Adaptação

Comerciantes correm atrás do prejuízo com reabertura de lojas

Alguns lojistas tiveram de vender álcool em gel e máscaras de proteção nas ruas, durante o período do fechamento, para garantir alguma renda e pagar as contas

Nelson Melo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Comerciantes do Centro atendem às determinações de decreto estadual, e esperam que vendas melhorem
Comerciantes do Centro atendem às determinações de decreto estadual, e esperam que vendas melhorem (comércio)

São Luís - O fluxo de pessoas nas ruas do centro de São Luís está se normalizando aos poucos, com a reabertura progressiva do comércio, fato autorizado pelo Governo do Estado, por meio do Decreto nº 35.831. Na Rua Grande, o movimento de consumidores e de quem se desloca apenas para passear está aumentando. Os donos de pequenas lojas daquela região estão correndo atrás do prejuízo, adotando medidas sanitárias. Muitos deles, durante o período do fechamento, sobreviveram vendendo água mineral, máscaras e álcool em gel nas calçadas.

O Estado esteve no Centro, para verificar a movimentação de pessoas e conversou com proprietários de estabelecimentos comerciais e barracas, para saber como está sendo a rotina com a reabertura parcial. A comerciante Beatriz Xímenes Dourado, que possui um pequeno empreendimento de roupas na Rua do Passeio, disse que está abrindo a loja mais tarde e encerrando as atividades mais cedo, por causa do contexto de adaptação.

“Hoje, eu abri às 10h. E estou fechando mais cedo. Na minha opinião, só teremos movimento grande quando tudo normalizar. Por enquanto, estamos nos virando, pois é nosso meio de sobrevivência. Nós dependemos disso para nos sustentar”, disse a comerciante. Na loja dela, há álcool em gel na entrada do estabelecimento, para que os clientes higienizem as mãos antes de verificar as peças de roupas. E só pode entrar quem estiver utilizando máscara de proteção.

Na grade de entrada da loja, ela colocou um cartaz avisando sobre as medidas de segurança sanitária. Durante o tempo em que seu comércio esteve fechado, desde o dia 21 de março, quando saiu o primeiro decreto governamental, Beatriz Xímenez sobreviveu vendendo álcool em gel e máscaras de proteção no Centro. Esse trabalho ambulante permitiu que conseguisse colocar comida na mesa de casa.

Prejuízos com fechamento
Com a reabertura parcial do comércio, os donos pretendem compensar os prejuízos, apesar do “movimento fraco” na região central de São Luís. Dono de uma banca de revistas nas proximidades do Liceu Maranhense, ‘seu’ Raimundo contou a O Estado que sofreu um prejuízo de aproximadamente 40% desde o início da pandemia do novo coronavírus no Maranhão, sobretudo quando o Poder Executivo estadual determinou o fechamento dos estabelecimentos comerciais, em março.

Apesar do novo decreto, a presença de pessoas na região, na percepção dele, ainda é pequena, o que influencia diretamente nos lucros. Lúcia Ribeiro, que tem uma barraca nas imediações do Complexo da Deodoro, disse que, se não fosse o Auxílio-Emergencial, do Governo Federal, provavelmente, sua situação ficaria muito difícil nesse período. Ela tem esperança de que as coisas melhorarem. “Eu também recebi ajuda financeira de familiares nesse período, enquanto não podia vender meus produtos aqui”, frisou.

Igualmente dona de uma barraca no local, Concita Ferreira ressaltou que, com a mudança de rotina no comércio da capital, durante o fechamento, teve de pensar rápido em alternativas para escapar da fome. “Eu estava vendendo água mineral e refrigerante em uma caixinha de isopor. Foi a forma que encontrei para me virar. Não sei quando isso tudo vai mudar, mas deve melhorar a partir de junho”, declarou.

Concita Ferreira comentou que, embora os prejuízos sejam incalculáveis, tem consciência de que as medidas de distanciamento social são necessárias para evitar a disseminação do novo coronavírus. “Sei que, no momento atual, não tem como reabrir tudo de uma vez. Se acontecer isso, será pior. Eu vejo ainda muitas pessoas saindo de casa sem máscara. Gente, isso é loucura! Precisamos entender a gravidade da situação. Isso tudo não é brincadeira”, enfatizou a ambulante.

Outro que teve prejuízo grande foi Seilson Viegas. Ele tem uma barraca perto do Ginásio Costa Rodrigues. Como vendedor, atua no centro de São Luís há 24 anos. “Como estava tudo parado, a perda foi sentida muito forte. O movimento aqui ainda é fraco. Mas nenhum sofrimento dura para sempre. A esperança, na verdade, nunca morre”, observou ele.

Sanções previstas
A reabertura do comércio no Maranhão não é total. Os critérios estão estabelecidos no decreto do Governo do Estado. Assim sendo, o ato administrativo prevê sanções com relação ao descumprimento das normas. Sem prejuízo da punição penal, legalmente estabelecida, podem ser aplicadas advertências, multas ou interdição parcial/total do estabelecimento comercial. Essas medidas serão feitas pelo secretário de Saúde do Maranhão, ou por quem delegar competência, na forma do artigo 14 da Lei Federal nº 6.437, de 20 de agosto de 1977.

Também pelo decreto, a Polícia Militar foi autorizada a lavrar Termos Circunstanciados de Ocorrências (TCO), que serão encaminhados ao Poder Judiciário.

SAIBA MAIS

Decreto do Governo

Nesta segunda-feira, teve início a abertura gradual do comércio não apenas na região metropolitana de São Luís, como no interior maranhense. Pelo Decreto nº 35.831, só poderão funcionar nesse período, além dos serviços essenciais, os estabelecimentos comerciais de pequeno porte, onde somente trabalhavam, antes da pandemia, e continuarão a trabalhar, exclusivamente o proprietário e seu grupo familiar. Medidas sanitárias devem ser adotadas nesses locais, para evitar a propagação do novo coronavírus.

Conforme o decreto, esses grupos familiares incluem cônjuges, companheiros, pais, irmãos, filhos ou enteados. Esses comércios, assim como todos os demais englobados nas medidas de distanciamento social, não estão funcionando desde o dia 21 de março, quando o Governo do Estado anunciou esse fechamento pelo período de 15 dias, mas o prazo foi prorrogado em outros atos administrativos, uma vez que os casos confirmados da Covid-19 apenas aceleravam no estado.

Pelo decreto, os restaurantes, lanchonetes, depósito de bebidas, bares e similares poderão comercializar seus respectivos produtos, por meio do serviço de entrega (delivery) ou de retirada no próprio estabelecimento (drive thru e take away). É vedada, no entanto, a disponibilização de áreas para consumo dentro do local. Já o funcionamento de supermercados, quitandas, mercados e congêneres deve observar as regras sanitárias, como a limitação do ingresso de pessoas, para que não ultrapasse a metade de sua habitual capacidade física.

Além disso, o estabelecimento cuidará para que apenas uma pessoa, por família, adentre, ao mesmo tempo, no local, com exceção de quem necessite de auxílio. Os consumidores só poderão entrar se estiverem de máscaras no rosto e devem higienizar as mãos com água e sabão ou álcool em gel.

Coronavírus no Maranhão

Conforme o boletim epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde (SES), divulgado na noite de segunda-feira, 25, o Maranhão já registra 24.278 casos confirmados da Covid-19, com 817 óbitos. Do total de contaminados, 16.017 estão em isolamento domiciliar, medida de segurança que tem como objetivo impedir o contato entre infectados e outras pessoas. Outros 1034 estão internados em enfermarias e 469 em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Por outro lado, 5941 afetados pela pandemia estão recuperados.

Somente em São Luís, epicentro da pandemia no Maranhão, são 8.068 contaminados. Dentre os novos casos registrados, 172 ocorreram na Grande Ilha, 75 em Imperatriz e 1245 nas demais regiões do estado.

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