Educação

Pais e escolas precisam incentivar a autonomia do aluno

Suporte das instituições de ensino e desenvolvimento socioemocional das famílias são fundamentais para estimular o engajamento do estudante na realização das atividades escolares

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Pais devem deixar os filhos mais confiantes
Pais devem deixar os filhos mais confiantes (educação)

SÃO PAULO- Desde o início da suspensão das aulas presenciais nas instituições de ensino privadas e públicas no Brasil, é possível identificar os principais desafios da educação remota. Após mais de dois meses vivenciando essa nova realidade, algumas dificuldades ainda persistem, como o suporte aos pais que estão acompanhando os filhos na realização das atividades escolares em casa. Letícia Lyle, diretora da Camino School, escola referência da Camino Education, localizada na zona oeste de São Paulo, explica que as instituições precisam mostrar aos familiares como eles podem auxiliar os filhos durante o período de isolamento. “É preciso dizer aos pais não só o que fazer, mas como fazer; e as atividades propostas pelas escolas precisam estimular a autonomia das crianças para facilitar o processo de adaptação e aprendizagem”.

Ações como ligar o computador, organizar o ambiente de estudo, baixar a plataforma da aula no celular, que geralmente são feitas pelos adultos, podem ser ensinadas às crianças. “Autonomia não quer dizer que elas farão tudo sozinhas ou que somente estão obedecendo ordens dos pais, mas, sim, que elas estão conseguindo de alguma maneira se engajar e se conectar com o que está acontecendo na escola”, afirma Letícia.

Segundo a educadora, esse é um aprendizado que deve ser antecipado, dadas as circunstâncias de isolamento social e aulas remotas, pois contribui também com a gestão de tempo dos responsáveis, principalmente daqueles que estão conciliando home office com a rotina de casa. “Nosso papel como educador é facilitar essa adaptação, dando ferramentas para adiantar o desenvolvimento dessa habilidade. Se a criança aprendeu como tirar dúvidas com o professor por meio das ferramentas digitais, por exemplo, a chance dessa criança ter conseguido mais autonomia nesse período de dois meses é muito maior”.

No meio educacional, esse é o momento de buscar soluções para novos meios de ensino e que, mesmo sendo à distância, vão gerar impacto nos alunos. “O aluno sendo protagonista da própria aprendizagem - objetivo proposto pela metodologia de aprendizagem ativa, gera a continuidade de seu desenvolvimento; os alunos vão lembrar das atividades se estiverem engajados, e além disso, a expansão do contato com a tecnologia também transforma novos conhecimentos”.

Por meio da Cloe, por exemplo, plataforma digital de aprendizagem ativa da Camino Education, as escolas podem compartilhar gratuitamente com pais e familiares atividades a serem feitas em casa, com projetos educacionais de aprendizagem ativa, em que o aluno é protagonista, e tem engajamento maior do que nas aulas expositivas tradicionais. Na plataforma é possível encontrar sugestões de atividades para crianças de 2 a 10 anos, como a realização de receitas utilizando frutas pensando no ambiente de floresta, desenhos das sombras dos objetos remetendo à relação humana com o planeja, entre outras.

A diretora conta que é necessário ter um balanço dentro da oferta da escola de apoio aos familiares. “Os pais não precisam virar pedagogos, mas também não precisam ficar rendidos sem saber como ajudar os filhos; o que vivemos hoje comprova a importância de ver os pais não só como clientes, mas como parceiros”. Este momento revela algo que é do nosso conhecimento há muito tempo: para formar indivíduos integralmente, precisamos considerar, sistemicamente, as suas famílias. Por conta da pandemia, está ficando mais evidente a todos que o papel da escola vai muito além do pedagógico dos alunos. “A escola é um lugar de permitir a aprendizagem, e isso inclui cuidar dos pais também”, afirma.

O reflexo do comportamento dos pais e o desenvolvimento socioemocional

Nesse contexto, é possível observar uma questão que tem afetado a maioria dos pais e familiares: como lidar com as emoções e as incertezas do cenário atual? De acordo com Letícia, é preciso que haja uma mudança de pensamento para desenvolver uma das habilidades mais exigidas nesse momento: a resiliência. “A resiliência é construída com a capacidade de ver a realidade sem muitos julgamentos, de aceitar o presente, e de entender os cenários para enxergar as escolhas que estão sendo feitas”.

Com as emoções à flor da pele, o reflexo causado na aprendizagem das crianças e na forma com que elas irão se engajar nos estudos dentro de casa também é impactante. “As crianças têm nos pais a referência de adulto dentro de casa. Por isso, quando os pais estão mais serenos, a criança tende a se comportar da mesma forma; assim como em casos de ansiedade, medo e insegurança, refletindo na forma em que elas vão lidar com as questões no dia-a-dia, como nas atividades escolares”, afirma a diretora.

Ela ainda reforça que a visão mais positiva da situação pode ajudar as famílias a se unirem, resultando em um melhor engajamento dos filhos e disciplina para lidar com a rotina dentro de casa. “É preciso olhar para o mundo com um senso de que a vida vale a pena, e esse olhar positivo é construído com a gratidão, que mesmo em situações difíceis existem coisas que podem ser apreciadas, e esse tipo de visão as escolas também podem incentivar”, conclui.

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