Próximas semanas

Especialistas se preocupam com reabertura gradual do comércio e preveem aumento de casos

Segundo pesquisadores, o número de casos deve voltar a crescer na Grande Ilha nos próximos sete dias

Bárbara Lauria / Equipe O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20

São Luís – Após o término do lockdown e início da reabertura gradual do comércio, pesquisadores se preocupam com possível aumento de casos na grande Ilha. Em conversa com o jornal O Estado, o epidemiologista, e professor da Universidade Federal do Maranhão, Antonio Augusto Silva, explicou o porquê desse receio.

Segundo o professor, com o lockdown a progressão da transmissão diminuiu, mas não o suficiente para se trazer a epidemia sob controle. O ideal seria a taxa de transmissão estar abaixo de um e que o a ocupação da UTI estivesse em até 50%, porém, no momento a taxa está em 1,2, e há 95,22% de ocupação dos leitos de UTI.

O cálculo do controlo epidemiológico é feito a partir um parâmetro chamado R, que indica para quantas pessoas em média um infectado transmite a doença por dia. Ele precisa ficar por um tempo prolongado abaixo de 1 para que se possa recomendar tecnicamente a flexibilização do distanciamento social. Se o R ficar abaixo de 1 a doença vai deixar de ser transmitida com o tempo, passando a ter redução dos casos.

“Sem nenhum controle cada pessoa em média contamina outras 3. 3 contaminam 9 e daí por diante. Hoje cada infectado está contaminando 1,2 pessoa. Porisso o R está em 1,2”, explicou Antonio.

O índice acima do ideal, e a alta ocupação dos leitos, são os principais fatores que preocupam os pesquisadores em relação a reabertura do comércio.

O pesquisador frisou: “A reabertura do comércio aumenta a taxa de contatos entre as pessoas. Quanto mais contato mais a transmissão ocorre. A dinâmica de transmissão pode ser acompanhada em modelos matemáticos pelo R. Hoje ele está em 1,2, insuficiente para controlar a transmissão. Com a flexibilização agora o R deve aumentar e se o contágio aumenta se espera que ocorra junto aumento de casos. O aumento dos casos é esperado cerca de 7 a 10 dias após a medida de abertura por causa do período de incubação da doença. Há um retardo entre a tomada de uma medida e o efeito no número de casos e óbitos. No momento estamos colhendo os frutos do lockdown”.

Ainda sobre o aumento de casos, o epidemiologista também afirmou que é possível a necessidade de um segundo lockdown no futuro.

“É bastante provável, talvez em dias não em meses, um segundo lockdown. Ainda não passou a primeira onda e não sabemos se ela atingiu o pico. A dinâmica da transmissão depende da taxa de contatos que depende do comportamento das pessoas. Essa doença se transmite fundamentalmente de pessoa para pessoa.

Gostaria de citar o exemplo do Chile que no início ficou em distanciamento social e a transmissão foi bastante reduzida. Mas a flexibilização do distanciamento ocorreu de forma precoce e hoje os casos sobem exponencialmente e junto com isso os óbitos tiveram forte ascensão”, enfatizou.

Últimos casos na Grande Ilha

Nas últimas 48 horas foram registrados 390 novos casos da Covid-19 em São Luís. O estado do Maranhão passou dos 30 mil casos. Apenas na Grande Ilha há uma taxa de ocupação de 95,22% dos leitos de UTI e 56,38% das enfermarias.

Boletim do dia 27 de maio
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Boletim 28 de maio
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Leitos ocupados 28 de maio
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Segundo os dados divulgados pelo Ministério da Saúde, o Maranhão está em sétimo lugar no ranking de números de casos pela Covid-19 no país.

Novas medidas

Em coletiva realizada nessa manhã (29), o Governador Flávio Dino anunciou previsão da reabertura gradual de escolas e universidades a partir do dia 15 de junho, iniciando por graduações e pós-graduações.

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