Lançamento

Obra de Carlos Heitor Cony ganha nova edição

"Pilatos" narra com humor as desventuras de um homem solitário vivendo no submundo carioca durante o regime militar

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Carlos Heitor Cony faleceu em 2018
Carlos Heitor Cony faleceu em 2018 (carlos heitor cony)

RIO DE JANEIRO- Lançado originalmente em 1974, Pilatos, sátira afiada aos anos castradores da ditadura militar, se tornou um clássico das letras brasileiras. Escrito por Carlos Heitor Cony, que o considerava sua grande obra-prima, o romance tem como pano de fundo um Rio de Janeiro marcado pela degradação, pela pobreza e pela violência policial. Com um enredo tão cômico quanto soturno, essa obra de peso ganha agora uma nova edição pela Nova Fronteira, que traz prefácio inédito de Homero Vizeu Araújo, professor de literatura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

No centro da original história criada por Cony está um narrador-personagem solitário que, depois de ser atropelado, acorda em um hospital para indigentes. Descobre ali mesmo que seus órgãos sexuais foram mutilados. E suas agruras não terminam aí: ao voltar para casa, acaba despejado com a roupa do corpo. Cético e melancólico, o protagonista, carregando seu membro amputado em um vidro de compota, passa a vagar pelo submundo da cidade, onde conhece personagens inusitados e se deixa levar por situações antes inimagináveis.

“É experimentação literária e provocação a traçar um quadro sombrio e opressivo dos anos 1970, emoldurado pela paisagem tropical do Rio de Janeiro”, diz Vizeu Araújo em seu texto. “O humor macabro é desconcertante e explora efeitos que não estavam muito atuantes na literatura bra­sileira de 1970 e 1980.”

Chamado de “originalíssimo” pelo crítico Otto Maria Carpeaux, Pilatos é uma obra fundamental, que merece ser lida e relida por todos os que se interessam pela história e a cultura brasileiras.

Biografia

Carlos Heitor Cony nasceu no Rio de Janeiro em 1926. Estreou na literatura ganhando por duas vezes consecutivas o Prêmio Manuel Antônio de Almeida, com os romances A verdade de cada dia e Tijolo de segurança. Considerado um dos maiores expoentes do romance neorrealista brasileiro, Cony também se dedicou com sucesso a outros gêneros: da crônica aos ensaios, das adaptações de clássicos aos contos.

Trabalhou na imprensa a partir de 1952, ano em que entrou no Jornal do Brasil. Mais tarde foi para o Correio da Manhã, no qual atuou como redator, cronista e editor. Era colunista da Folha de S.Paulo e comentarista da rádio CBN quando faleceu, no início de 2018. Ganhou em quatro ocasiões o Prêmio Jabuti na categoria Romance, duas vezes o Prêmio Livro do Ano da Câmara Brasileira do Livro e o Prêmio Nacional Nestlé de Literatura. Em 1998, foi condecorado pelo governo francês com a L’Ordre des Arts et des Lettres. Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em março de 2000.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.