Dados não divulgados

Alexandre de Moraes manda pasta da Saúde voltar a divulgar dados sobre a pandemia

A liminar foi proferida em ação movida pelos partidos Rede Sustentabilidade, PSOL e PCdoB

Com informações do Estadão Conteúdo e Agência Brasil

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
Ministro tomou decisão que obriga governo a mostrar dados
Ministro tomou decisão que obriga governo a mostrar dados ( Ministro Alexandre de Moraes apela ao Congresso por penas mais duras)

Brasília - O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, mandou o Ministério da Saúde divulgar na íntegra os dados sobre a pandemia de covid-19 em balanços diários como estava sendo feito até a quinta-feira passada, dia 4. A liminar foi proferida em ação movida pelos partidos Rede Sustentabilidade, PSOL e PCdoB.

Na sexta-feira, 6, o governo federal excluiu os dados relativos ao acumulado de óbitos por covid-19 e passou a divulgar apenas os números do dia. A mudança ocorreu por pressão do presidente Jair Bolsonaro, que exigiu do corpo técnico do Ministério da Saúde um método de publicidade que exibisse menos de mil mortos por dia.

"A presente hipótese não caracteriza qualquer excepcionalidade às necessárias publicidade e transparência, sendo notório o fato alegado pelos autores da alteração realizada pelo Ministério da Saúde no formato e conteúdo da divulgação do 'Balanço Diário' relacionado à pandemia (covid-19), com a supressão e omissão de vários dados epidemiológicos que, constante e padronizadamente, vinham sendo fornecidos e publicizados, desde o início da pandemia até o último dia 4 de junho de 2020, permitindo, dessa forma, as análises e projeções comparativas necessárias para auxiliar as autoridades públicas na tomada de decisões e permitir à população em geral o pleno conhecimento de decisões e permitir à população em geral o pleno conhecimento da situação da pandemia vivenciada no território nacional", escreveu Moraes na decisão liminar.

O ministro classificou como "ameaça real e gravíssima" a situação atual da pandemia no País, que vitimou mais de 36 mil pessoas até esta segunda-feira, e apontou que cabe às autoridades brasileiras, "em todos os níveis de governo", a efetivação concreta da proteção à saúde pública - incluindo o fornecimento de todas as informações necessárias para o planejamento e combate à doença.

Entenda o caso

Na noite de domingo (7), o Ministério da Saúde anunciou uma mudança no formato de divulgação dos dados relativos à pandemia. Pela nova metodologia, por exemplo, em vez de divulgar o número de mortes acumuladas na data de notificação, passa a ser divulgado com maior destaque somente o número de mortes que efetivamente ocorreram naquele dia.

A explicação dada pelo governo foi de que a divulgação do acúmulo de casos, como vinha sendo feito, dificulta a verificação das mudanças dos cenários regionais, estaduais e municipais.

“O uso da data de ocorrência (e não da data de registro) auxiliará a se ter um panorama mais realista do que ocorre em nível nacional e favorecerá a predição, criando condições para a adoção de medidas mais adequadas para o enfrentamento da covid-19, nos âmbitos regional e nacional”, disse o ministério em comunicado divulgado na noite de domingo (7).

Ontem (8), o governo fez outro anúncio sobre a criação de uma nova plataforma interativa com os dados, que deve ser lançada nesta semana. Segundo o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco, as secretarias estaduais enviarão as informações até as 16h e os dados totais nacionais serão divulgados até as 18h30.

Em entrevista coletiva, o diretor do Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis, Eduardo Macário, disse que as mortes por covid-19 confirmadas com dias de atraso continuarão a ser contabilizadas, mas que o dia de ocorrência será considerado e isso impactará a curva epidemiológica de evolução da pandemia. “O total continua o total”, afirmou.

MPF

O Ministério Público Federal (MPF) instaurou, no sábado (6), procedimento extrajudicial para apurar porque o Ministério da Saúde mudou a forma de divulgação dos dados do novo coronavírus no Brasil. O MPF pedirá ao ministério a cópia do ato administrativo que determinou a retirada do número acumulado de mortes do painel, bem como do inteiro teor do procedimento administrativo que resultou na adoção da medida.

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