Doença

Em meio a pandemia de Covid-19, estado tem 19 casos de sarampo

Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou que todas essas situações ocorreram no interior maranhense; no ano passado, foram registrados nove casos confirmados da doença

Nelson Melo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
Já são 19 casos de sarampo registrados no interior do Maranhão
Já são 19 casos de sarampo registrados no interior do Maranhão (Sarampo)

São Luís - A grande preocupação no momento é a Covid-19, que se originou na China, no continente asiático, no segundo semestre de 2019, e se alastrou pelo mundo até chegar ao Brasil, onde já causou mais de 46 mil óbitos, até agora. No entanto, outras doenças continuam atingindo a população, apesar de ofuscadas pelo novo coronavírus, como o sarampo, enfermidade infecciosa grave, causada por um vírus, que pode ser fatal. Sua transmissão ocorre por meio da tosse, espirro ou respiração. No Maranhão, já há 19 casos confirmados este ano.

Como explicou a Secretaria de Estado da Saúde (SES), com relação a esses casos confirmados ocorridos no Maranhão em 2020, todos foram registrados no interior. Do total, 18 aconteceram na cidade de Carutapera e um no município de Bom Jesus das Selvas. Apesar da quantidade elevada de notificações, ainda não houve óbitos. O órgão estadual pontuou que, no ano passado, houve nove casos positivos comprovados pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Maranhão (Lacen/MA).

Assim como neste ano, em 2019 não foram registradas mortes decorrentes do sarampo no Maranhão, segundo informado pela SES.

Medidas de prevenção
Ainda sobre a doença, a Secretaria de Estado da Saúde comunicou que, dentre as medidas tomadas para conter o sarampo no território maranhense, está mantendo a capacitação de profissionais, por meio de ferramentas virtuais, além de efetuar a dispensação da vacina e insumos para as Unidades Regionais de Saúde. Esse procedimento está seguindo um cronograma previsto pelo Ministério da Saúde (MS), que, no início deste ano, realizou uma campanha de imunização para pessoas de 5 a 19 anos em todo o Brasil.

“Por fim, a Secretaria esclarece que embora o Estado desenvolva atividades complementares de vacinação, esta não deve ser substituída pela ação municipal. Deste modo, a SES tem recomendado o reforço da vacinação de rotina nas unidades básicas de saúde”, enfatizou o órgão estadual.

SAIBA MAIS

Campanha federal

A campanha contra o sarampo, que teve como público a faixa etária dos 5 aos 19 anos, foi iniciada no dia 10 de fevereiro e se estendeu até o dia 13 de março, em todas as unidades federativas do Brasil, conforme cronograma estabelecido pelo Ministério da Saúde. Em 2019, também houve imunização no país, no segundo semestre, para prevenir a doença, que não tem um tratamento específico, embora os medicamentos sejam utilizados apenas para reduzir o desconforto provocado pelos sintomas.

Na terceira etapa da campanha de imunização contra o sarampo, o objetivo era vacinar 3 milhões de pessoas dos 5 aos 19 anos no Brasil, segundo estimativa do Ministério da Saúde. A imunização ocorreu em 42 mil postos de saúde do país. Para viabilizar a iniciativa, além das demandas de rotina, o órgão federal enviou 3,9 milhões de doses, ou seja, 9% a mais que o solicitado pelos estados, para combater a doença, que tem as crianças como as mais suscetíveis às complicações.

Desde agosto de 2019, o Ministério da Saúde passou a adotar, como medida preventiva, a chamada ‘dose zero’. Assim, todas as crianças de seis meses a menores de 1 ano devem ser vacinadas contra o sarampo. Basta que os responsáveis procurem os postos de saúde durante o ano. Esta dose não é considerada válida para fins do Calendário Nacional de Vacinação, devendo ser agendada, a partir dos 12 meses (1ª dose), a vacina tríplice viral; e, aos 15 meses (2ª dose), a vacina tetra viral ou tríplice viral mais varicela, respeitando o intervalo de 30 dias entre as doses.

Casos em 2019

No Maranhão, nove casos foram confirmados em 2019, mas sem registros de óbitos, como foi observado pela Secretaria de Estado da Saúde. As duas últimas situações aconteceram em dezembro. Antes desses casos, o surto afetou uma criança de um ano, do município de Lima Campos, e um homem, de 32 anos, vindo de São Paulo, em visita à família em Pedreiras. Nesses dois episódios, as pessoas não eram vacinadas.

Os quatro casos anteriores foram registrados nos municípios de Vitorino Freire, onde uma mulher de 40 anos, vinda de São Paulo, contraiu a doença; em Lago da Pedra - um bebê de oito meses; em São Luís - um homem de 33 anos, vindo de Santos (SP), e em Caxias - uma criança, de sete meses. Em todos os casos, a Vigilância Epidemiológica dos municípios realizou as ações de bloqueio, com imunização dos contatos diretos.

Vacinação em dia

Preocupados com a queda na procura aos postos de saúde para receber a vacina contra o sarampo durante a pandemia da Covid-19, a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a Sociedade Brasileira de Pedriatria (SBP) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) criaram uma cartilha digital, com o tema "O que muda na rotina das imunizações", dentro da campanha “Vacinação em dia, mesmo na pandemia”. O documento é destinado à população e aos profissionais da saúde.

O objetivo da campanha é mostrar ao público a importância de não postergar a vacinação, incluindo a do sarampo, por causa do novo coronavírus. De acordo com a cartilha, que foi lançada no último dia 13 de junho, interromper a imunização rotineira, em especial de crianças menores de 5 anos, gestantes e outros grupos de risco, bem como as estratégias de seguimento e contenção de surtos, pode levar ao aumento de casos de doenças imunopreveníveis e ao retrocesso nas conquistas.

No curto, médio e longo prazo, as consequências dessa perda para as crianças podem ser mais graves do que as causadas pela Covid-19, como destacam os organizadores da cartilha. “Quando os sistemas de saúde estão sobrecarregados, aumentam de forma significativa tanto a mortalidade direta causada pela pandemia, como a mortalidade indireta causada pelas doenças imunopreveníveis e tratáveis”, pontuam o Unicef, a SBIm e a SBP no documento, que está disponível para download no site da Sociedade Brasileira de Imunizações.

Devido à Covid-19, mais de 117 milhões de crianças de 37 países podem deixar de receber a vacina que protege do sarampo, como alertam o Unicef e a Organização Mundial da Saúde (OMS), dentre outras instituições. Campanhas de vacinação contra a doença, inclusive, já foram adiadas em 24 países, o que representa um risco ainda maior de continuidade dos surtos. Por este motivo, a Iniciativa contra o Sarampo e a Rubéola (M&RI) destaca a importância de se proteger as comunidades e os profissionais de saúde do novo coronavírus, mas adverte que esforços urgentes devem ser empreendidos o mais rápido possível nos níveis local, regional, nacional e global, para garantir que as vacinas estejam disponíveis.

Portanto, deve ser mantido mesmo durante a pandemia. Os organizadores da cartilha observam que, até maio deste ano, 19 estados brasileiros registravam circulação ativa do vírus do sarampo, destacando-se o Pará, que concentra 40,9% dos casos confirmados e a maior incidência dentre as Unidades da Federação (23,1/100.000 habitantes). No País, a faixa etária de 20 a 29 anos apresenta o maior número de infecções. Todavia, a maior taxa de incidência está entre os menores de 5 anos (13,1/100.000 habitantes), especialmente no primeiro ano de vida.

Conforme a OMS, em 2018, o sarampo – doença imunoprevenível e altamente contagiosa – infectou quase 10 milhões de pessoas e matou mais de 140 mil em todo o mundo, a maioria crianças menores de 5 anos. Sendo assim, vacinações contra sarampo e febre amarela devem ser intensificadas nos estados que registram circulação ativa dos vírus, contemplando estratégias para evitar aglomerações e outras medidas de proteção da comunidade e dos profissionais da saúde, respeitando as medidas de distanciamento social, para evitar aglomerações.

“A vacinação é uma das prioridades em saúde pública e deve ser mantida, sempre que possível, com a adoção de estratégias adaptadas às realidades locais. Tais estratégias devem preservar a segurança dos profissionais da saúde, da comunidade e cuidadores, e se enquadrar nas regras de distanciamento social definidas para cada período da pandemia”, ressaltam na cartilha. Os fatores locais que devem ser levados em consideração são: carga das doenças imunopreveníveis, contexto da transmissão da Covid-19, dados demográficos e disponibilidade de vacinas e insumos, e capacidade de pessoal e da estrutura do serviço de vacinação.

Perda de anticorpos

Segundo o Ministério da Saúde, os principais sintomas do sarampo são febre acompanhada de tosse, irritação nos olhos, nariz escorrendo ou entupido e mal-estar intenso. Em torno de 3 a 5 dias, podem aparecer outros sinais, como manchas vermelhas no rosto e atrás das orelhas que, em seguida, se espalham pelo corpo. A única maneira de evitar a doença é pela vacina. Os critérios de indicação da imunização são revisados periodicamente pelo MS e levam em conta: características clínicas da enfermidade, idade, adoecimento por sarampo durante a vida, ocorrência de surtos, além de outros aspectos epidemiológicos.

Um estudo recente, que foi promovido por pesquisadores da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos da América, descobriu que a agressividade do sarampo é maior do que se pensava, pois, ao atacar o organismo, o vírus compromete a memória imunológica em pelo menos 20%, deixando-a frágil para reagir a outras infecções graves. Isso significa que permite a entrada de outras doenças, incluindo aquelas para as quais o corpo humano já havia criado defesas.

Em outras palavras, essa situação representa a perda de anticorpos. A pesquisa foi publicada na revista Science Immunology. Por este motivo, a vacinação contra o sarampo é essencial para evitar que a doença e outras destruam as defesas biológicas do organismo.

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