Opinião

Raimundo Nonato Cassas

Benedito Buzar

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19

É com saudade e perenes lembranças que escrevo sobre o meu conterrâneo e amigo de infância, Raimundo Nonato Coelho Cassas, falecido recentemente em São Luís, depois de alguns anos de sofrimento, mas graças à sua vontade de viver, enquanto as forças não lhe faltaram, resistiu às adversidades impostas por uma atroz enfermidade.

De Nonato, guardo recordações que permanecem vivas na minha memória e que o tempo não conseguirá apagá-las, até porque procedem de fases importantes de nossas vidas, que tiveram como marco referencial a cidade onde nascemos: Itapecuru Mirim, eu, em fevereiro de 1938, ele, em abril de 1939, somos, portanto, de uma mesma geração, crescemos praticamente juntos e participamos de momentos inesquecíveis e inerentes àquela fase da vida de sonhos e fantasias.

Fomos alfabetizados no Grupo Escolar Gomes de Sousa, no qual a sua querida mãe, a competente professora Maria de Lourdes Coelho Cassas, fazia parte do corpo docente.

Naquela época, desfrutamos, das gloriosas brincadeiras e dos saudáveis divertimentos que Itapecuru nos proporcionava, ainda acanhada do ponto de vista populacional e espacial, com destaque para as partidas de futebol, praticadas livremente nas ruas e praças de nossa cidade e usando bolas de pano, de borracha ou de couro, artefatos sob os quais ele mostrava impressionante domínio, a ponto de se tornar, com o passar dos anos, um craque de primeira linha.

Concluído o curso primário, em Itapecuru, continuarmos os estudos secundários em São Luís, eu, nos Maristas, ele, no Liceu Maranhense, de onde partimos para enfrentar o vestibular na Faculdade de Direito.

Ao longo da existência, Nonato Cassas, teve três paixões: o futebol, a política e a família.

O futebol

Desde criança, a bola de futebol contagiou a vida do meu conterrâneo. Na sua fase de jovem, jogando pela seleção itapecuruense, que participava do torneio Intermunicipal, encantou a torcida que comparecia ao Estádio Santa Isabel, tanto que recebeu, face às qualidade de excepcional driblador, o apelido “De Mola”, virtude que o levou a jogar pelo principal time da segunda divisão do campeonato maranhense, o Santos Futebol Clube, treinado por Jafé Nunes.

Depois do Santos, vestiu as camisas do Sampaio Corrêa, pelo qual disputou vários campeonatos da primeira divisão, e do Ferroviário e por este sagrou-se campeão maranhense, em 1958.

Ao pendurar as chuteiras como jogador, resolveu ser cartola no futebol do Maranhão, aceitando as presidências do Sampaio Corrêa e do Moto Clube, que graças ao seu comando, conquistaram títulos importantes.

Nonato, no futebol de salão, também foi craque e um dos melhores do Maranhão, integrando a equipe do Cometas, do qual foi um dos fundadores.

As últimas partidas de futebol que jogou foram no campo do Clube Recreativo Jaguarema, nas tardes de sábados, participando do campeonato disputado pelos times dos associados.

Torcedor fanático do Botafogo, acompanhava pelo rádio todas as partidas do time carioca, sobretudo o da época em que pontuavam no time jogadores do nível de Manga, Newton Santos, Garrincha, Didi e Zagalo.

A política

Ao encerrar as suas ações como jogador e cartola, bandeou-se para outra atividade, que exercia sobre ele enorme fascínio: a política partidária, iniciada em 1969, quando submete o seu nome à consideração das lideranças políticas de sua terra natal, com vistas às eleições de prefeito municipal.

Venceu o pleito, tendo como vice, Leonel Amorim. Cumpriu o mandato de janeiro de 1970 a janeiro de 1973, no exercício do qual empreendeu ações importantes e obras de infraestrutura.

Nos anos 1980, mudou o domicílio eleitoral para São Luís. Nas eleições de 1982, elege-se vereador à Câmara Municipal da capital maranhense. Pelo bom desempenho parlamentar, foi alçado ao posto de vice-presidente, no biênio 1987-1988.

Quando o presidente José Sarney assumiu a Presidência da República, em 1985, realizaram-se eleições diretas nas capitais dos Estado. Em São Luís, depois de anos sob as administrações de prefeitos nomeados pelos governadores, o povo foi às urnas e elegeu Gardênia Ribeiro Gonçalves, para um mandato de três anos. A eleição foi decidida no segundo turno contra os candidatos a prefeito e vice, Jaime Santana e Nonato Cassas.

A família

Em, 10 de abril de 1969, Nonato Cassas despediu-se da vida de solteiro e contraiu casamento com uma das moças mais bonitas da cidade e de família tradicional: Carmen Aroso, com a qual construiu uma família bem estruturada, formada por três filhos, seis netos e duas bisnetas.

A vida pública

Além dos postos eletivos, todos desempenhados com dignidade e altivez, Nonato teve uma trajetória rica e exemplar, no que tange às atividades exercidas ao longo da vida pública, que começou nos anos 1960, no Banco da Amazônia, após o que ocupou os cargos de Diretor Administrativo da Copema, Secretário adjunto da SEDEL, Assessor Legislativo da Assembleia Legislativa e Auditor Fiscal, no qual se aposentou.

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