Pesquisa

Estudo epidemiológico começa nesta sexta em Noronha

Ilha de Fernando de Noronha conseguiu zerar o número de infectados por Covid-19, mas os estudos tem como objetivo perceber se ainda há sinais de propagação

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Fernando de Noronha teve 28 casos registrados, sem nenhum óbito
Fernando de Noronha teve 28 casos registrados, sem nenhum óbito (fernando de noronha)

PERNAMBUCO- Pesquisadores de campo, com a colaboração dos agentes comunitários, dos agentes de endemia e de integrantes das equipes de saúde de Fernando de Noronha, começam nesta sexta-feira, 22, a primeira etapa do estudo epidemiológico que será realizado para avaliar a circulação do novo coronavírus na ilha.

Serão convidados para participar da pesquisa 900 moradores, homens e mulheres, de diversas faixas etárias, de todas as regiões da ilha, selecionados de forma aleatória. Os que aceitarem participar da pesquisa serão acompanhados pela equipe por um ano, responderão a questionários e realizarão testes par a Covid-19. O estudo fornecerá evidências para orientar ações de vigilância e controle da doença e também irá apoiar a tomada de decisão da Administração na retomada das atividades sociais e econômicas na ilha.

“Estamos fazendo um trabalho duro em Fernando de Noronha para o coronavírus não se propagar. As medidas restritivas que implementamos desde o início da pandemia resultaram no sucesso que tivemos até agora. Mas não podemos relaxar nem um pouco. Precisamos continuar com as atitudes de isolamento social, de higiene e de cuidado com o próximo. O estudo epidemiológico é mais uma arma na estratégia de combate ao vírus, para que possamos voltar à normalidade que todos nós queremos o quanto antes”, fala Guilherme Rocha, administrador de Noronha.

O estudo, aprovado na Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), vai ser distribuído em cinco fases. A primeira fase vai durar até primeira semana de junho. Depois continua em 30 e 60 dias. Após esse período, os acompanhamentos serão mais espaçados, feitos com 180 dias e 360 dias. Nestes cinco momentos os pesquisadores estarão em Noronha, auxiliando na realização dos exames e questionários, e conversando com os moradores. O material coletado será enviado para o laboratório no Recife em até 72 horas.

Ao longo da primeira etapa do estudo serão testadas 900 pessoas. A equipe da pesquisa irá até os moradores nas residências para perguntar se eles querem participar do estudo. Segundo Regina, o estudo epidemiológico vai mostrar a real situação da propagação do vírus na comunidade, inclusive se ocorre a circulação silenciosa do coronavírus na ilha. Para participar as pessoas sorteadas precisam dar o seu consentimento, autorizando a realização do questionário e a realização de exames periódicos para a detecção da Covid-19. Dessa forma, será possível compreender como essa nova doença está interferindo na vida da população.

“A colaboração da população vai nos ajudar a conhecer melhor a circulação da doença na ilha e guiar as ações de reabertura do comércio e outras ações que o administrador precisar tomar daqui para frente, a partir das informações sobre a incidência e prevalência da doença. Saberemos quem vai ter a doença ao longo desse tempo, quais os sintomas principais de quem está doente na ilha etc. Teremos várias respostas a partir do estudo, conheceremos melhor como a Covid se comporta aqui na ilha de Fernando de Noronha”, comenta Regina Brizolara, tecnologista na área de doenças transmissíveis, especialista da Secretaria Estadual de Saúde. Ela reforça que é importante continuar fazendo o distanciamento social, tomar as medidas de higiene para se prevenir a doença e continuar usando máscaras nas ruas para ilha seguir livre da doença.

Mozart Sales, especialista da Secretaria Estadual de Saúde, que está coordenando o estudo na ilha, diz que a aprovação da Conep, comissão ligada ao Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, reforça a importância e a vantagem do estudo para a população de Fernando de Noronha, um fator de proteção para a população. Salientou que a pesquisa respeita os princípios da bioética para a realização de pesquisas em seres humanos, e que estudos semelhantes estão sendo realizados em vários países desenvolvidos do mundo, como a Inglaterra.

“A população de Noronha pode ficar tranquila, porque todas as questões necessárias para uma pesquisa desse porte em seres humanos foram automaticamente garantidas, para aprovação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa. E nós vamos seguir diretamente o que está estabelecido”.

Será ofertado dois tipos de exames, um realizado com o swab, uma espécie de cotonete que é inserido no nariz e na garganta para coletar secreções respiratórias, e que identifica a doença na sua forma aguda, nas pessoas que podem ter contraído a doença há pouco tempo. E também outro exame, realizado a partir da coleta de sangue, para identificar se a pessoa já teve a doença e desenvolveu anticorpos. “É uma pesquisa completa, de maior amplitude em relação ao que está sendo realizado em outros estudos no território brasileiro”, comenta Mozart Sales.

Odorico Monteiro, médico da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) do Ceará, que faz parte da equipe do estudo no arquipélago, elogia as ações de Noronha no combate à doença.

“Fernando de Noronha hoje representa para o Brasil duas ilhas. A ilha real, oceânica, de muita beleza. Mas também uma ilha de sucesso. Digo isso quando analisamos os 28 casos confirmados, seguido dos mesmos 28 recuperados, zero óbitos e nenhum em investigação. A capacidade de propagação do vírus precisa ser estudada. Por isso a importância da pesquisa em Fernando de Noronha. Nós temos que nos apoiar na ciência, porque através das pesquisas podemos registrar o que chamamos da prevalência do vírus na ilha e a capacidade de propagação”.

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