Violência

Seis assassinatos no mês de maio na Grande São Luís

Preocupam os casos decorrentes de rivalidade entre facções, como na Camboa/Liberdade

Nelson Melo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
(Arma)

São Luís - Dados da Secretaria de Segurança Pública do Maranhão (SSP/MA) mostram que, em maio, já foram registrados, na Região Metropolitana de São Luís, seis homicídios dolosos, definidos como sendo aquele em que o agente quer o resultado morte ou assume o risco de produzi-lo. Até o momento, não aconteceram latrocínios, roubos que culminam em óbito da vítima, neste mês. A grande preocupação são os casos decorrentes de rivalidade entre facções criminosas, como está ocorrendo na região da Camboa/Liberdade.

Conforme o portal da SSP/MA, com base em dados do Instituto Médico Legal (IML) e da Superintendência de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP), o primeiro assassinato aconteceu no dia 4, por volta das 14h45, na Cidade Olímpica, em São Luís. Lá, mataram Deyson Abreu Silva, que tinha 24 anos. Ele foi assassinado com disparos de arma de fogo, em circunstâncias ainda investigadas pela Polícia Civil, segundo o Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops).

No dia 7, por volta das 20h30, Valdeilson dos Anjos Neves, 40, foi assassinado no Gapara, na região Itaqui-Bacanga. No dia seguinte, houve um homicídio na Cidade Operária, onde mataram Paulo Roberto Moreira Pereira, 34, perto das 20h. Em 9/05, desconhecidos executaram a tiros Marcos Roberto Lopes Pereira, 31. Esse crime aconteceu na Vila São Sebastião, no Polo Coroadinho.

Violência na Camboa

Maio está sendo marcado pela retomada dos confrontos entre facções criminosas na área da Camboa/Liberdade. Recentemente, em menos de 48 horas, duas pessoas foram mortas ali em decorrência desses conflitos. No sábado, 9, executaram Carlos Augusto Reis Máximo Filho. De acordo com o Ciops, “Gugu Branco”, como era conhecido, foi baleado por volta das 9h, quando passou um carro, de modelo desconhecido, que estava ocupado por três homens.

Ele, ao observar o veículo passando lentamente, desconfiou e correu para dentro de sua casa, mas, nesse movimento, foi atingido por vários disparos de arma de fogo. Carlos Augusto ainda conseguiu cambalear até o fundo do imóvel, onde caiu morto perto de um portão. A investigação aponta que os autores desse assassinato são dos apartamentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Camboa, onde faccionados rivais estão morando.

Um informante teria avisado os executores sobre a presença de “Gugu Branco” na porta de casa. Carlos Augusto era muito temido naquela comunidade. Ele tinha várias passagens em delegacias e no presídio. Carlos Augusto teria comandado a invasão de faccionados na Camboa, no início deste ano. Em um vídeo que circulou nas redes sociais e que foi utilizado pela Polícia Civil na investigação, ele aparece exibindo pistolas e outras armas de fogo potentes, que foram utilizadas no ataque ao grupo inimigo.

Pouco depois, Carlos Augusto foi preso com uma pistola e dois revólveres. Ele estava sendo procurado pela Diretoria de Inteligência e Assuntos Estratégicos (DIAE) e pela Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic). Em 16 de agosto de 2017, “Gugu Branco” havia sido preso quando uma “saidinha bancária” foi evitada pela Polícia Civil, no bairro do João Paulo, em São Luís, na porta do Banco Itaú.

Policiais das superintendências Estadual de Investigação Criminal e de Homicídios e Proteção à Pessoa participaram da operação, que resultou, ainda, na captura de Carlos André Rocha Veloso, 30, o “Gugu de Brasília”. Carlos Augusto e o comparsa estavam ao lado da agência bancária, aguardando a vítima, que sairia do banco com uma grande quantidade de dinheiro, para atacá-la e levar a grana em uma motocicleta.

Porém, como os policiais já os monitoravam, os dois foram abordados e flagrados com um revólver calibre 38, contendo cinco munições intactas, como foi informado na época pela Seic. Para não chamar a atenção, um dos bandidos, inclusive, trajava um uniforme da Cemar. Encaminhados à Seic, os dois capturados foram autuados por associação criminosa e porte ilegal de arma de fogo.

Morte na Liberdade

Quando tudo parecia calmo na região e nada indicava que outra pessoa seria morta em pouco tempo, outro crime ocorreu, no final da tarde de segunda-feira, 11, pouco antes das 18h. Na ocasião, mataram Aldemir Diniz Chagas, conforme foi identificado por moradores. A Polícia Civil está apurando se esse caso tem relação com outro homicídio registrado naquela área, no último fim de semana, quando executaram Carlos Augusto Reis Máximo Filho.

Segundo informado pelo Centro Integrado de Operações de Segurança, a partir de informações colhidas com o 9º Batalhão de Polícia Militar (BPM), a morte de Aldemir aconteceu na Rua Augusto de Lima, nas proximidades da galeria de esgotos. Populares disseram aos militares que ouviram vários disparos de arma de fogo e que o episódio foi caracterizado como um confronto entre facções criminosas rivais. O embate teria ocorrido como resposta ao assassinato de “Gugu Branco”.

Durante o confronto, nenhum morador se atreveu a bisbilhotar pela janela das casas, com medo de ser atingido por uma bala perdida. Somente ao final do tiroteio, apareceram pessoas na rua. No chão, verificaram o corpo de Aldemir Diniz, que foi alvejado fatalmente. No tórax da vítima, havia perfurações de arma de fogo, como os peritos do Instituto de Criminalística de São Luís (Icrim/São Luís) verificaram no exame forense.

Investigação aponta execução

No entanto, levantamento feito no local mostrou que não aconteceu nenhum confronto, como moradores relataram, e que o fato se caracterizou como uma execução, mesmo. Conforme o delegado Arthur Benazzi, que estava no Plantão da Superintendência de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP), a equipe conseguiu colher várias informações valiosas para a investigação policial. Em breve, segundo ele, a autoria do assassinato será desvendada.

O que se sabe até o momento é que pelo menos três pessoas estão envolvidas na execução de Aldemir, que era considerado membro de uma facção criminosa, mas com pouca expressão no grupo, diferentemente de “Gugu Branco”, que exercia uma função importante no grupo

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