Pandemia

Interior registra quatro vezes mais casos de Covid-19 do que a Ilha

Levantamento feito pela plataforma Farol Covid constatou que nas 124 cidades mais afetadas pela doença o ritmo de contágio está desacelerando nas capitais; São Luís tem a quinta maior taxa de recuo

Nelson Melo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
Procissão de ambulâncias com pacientes de Covid-19 em busca de tratamento no Socorrão I
Procissão de ambulâncias com pacientes de Covid-19 em busca de tratamento no Socorrão I (procissão de ambulâncias)

A pandemia da Covid-19 está passando por uma nova fase no Brasil. De acordo com levantamento feito pela plataforma Farol Covid, que analisou a situação das 124 cidades mais afetadas pela doença, o ritmo de contágio está desacelerando nas capitais. Por outro lado, está avançando no interior. Essa situação está ocorrendo no Maranhão. De acordo com boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), o número de novos casos confirmados e registrados no interior ultrapassou o quádruplo daqueles que aconteceram na Grande Ilha, onde São Luís está situada.

O boletim, que foi divulgado na noite de domingo, 14, mostra que ocorreram 128 novos casos na Grande Ilha, que engloba, além de São Luís, as cidades de São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa. Outros 863 aconteceram no interior maranhense. Destes, 43 somente em Imperatriz e 820 nas demais regiões. Isso significa que o número de contaminados nos demais municípios é quatro vezes maior do que o de infectados na ilha, fazendo uma comparação.

Até mesmo a quantidade de novos óbitos no interior maranhense, com 20 mortes, foi superior à da ilha, que fechou em 11 casos. Essa situação de inversão do ritmo de contágio levou à taxa de ocupação de 100% dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em Imperatriz, no sudoeste do Maranhão. De um total de 54 leitos do SUS disponíveis, todos estão lotados com pacientes com Covid-19 em estado grave. Esses dados estão no portal da SES.

No que se refere à Grande Ilha, a taxa de ocupação de leitos de UTI está em 77,50%. De um total de 240 disponíveis, 186 estão preenchidos e 54 estão livres.

Levantamento da plataforma

O levantamento organizado e executado pela Farol Covid demonstrou que o avanço do novo coronavírus desacelerou nas capitais brasileiras e aumentou no interior. Isso aconteceu entre o fim de maio e início de junho. A pesquisa apurou que sete dentre as dez cidades com maior aceleração de infecção estão localizadas no Estado do Pará. Essa situação é concernente ao ritmo de contágio, que representa o potencial de disseminação de um parasita em um local.

Essa análise feita pela plataforma levou em consideração os dados disponibilizados pelas secretarias estaduais de Saúde. Segundo o levantamento, São Luís está na quinta posição dentre as cidades com menor aceleração do novo coronavírus, com uma taxa de 1,12. Em primeiro lugar aparece Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, com 0,99. Na sequência, vêm Fortaleza, no Ceará, com 1,03; Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, com 1,06; e Manaus, no Amazonas, com 1,07.

Ou seja, com relação aos municípios abordados no levantamento da Farol Covid, apenas Porto Alegre alcançou um ritmo de contágio inferior a 1, ou seja, existem infectados que não transmitem a doença para mais ninguém. No que tange às cidades com maior aceleração do novo coronavírus, não aparece nenhuma do Maranhão.

Movimento na flexibilização

Apesar da desaceleração dos casos nas capitais, o movimento de pessoas nas ruas e nos demais espaços públicos aumentou após o fim do lockdown na Grande Ilha, que teve início no dia 5 de maio e foi encerrado em 17 do mesmo mês. Com a reabertura gradual do comércio, possibilitada pelo Decreto nº 35.831, esse processo ganhou nova dimensão. Os ônibus coletivos já trafegam lotados, fato que era incomum antes e durante a vigência do bloqueio total.

Nas feiras e mercados, a presença de pessoas também aumentou. Os consumidores já têm dificuldade para se locomover nesses ambientes. A Rua Grande já adquiriu seu fluxo normal de consumidores. Nos bairros periféricos, estão realizando “arraiais”, com festas no meio da rua ao som de toadas juninas. Nas avenidas, os engarrafamentos são mais frequentes, como no João Paulo, Cohab-Anil, Cohama, Alemanha, Monte Castelo e Cohafuma.

Reabertura do comércio

Pelo Decreto nº 35.831, publicado pelo Governo do Estado, poderão funcionar, além dos serviços essenciais, os estabelecimentos comerciais de pequeno porte, onde somente trabalhavam, antes da pandemia, e continuarão a trabalhar, exclusivamente o proprietário e seu grupo familiar. No entanto, medidas sanitárias devem ser adotadas nesses locais, para evitar a propagação do novo coronavírus, como a disponibilidade de álcool em gel na entrada desses comércios.

Conforme o decreto, esses grupos familiares incluem cônjuges, companheiros, pais, irmãos, filhos ou enteados. Esses comércios, assim como todos os demais englobados nas medidas de distanciamento social, não estão funcionando desde o dia 21 de março, quando o Governo do Estado anunciou esse fechamento pelo período de 15 dias, mas o prazo foi prorrogado em outros atos administrativos, uma vez que os casos confirmados da Covid-19 apenas aceleravam no estado.

Segundo o decreto, os restaurantes, lanchonetes, depósito de bebidas, bares e similares poderão comercializar seus respectivos produtos, por meio do serviço de entrega (delivery) ou de retirada no próprio estabelecimento (drive thru e take away). É vedada, no entanto, a disponibilização de áreas para consumo dentro do local. Já o funcionamento de supermercados, quitandas, mercados e congêneres deve observar as regras sanitárias, como a limitação do ingresso de pessoas, para que não ultrapasse a metade de sua habitual capacidade física.

Além disso, o estabelecimento cuidará para que apenas uma pessoa, por família, adentre, ao mesmo tempo, no local, com exceção de quem necessite de auxílio. Os consumidores só poderão entrar se estiverem de máscaras no rosto e devem higienizar as mãos com água e sabão ou álcool em gel.

Cidades com menor aceleração da Covid-19

1º Porto Alegre (Rio Grande do Sul) – 0,99

2º Fortaleza (Ceará) – 1,03

3º Duque de Caxias (Rio de Janeiro) – 1,06

4º Manaus (Amazonas) – 1,07

5º São Luís (Maranhão) – 1,12

6º São Lourenço da Mata (Pernambuco) – 1,15

7º Volta Redonda (Rio de Janeiro) – 1,16

8º São Paulo (São Paulo) – 1,17

9º Caieiras (São Paulo) – 1,18

10º Praia Grande (São Paulo) – 1,19

Fonte: Farol Covid

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