Artigo

Oh! da poltrona, tudo bem?

Luiz Thadeu Nunes e Silva, Engenheiro agrônomo e viajante, já esteve em 143 países

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20

Bom dia, amigos, tudo bem? Como estão de quarentena? Continuam em casa, reclusos, com medo do coronavírus, assim como eu? Inseguros quanto ao futuro?

Nós brasileiros somos irreverentes por natureza, mesmo diante de uma pandemia, continuamos gozadores. O quê mais tenho recebido pelas redes sociais são memes, especialmente quando o assunto é sexo.

Tenho vários grupos de WhatsApp, dos mais sérios e castos, com mensagens sacras e sérias; aos mais irreverentes, formados só por homens. Através de um desses grupos, recebi um vídeo em que uma jovem chega na casa do suposto amante, pois não aguenta mais sua falta. Seguem cenas divertidíssimas. Se é real ou apenas uma encenação, não sei, mas é hilário.

Na Inglaterra, um dos principais cientistas britânicos a defender quarentenas como política contra o coronavírus, Neil Ferguson, 52 anos, renunciou a seu posto de conselheiro do governo do Reino Unido por ter violado a regra de isolamento. Por duas vezes, Neil recebeu em sua casa uma mulher que não mora com ele, segundo reportagem do jornal britânico The Daily Telegraph. Eram amantes, e o desejo sexual falou mais alto, que os protocolos de combate ao vírus.

Após o aparecimento do coronavírus, tudo saiu do lugar, com os relacionamentos amorosos não seria diferente.

Conheço pessoas que têm relacionamentos paralelos, - acho que amante, ficou démodé -, agora estão fazendo malabarismos para se encontrar e manter a chama acesa. Ser amante em tempos normais é complicado, imagine em tempo de isolamento social, em que todos somos ameaça uns aos outros.

Uma coisa impensável até pouco tempo, agora, agentes governamentais aconselhando as pessoas a terem sexo seguro, ou mesmo sexo solitário. Com a pandemia, o Estado passou a ditar as regras sobre nossas vidas.

Em meio ao distanciamento social para evitar a propagação do novo coronavírus, ficar ou estar solteiro pode não ser nada fácil.

Li no O Globo, uma entrevista da atriz Maitê Proença, que fala do ato solitário de fazer sexo, por estar solteira e não sair de casa, recorre ao auto-sexo.

A indústria da “saliência” está em orgasmo, nunca vendeu tanto brinquedinhos eróticos como nesta pandemia.

Já o governo argentino foi realista o suficiente para tratar isso com a atenção necessária. As autoridades sanitárias da Argentina foram à TV para aconselhar as pessoas a fazerem sexo com seus parceiros fixos, ou recorrerem ao sexo individual. Se estamos proibidos de trocar abraços, imagine trocar fluidos. Um infectologista aconselhou também que, em casos de pessoas solteiras ou em um relacionamento “não convencional”, o ideal é fazer o sexo virtual por “vídeo-chamadas” ou “sexting”. Já existem regras de etiquetas para sexo à distância.

Maio foi proclamado o mês da masturbação em 1995 em homenagem à médica Joycelyn Elders, a primeira secretária de saúde negra dos EUA, demitida em 1994 pelo então presidente Bill Clinton depois de defender a inclusão da masturbação na educação sexual escolar, Elders escancarou um velho tabu, que a pandemia parece agora desempacotar. A grande maioria faz, mas ninguém fala, por tabu religioso.

O medo de contaminação fez ressurgirem os drive-in: cinemas, teatros e mesmos baladas em alguns países da Europa já são dentro do carro, em ambiente ao ar livre. Até missas são celebradas em lugares abertos, em camping, todos em seus carros.

E os casados, estão melhores que os solteiros? Como diz um amigo, na faixa dos 60 anos, “a vida sexual nos conventos e mosteiros está mais trepidante do que a minha”. A maioria insatisfeita com seu parceiro ou parceira.

A pandemia de Covid-19 e a necessidade urgente de ficarmos em isolamento têm impossibilitado os encontros e prejudicado as relações pelo excesso de convivência. Porém, para muita gente, há um impacto psicológico mais sutil, mas igualmente triste: a falta de libido. Podemos ter o amante disponível ao lado, confinado com a gente o dia todo, com mais tempo disponível e a energia vital represada entre quatro paredes, mas e a vontade de transar? Estamos receosos, ansiosos, preocupados, deprimidos para aproveitarmos o sexo.

Você acha que o amor irá conseguir sobreviver e até mesmo se fortalecer neste momento tão assustador? Na Itália, Espanha e na região de Wuhan, na China, aumentou muito o número de divórcios por causa do confinamento.

Somos seres gregários, acostumados ao convívio social, precisamos estar juntos, interagir presencialmente, e com o freio de arrumação do coronavírus, ficamos reclusos; tenho ouvido relatos de amigos e amigas, exasperados por estarem enclausurados, e isso afeta diretamente com a libido.

Não sabemos quanto tempo essa pandemia vai durar, mas temos que arranjar um jeito de reinventar o prazer; continuamos vivos, o pulso ainda pulsa. Mesmo com todos os problemas, o prazer sexual é a melhor parte da vida.

Sexo é vida, e faz bem.


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