. O resultado mostrou que somente 47,2% da população maranhense entrevistada cumprem as medidas de isolamento social. O estado perdeu apenas para Alagoas.

Em Alagoas, como mostrou a pesquisa, 46,8% dos entrevistados respeitam o isolamento, quarentena, lockdown ou outra forma de afastamento das pessoas, para evitar a propagação do novo coronavírus. Imediatamente à frente do Maranhão aparece Roraima, com uma porcentagem de 47,3%.

Segundo os pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas, esses dados se referem à proporção das pessoas que relataram ficar em casa o tempo todo ou sair somente para as atividades essenciais. O resultado foi possível após entrevistas, em cada estado, e foi obtido por meio das respostas dos participantes aos questionários aplicados. Santa Catarina foi classificada como a unidade federativa que mais cumpre o distanciamento social, com 69%. Na sequência, vêm Rio de Janeiro, com 68,3%, e Rio Grande do Sul, com 67%.

SAIBA MAIS

Entrevistados no Maranhão

Convém ressaltar que, segundo ressaltado pelos pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas, apenas no Acre, Amapá, Sergipe e Amazonas, foram concluídas 100% das entrevistas previstas. No Maranhão, foram realizados 71,5% dos testes. “Os principais motivos pelos quais não foi possível completar 200 entrevistas em 43 das 133 cidades incluíram medidas de lockdown, que restringiram a circulação dos pesquisadores, fake news sobre os objetivos da pesquisa, e dificuldades na coordenação e comunicação entre autoridades federais, estaduais e municipais”, destacaram os envolvidos no estudo.

O “Epicovid-19” observou que a Região Nordeste foi aquela com menos percentual de entrevistados, representando 63%. O Sul teve a maior taxa, com 97%. Na sequência, aparecem o Norte, com 92%; Sudeste, com 71%; e Centro-Oeste, com 66%.

Sobre a pesquisa

O “Epicovid-19”, durante sua primeira fase, trouxe resultados inéditos e preocupantes. Os pesquisadores fizeram as entrevistas, em 133 cidades espalhadas em todos os estados do Brasil, durante uma semana. Em 90 municípios, incluindo 21 das 27 capitais, foi possível testar pelo menos 200 pessoas selecionadas por sorteio. No conjunto dessas regiões, a proporção de pessoas com anticorpos, que significa que já tiveram ou têm o coronavírus, foi estimada em 1,4%, podendo variar de 1,3% a 1,6% pela margem de erro do estudo, considerado sobre o coronavírus no País.

Coordenado pelo Centro de Pesquisas Epidemiológicas da UFPel, o estudo é financiado e apoiado pelo Ministério da Saúde, mas com o apoio da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), da Pastoral da Criança e do Instituto Serrapilheira. De acordo com os envolvidos na pesquisa, os resultados dessas 90 cidades não devem ser extrapolados para todo o País, nem usados para estimar o número absoluto de casos no Brasil, pois são municípios populosos, com circulação intensa de pessoas e que concentram serviços de saúde.

“Não é por acaso que o logotipo do Epicovid-19 remete a um iceberg. Os casos confirmados, que aparecem nas estatísticas oficiais, representam apenas a ponta visível de um iceberg cuja maior parte está submersa. Para conhecer a magnitude real do coronavírus, é obrigatória a realização de pesquisas populacionais”, frisam os pesquisadores. Eles destacam que, de cada 7 pessoas com a doença, apenas uma sabe que está ou esteve infectada.

Isso é preocupante, tendo em vista que as demais 6 pessoas que não sabem da infecção podem, involuntariamente, transmitir o vírus para outras.

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