Editorial

Covid-19 e preconceito racial

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19

Estamos chegando a mais um fim de semana e o assunto coronavírus continua dominando o noticiário nacional e internacional, mas já dividindo espaço com a polêmica questão do racismo deflagrada com o assassinato de George Floyd, um homem negro, por um policial branco em 25 de maio nos Estados Unidos e as manifestações de protesto que foram deflagradas desde então reacendem o debate também no Brasil.

Esse assunto promete render muito, com resultados imprevisíveis, já que crescem as manifestações em diversos países. E é bem provável que atos de protestos venham a ocorrer no país, tendo em visto que veículos de comunicação já discutem amplamente o assunto.

Em brilhante texto chamado “Preconceito racial de marca e preconceito racial de origem”, o sociólogo brasileiro Oracy Nogueira trata das diferenças entre o racismo brasileiro e o norte-americano e ajuda a lançar luz sobre essa questão. O autor explica, após ter realizado pesquisas nos EUA, que o preconceito racial existente naquele país é o que se pode chamar “de origem”, ou seja, se dá pela descendência étnica. Já o que existe no Brasil é o que se pode chamar de preconceito racial “de marca”, tendo em vista que, aqui, o preconceito é exercido de acordo com o fenótipo, isto é, pelos traços físicos do indivíduo. É por isso que no Brasil, os pretos sofrem mais preconceito e discriminação que os pardos. E, indivíduos que sempre foram tratados como brancos no Brasil podem vir a sofrer discriminação nos EUA.

Mas deixando de lado essa polêmica questão, o medicamento cloroquina - que já estava sendo esquecido como tratamento para a Covid-19 - volta à tona. Após a análise de um estudo publicado pela revista médico-científica The Lancet, Tedros Adhanom Ghebreyesus, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), anunciou quarta-feira, 3, que o grupo responsável retomará os protocolos com a cloroquina e sua variante mais recente, a hidroxicloroquina. A suspensão durou 10 dias (o anúncio foi feito em 25 de maio).

Enquanto isso, um novo estudo da Universidade de Minnesota com mais de 800 pacientes não encontrou nenhum benefício no uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no combate ao novo coronavírus. Os resultados foram divulgados e também não apontaram para efeitos colaterais graves ou problemas cardíacos com o uso dos medicamentos.

No primeiro grande estudo que comparou a hidroxicloroquina a um placebo para avaliar seu efeito contra o novo coronavírus, os pesquisadores testaram 821 pessoas que haviam sido expostas à doença recentemente ou viviam em uma casa de alto risco. Ele descobriu que 11,8% dos indivíduos que receberam hidroxicloroquina desenvolveram sintomas compatíveis com Covid-19, em comparação com 14,3% que receberam placebo. Essa diferença não foi estatisticamente significante, ou seja, a droga não era melhor que o placebo.

Escolhido para assumir a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, o empresário Carlos Wizard defende que todas as pessoas com qualquer sintoma de Covid-19, mesmo leve, procurem atendimento médico. Ele diz que, além do próprio paciente, os familiares e demais contatos devem ser tratados com cloroquina e hidroxicloroquina como forma de prevenir o contágio, cabendo ao médico prescrever a droga de acordo com o caso concreto.

E a Suécia, que foi apontada pelo presidente Jair Bolsonaro como modelo a ser seguido por não impor um bloqueio mais duro em resposta à pandemia da Covid-19, finalmente se rendeu aos fatos. O epidemiologista sueco Anders Tegnell, responsável pela estratégia adotada no país, admitiu falhas que resultaram em mais mortes que o esperado. Hoje, a Suécia tem uma taxa de mortalidade muito maior que a de seus vizinhos mais próximos. Seus cidadãos, no momento, estão proibidos de cruzar as fronteiras do país.


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