Na linha de frente

Honrando a nobre missão de cuidar

Ela revela como sua equipe está enfrentando a pandemia do novo coronavírus, com a certeza de que os profissionais da saúde vencerão a guerra contra a Covid-19

Evandro Júnior / Da equipe de O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Beatriz Rosa é enfermeira e enfrenta o desafio da pandemia
Beatriz Rosa é enfermeira e enfrenta o desafio da pandemia (Beatriz Rosa)

SÃO LUÍS- Maio é considerado o mês da Enfermagem e o dia 12 foi o escolhido para homenagear essa categoria de profissionais, pois coincide com o aniversário da inglesa Florence Nigthingale, fundadora da Enfermagem moderna. Agora, com a pandemia da Covid-19 no mundo, a atividade ganhou em importância, principalmente pelo sacrifício diário dos profissionais que estão na linha de frente, vencendo por etapas as batalhas contra o novo coronavírus.

Com larga experiência na área e passagens por unidades de saúde de referência nacional, a exemplo do Hospital Albert Einstein (SP), Beatriz Rosa, diretora de Enfermagem do Hospital São Luís / HSLZ, revela que esse momento tem sido o mais desafiador de sua carreira, assim como de sua equipe.

“O gerenciamento de recursos humanos é, atualmente, um dos maiores desafios que já enfrentei em minha carreira, pois é preciso lidar com o aspecto psicológico dos colaboradores. Convivemos com o medo da doença, de levar infecção para nossos familiares e amigos, e de se contaminar prestando cuidados. Estamos desde o início observando e mostrando a todos o quanto estamos preocupados, realmente”, diz.

Conforme Beatriz Rosa, os enfermeiros permanecem em casa muito menos que antes e também circulam menos pela cidade, por na maior parte do tempo estão arregaçando as mangas. Além disso, usam menos transporte público. As instruções de trabalho prevêem a utilização de EPIs para proteção e a estrutura adquiriu um aspecto dinâmico, sempre visando à proteção de pacientes e profissionais. “A crescente demanda vem transformando o HSLZ. Se antes tínhamos pacientes cirúrgicos com alta rotatividade e nossa maior clientela era de pessoas com idades acima de 60 anos e muitas comorbidades, hoje a rotatividade deve-se às perdas por óbitos dessa clientela. Mas também há o lado positivo, com as altas de vários pacientes, resultado da competência e comprometimento dos enfermeiros, das equipes médicas e dos fisioterapeutas”, revela.

Beatriz, que não se imagina atuando em outra área, confessa que testou outras competências antes de abraçar a Enfermagem em definitivo. “Escolhi essa profissão de forma madura, depois de saber o que realmente fazia um enfermeiro. Trabalhando desde os 15 anos na área administrativa com custos e orçamentos, e cursando Bacharelado em Matemática, fui percebendo que tudo que eu fazia acabava em um arquivo. E eu queria fazer alguma coisa que realmente fizesse sentido na vida das pessoas de forma mais direta. Algo que mudasse a vida das pessoas. Foi quando descobri a Enfermagem”, conta.

Ela sabia que, enquanto enfermeira, atingiria esse objetivo. Ficou encantada com o cuidado. Fez vestibular novamente, formou-se e buscou caminhos onde a Enfermagem realmente fizesse a diferença. “Emergência, Pronto-Socorro, Cardiologia e, finalmente, Administração. Sei que todas as ações da Enfermagem têm impacto direto na vida e na morte das pessoas. As medicações administradas de forma responsável, os cuidados de higiene, alimentação, prevenção e até a humanização disso tudo promove a melhora e a cura das pessoas. Somos a linha de frente de um hospital. Tudo isso nos motiva e se tivesse que escolher, faria tudo outra vez”, diz.

Rotina

Mas se o amor pela Enfermagem continua o mesmo do início da carreira, sua rotina profissional e a dos demais enfermeiros do HSLZ foram alteradas devido ao rigor imposto pela pandemia. “Tudo mudou. Aspectos que antes passavam despercebidos transformaram-se em realidade. Todos passaram a adotar rotinas no atendimento que são mais rigorosas. Um exemplo é a questão do adorno zero. Hoje, ninguém mais usa adornos por precaução mesmo. Campanha de lavagem de mãos e uso de álcool gel também. Nunca todos no hospital lavaram tanto as mãos e nosso consumo de álcool gel aumentou significativamente. Hoje, todos são perfeitos quanto ao uso de óculos, capotes e luvas. A necessidade de proteção imposta pelo medo da contaminação desse novo vírus foi mais eficaz do que qualquer campanha já realizada”, afirma a diretora.

Beatriz Rosa lembra que a Diretoria do HSLZ tem acompanhado os protocolos do Ministério da Saúde e que o Hospital dos Servidores conta também com consultoria em infectologia, para a adequação desses protocolos, além da adoção de medidas para minimizar os riscos de contaminação de médicos e enfermeiros.

“Ao menos um terço das nossas equipes já se contaminaram, apesar de toda a proteção oferecida. Claro que não podemos inferir que todos se contaminaram dentro do HSLZ. Estamos gradativamente testando todos os funcionários, visando à proteção destes trabalhadores. Também tivemos a iniciativa de realizar uma parceria com alguns hospitais para que os funcionários que trabalham nas duas instituições permaneçam apenas em um dos hospitais com jornada dupla. E, assim, evita-se a infecção cruzada. Se evita que o funcionário leve ou traga para o outro hospital qualquer micro organismo. Vem dando certo”, diz.

A cura de qualquer paciente é sempre uma alegria para os enfermeiros. “Não há nada mais gratificante do que ver um paciente saindo de alta, mas no caso dos pacientes da Covid-19, isto tem um significado muito maior. Cada alta representa a vitória de uma batalha onde o inimigo tinha todas as armas para vencer, mas perdeu. Fomos mais fortes, mais eficazes. E tenho a certeza de que ganharemos não apenas uma batalha, mas a guerra”, profetiza.

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