Artigo

Pequeno no tamanho, gigante no futebol

Steffano Silva Nunes, Médico veterinário, estudante de Economia

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20

Já joguei muito futebol. Até os 13 anos a minha vida e de muitos amigos se resumia em estudar e jogar bola. Colecionei alguns títulos. Até outro dia ainda tinha guardadas as medalhas dos jogos olímpicos mirins e das Olimpíadas Champagnat, os torneios da minha escola. Nosso time era tão bom que conquistou no ano de 1986 o inédito título de campeão do futebol de campo dos Jogos Escolares Maranhenses, JEMs. Uma pena que eu já não estava mais em campo nessa ocasião.

No bairro Bequimão, onde eu morava, era o mesmo pique. Tive o prazer de jogar muitas peladas com Paulo César, lá chamávamos de Paulo Sérgio, que se tornou um grande craque do São Paulo e da Seleção Brasileira na década de 90. No campo do CSU e na quadra do CEMA era grande a fila no “desafiado”. No final de semana a quadra era dos adultos, mas no campo tínhamos os nossos campeonatos com equipagem e tudo.

Nessa época, Roberto Dinamite e Zico figuravam como os grandes craques nacionais.

Roberto passou uma temporada no Barcelona e quando voltou, em seu primeiro jogo no Maracanã, arrebentou. Lembro até hoje da manchete nos jornais: “Dinamite explode no Maracanã e faz 5 gols”. Era o tempo da seleção de 82, a melhor do mundo, mas que não foi campeã.

No Maranhão, três craques ficaram marcados na nossa memória. O primeiro foi o grande atacante Cabecinha. Era um “matador”, fez muitos gols. Os outros dois, além de craques, possuíam como características portes físicos que não eram comuns no futebol: o goleiro Juca Baleia, um cara grande e gordinho que tinha uma excelente atuação no gol. Sabia se posicionar. Lia o jogo, se colocava bem e se jogava bacana na bola. Dominava até a dificílima defesa no estilo “ponte”.

O terceiro nome era um atacante pequenininho. Reginaldo Castro. Ele é a razão desse texto. Nos deixou no dia 15 de maio, aos 63 anos. Nos presenteou com grandes lances no futebol maranhense. Fiquei sabendo que talvez tenha sido o menor jogador do mundo em toda a história do futebol. Alguns falam que sua altura era de 1,47m. Outros afirmam que era 1,53. Vou ficar com a média de 1,50. Tinha uma velocidade impressionante. Virou ídolo da nossa geração.

Possuía um fôlego admirável. Creio que a força da gravidade o beneficiava de alguma forma. O pequeno tamanho, com a musculatura bem treinada, lhe garantia um pique que era invejável. Quando partia com a bola fazia a alegria da torcida. Criava logo a expectativa de aquela jogada terminaria em gol, pelos seus próprios pés ou pela conclusão de algum artilheiro após receber seus belos cruzamentos. E não foram poucas as vezes que a profecia se realizou.

Ele fez sucesso pelo Sampaio Corrêa, mas mesmo os motenses como eu, o admirávamos. Chegou a jogar pelo Moto também. Foi uma estrela. Era conhecido pelo apelido que o consagrou e se tornou sinônimo de bom jogador. Qualquer moleque da minha época, independentemente do tamanho, que conseguisse disparar pela lateral esquerda do campo deixando pra trás a marcação, cortasse pra dentro da grande área, driblando de forma desconcertante os três zagueiros e metesse a bola pro fundo do gol, recebia logo da galera a comparação: “Dá-lhe Bimbinha”.

Pequeno e gigante. Bimbinha, sua história viverá em nossas lembranças.

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