Profissionais na frente

Avanço da Covid-19 preocupa e sobrecarrega equipes de saúde

Até esta quinta-feira, já foram confirmados 1.244 casos e 19 óbitos entre profissionais de saúde no Maranhão; 60% dos técnicos de Radiologia já foram contaminados, segundo Conselho Regional

Bárbara Lauria / Equipe O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
Profissionais de saúde estão na linha de frente contra o coronavírus e precisam estar protegidos
Profissionais de saúde estão na linha de frente contra o coronavírus e precisam estar protegidos (profissionais de saúde)

São Luís – Com o aumento de casos do novo coronavírus no interior do Maranhão e a transferência de pacientes para outros municípios, principalmente para a capital, o risco de contaminação e sobrecarga no trabalho dos profissionais da saúde se tornou um ponto preocupante. Segundo o boletim oficial divulgado pela Secretária de Estado da Saúde (SES) na última quarta-feira (3), já foram confirmados 1.244 casos da doença em profissionais da saúde em todo o Maranhão.

Lituana Telles é fisioterapeuta e trabalha na linha de frente contra a Covid-19. Ela foi uma das profissionais de saúde contaminada com a doença. “Desde que começamos o isolamento social, eu só saía de casa para trabalhar. Fiquei sabendo que um médico estava com suspeita de Covid-19 e tive contato com ele numa passagem de plantão. Não estávamos paramentados, porque não recebíamos pacientes infectados, ainda. Depois de uns dias desse contato, comecei a sentir alguns sintomas. Uns cinco dias depois, comecei a sentir febre, durante um plantão e fui para emergência, mas só fiz o exame depois de uns 8 ou 9 dias, e deu positivo”, contou.

Ela passou os 14 dias em isolamento, até se curar da doença. No momento, apesar de já estar curada e ter voltado ao trabalho, ainda tem muita preocupação com a saúde dos outros profissionais. “O que percebo muito nos hospitais que estou trabalhando agora, é que existe displicência por parte dos próprios profissionais em relação à paramentação, principalmente dos que já tiveram o vírus. E isso, sem dúvidas, é um risco maior para equipe, porque mesmo depois de termos a doença, somos vetores de transmissão da mesma forma, por contato direto”, explicou a fisioterapeuta.

Com o aumento de casos nos municípios maranhenses e a transferência de pacientes para onde há mais leitos, o perigo de contaminação cresce, pois o grande número de pacientes torna difícil o controle para garantir a prevenção plena.

Contaminados
De acordo com o Conselho Regional de Técnicos de Radiologia do Maranhão e Piauí (CRTR 17) estima-se que cerca de 60% desses profissionais já foram contaminados, e com o aumento de pacientes, esse número pode ser maior, com o aumento desordenado de exames e sobrecarga dos profissionais.

Por meio de nota, a SES informou que para reduzir os riscos de contágio, foi garantido o fornecimento regular de Equipamento de Proteção Individual (EPIs) e é realizada a testagem dos profissionais. Além disso, as equipes são treinadas e capacitadas sobre normas, rotinas e manejo dos pacientes com Covid-19, assim como a utilização correta dos EPIs.

“Conforme orienta a cartilha da Organização Mundial da Saúde [OMS] os tipos de EPIs variam de acordo com local, público atendido, risco de exposição e dinâmica de transmissão. Deste modo, a depender do setor de trabalho, os profissionais de saúde da rede estadual têm à disposição máscaras cirúrgicas, gorro, propé, luvas, máscaras N-95, avental descartável, vestimenta de proteção tipo macacão, óculos de proteção individual, botas, avental impermeável e protetor facial”, explicou em nota.

A Secretária Municipal da Saúde (Semus) também informou, por meio de nota, que que os profissionais de saúde adotam as mesmas medidas de prevenção à doença, desde o início da pandemia. Entre elas, o uso dos equipamentos de proteção (máscaras N95, face shield, toucas, aventais, óculos e outros), higienização das mãos e outras.

De acordo com as orientações do CRTR 17, todos os procedimentos devem ser realizados com o uso adequado dos equipamentos. Caso não haja disponibilização dos EPIs, é indicado que seja negado a realização daquele procedimento.

Sobrecarga
Uma das principais preocupações do Conselho Regional de Medicina do Maranhão (CRM-MA) é justamente com essa sobrecarga dos profissionais da área de saúde, e também a falta de alguns equipamentos necessários para realizar procedimentos de forma segura.

“A principal queixa dos médicos é a falta de EPIs, alguns em deficientes números, em outros estabelecimentos. Tem local que é dada uma máscara para o profissional usar em todo o plantão. Esses problemas acontecem no estado todo. Os médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem estão sobrecarregados em São Luís, Imperatriz e outros municípios estão sobrecarregados por aumento do número de pacientes oriundos de outros municípios sem condições de atendimento a pacientes graves. Alguns transferidos até de avião, que o Estado colocou para este fim”, explicou o Conselho Regional de Medicina do Maranhão.

Em nota, o Coren-MA também informou que buscou junto aos órgão competentes como Ministério Público do Trabalho – MPT, Sindicatos, Gestores Municipais e demais autoridades sanitárias minimizar os impactos negativos causados pelo novo coronavírus aos profissionais de enfermagem.

"Há algum tempo o profissional de enfermagem convive com uma sobrecarga de trabalho exaustiva, antes mesmo da pandemia. Com o advento da epidemia do novo coronavírus no País, esta realidade tornou-se mais evidente, não só para as instituições, organizações, classe política, mas também para toda sociedade brasileira. A pandemia representa apenas a ponta do “iceberg” no que diz respeito a dura realidade enfrentada pelos profissionais de Enfermagem ao longo dos anos.

Precisamos seguir as recomendações da OMS e do MS, adotando medidas de segurança, principalmente no processo de paramentação e desparamentação, onde o risco de contaminação se torna ainda maior para os profissionais de saúde. Recomendamos aos nossos profissionais de enfermagem que se mantenham", informaram por meio de nota.

Como forma de apoio e homenagem para todos os profissionais da saúde, o CRM-MA colocou outdoors dizendo da Gratidão a estes profissionais que estão na linha de frente dos atendimentos.

SAIBA MAIS

Óbitos

De acordo com o boletim da SES, divulgado na última quarta-feira (3), 19 profissionais de saúde do Maranhão morreram por Covid-19. Em nota divulgada pelo CRTR 17, foi ressaltada mais de 18 mortes por Covid-19 de técnicos de radiologia, em todo o Brasil. Desses, três eram do Maranhão: Sérgio Henrique Saraiva Costa; Miguel Santana dos Santos e Antônio Carlos Trancoso.

Na noite do dia três de junho mais uma profissional de saúde foi vítima da doença e faleceu. Silvânia Rocha era enfermeira e trabalhava em uma unidade de saúde no Bairro de Fátima. Ela foi a óbito um mês após seu pai, Juarez Rocha, falecer por complicações pela Covid-19.

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