Inquérito

Ministro prorroga investigação sobre interferência na PF

Celso de Mello prorrogou por mais 30 dias inquérito que apura suposta ação de Bolsonaro na PF

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
Ministro do STF, Celso de Mello, decidiu prorrogar por mais 30 dias investigações sobre suposta interferência na PF
Ministro do STF, Celso de Mello, decidiu prorrogar por mais 30 dias investigações sobre suposta interferência na PF (Ministro Celso de Mello)

São Paulo

O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou nesta segunda-feira (8) a prorrogação por mais 30 dias do inquérito que apura se o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir na autonomia da Polícia Federal.

Relator do caso, o ministro atendeu a um pedido feito pela Polícia Federal. A proposta recebeu aval do procurador-geral da República, Augusto Aras.

Entre as medidas "pendentes", a Polícia Federal quer ouvir o próprio presidente Jair Bolsonaro no inquérito. Esse depoimento só deve acontecer após outras medidas previstas na investigação.

Os investigadores pediram mais prazo porque querem aprofundar as investigações na superintendência da PF no Rio de Janeiro, diante de suspeitas de ingerência de Bolsonaro nas direções regionais da corporação. Os agentes querem analisar inquéritos que envolvem a família do presidente.

Pedido

Há um pedido pendente da PF, por exemplo, na Zona Eleitoral do Rio de Janeiro. Os policiais pediram informações sobre o inquérito instaurado para apurar eventuais crimes eleitorais praticados por familiares de Bolsonaro. Os dados nunca foram enviados.

Flávio Bolsonaro (PR-RJ), filho do presidente e atual senador, foi alvo de uma investigação eleitoral, já relatada pela PF, sobre suposto enriquecimento ilícito. O senador não chegou a ser indiciado e o caso foi remetido à Justiça Eleitoral. O Ministério Público Eleitoral decidiu manter a investigação.

Também estão em aberto análises de relatórios de produtividade da Polícia Federal no Rio – a corporação negou as críticas feitas pelo presidente sobre esse assunto – e o pedido de cópia do inquérito da PF do Rio sobre suposto vazamento da operação Furna da Onça.

Os investigadores ainda esperam informações sobre a troca na segurança pessoal do presidente e de seus familiares. O Jornal Nacional mostrou que um mês antes da reunião ministerial em que o presidente reclamou que não consegue trocar ninguém, o chefe do departamento de segurança foi substituído pelo segundo na hierarquia. E o responsável pelo escritório do Rio também havia sido trocado.

A PF afirmou que "é preciso finalizar a elaboração de relatório de análise de material apreendido acerca das mensagens trocadas por Sergio Moro com o presidente da República e com a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP).

Horas antes da reunião ministerial do dia 22 de abril, Bolsonaro escreveu: “Moro, o Valeixo sai nessa semana. Isto está decidido. Você pode dizer apenas a forma. A pedido ou ex ofício".

Mais

Investigação

A investigação foi autorizada pelo STF em 27 de abril, três dias após o então ministro da Justiça, Sergio Moro, ter anunciado a demissão do cargo. Na ocasião, Moro disse que Bolsonaro interferiu na PF ao demitir o então diretor-geral da instituição, Maurício Valeixo. Bolsonaro nega a acusação. O primeiro a ser ouvido no inquérito foi o próprio Moro, no dia 2 de maio. No depoimento, o ex-ministro citou como prova da interferência do presidente a reunião ministerial de 22 de abril, no Palácio do Planalto. O conteúdo da reunião se tornou público no último dia 22 de maio. Na sequência, a PF ainda tomou mais de dez depoimentos, entre ministros, delegados e ex-aliados do presidente.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.