São Luís - O Maranhão apresentou uma alta de 18% nos casos de mortes violentas (homicídio, latrocínio e lesão corporal seguido de morte) ocorridos nestes primeiros três meses deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado. No decorrer de janeiro, fevereiro e março de 2020, ocorreram 428 assassinatos, enquanto, durante os primeiros três meses de 2019, o registro foi de 350 mortes em todo o estado. Estes dados são do Monitor da Violência e foram divulgados ontem pelo site noticioso G1.

O Monitor da Violência é produzido pelo G1 em parceria com o Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O Monitor da Violência também registrou um aumento de mortes a nível nacional. No decorrer dos primeiros três meses deste ano, o registro foi de 11.908 assassinatos no país, enquanto, durante esse mesmo período do ano passado, ocorreram 10.924 casos.

A ferramenta do G1 ainda revela que mesmo durante o período de pandemia do novo coronavírus no Brasil houve um aumento de 11% na quantidade de assassinatos em março. Neste mês, ocorreram 4.146 homicídios dolosos, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte, enquanto, em março do ano passado, o registro foi de 3.729 mortes.

Números elevados

Segundo o Monitor da Violência, as mortes violentas no estado aumentaram no decorrer dos primeiros três meses deste ano. Em janeiro, o registro foi de 122 casos; em fevereiro, 144; e em março, um total de 162 assassinatos.

No mês de março, somente, homicídios dolosos foram 152 casos; latrocínio, oito; e lesão corporal seguida de morte, ocorreram dois casos no estado. Enquanto, no ano passado, no primeiro mês, 11 casos, fevereiro, 110; e no mês de março, 129 mortes.

Assassinato de indígena

O mês de março deste ano foi marcado pelo assassinato de mais um indígena no estado. A vítima desta vez foi o diretor do Centro de Educação Escolar Indígena Azuru e líder indígena da Terra Araribóia, Zezico Rodrigues Guajajara.

De acordo com a polícia, o corpo do índio foi encontrado no começo da tarde do dia 31 de março, na estrada da Matinha, nas proximidades da aldeia Zutiua, na zona rural da cidade de Arame. Desde janeiro de 2016 até o mês de março deste ano, um total de 14 índios foram mortos em decorrência do conflito com madeireiros no estado.

Ainda segundo a polícia, o corpo foi encontrado por populares e havia marcas de tiros. Policiais militares e civis como também peritos do Instituto de Criminalística foram até o local do crime. O corpo do indígena foi removido para o Instituto Médico Legal de Imperatriz para ser autopsiado e, logo após, liberado para os familiares.

Zezico fazia parte do grupo “Os Guardiões da Floresta”, que fiscaliza e se opõe ao roubo de madeira dentro da Arariboia. Estima-se que 120 indígenas ainda atuam como guardiões. Em novembro do ano passado, o guardião Paulo Paulino foi morto nessa região.

Corpos

Dez corpos deram entrada no Instituto Médico Legal (IML), no Bacanga, durante o último fim de semana do mês março deste ano. Somente no sábado, dia 28, foram sete corpos e um deles do estudante do 9º período do curso de Letras-Espanhol da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), Thalyson de Jesus Diniz Ramos, de 21 anos. A polícia informou que ele foi morto após um assalto a coletivo, na área do Ipem-São Cristóvão.

Também nesse dia ocorreu o assassinato do ex-presidiário e faccionado, Paulo Henrique Barros Pinto, o Paulinho, de 35 anos. Segundo a polícia, ele estava na porta de um bar, na Camboa, quando levou vários tiros e foi motivado em decorrência da rivalidade entre faccionados rivais.

Ainda no sábado, 28, ocorreram mais três homicídios dolosos. As vítimas foram João Matias da Costa, de 16 anos, por arma de fogo, em São José de Ribamar; Deiziane Santos Conceição, de 15 anos, por arma de fogo; e Joseclan Ferreira Barbosa, de 32 anos, por espancamento.

Mais dois corpos deram entrada nesse dia no IML. Foram identificados como Thayson Kilson de Sousa, de 26 anos, vítima de acidente de trânsito; e Walber de Ribamar Ferreira, de 46 anos. Ele foi vítima de afogamento.

No domingo, 29, três corpos deram entrada no instituto para serem autopsiados. Um deles foi de Francisco de Sousa, de 29 anos, de acordo com a polícia, vítima de arma de fogo; Antônio Luís dos Santos Teixeira, de 47 anos; e Flávio Henrique Carvalho dos Santos, de 21 anos. Eles foram vítimas de arma branca.

Saiba mais

O mês de maio ainda não terminou e já ocorreram 29 assassinatos na Grande Ilha, de acordo com os dados da Secretaria de Segurança Pública. A quantidade de mortes violentas neste mês já superou os casos registrados em todo o mês passado, que contou com 21 mortes.

Mortes violentas no Maranhão

Janeiro de 2019: 111 casos

Fevereiro de 2019: 110 casos

Março de 2019: 129 casos

Janeiro de 2020: 122 casos

Fevereiro de 2020: 144 casos

Março: 162 casos

Número

428 pessoas foram mortas a tiros ou por arma branca durante os primeiros três meses deste ano no estado

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