Coronavírus

Explosão de casos da Covid-19 no interior do MA pressiona prefeitos

Prefeitos de fora da Ilha de São Luís estavam liberados pelo governador Flávio Dino para decidir sobre funcionamento de atividades não essenciais

Gilberto Léda/ Da editoria de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Prefeita Jully Menezes, de Arame, decidiu por lockdown
Prefeita Jully Menezes, de Arame, decidiu por lockdown (Jully Meneses)

O avanço do novo coronavírus (Covid-19) pelo interior do Maranhão tem sido um ponto de pressão sobre as gestões de prefeitos em todo o estado. Desde o mês passado, por força de decreto, o governador Flávio Dino (PCdoB), decidiu segregar o território maranhense basicamente em duas regiões: a Grande Ilha, compreendendo os quatro municípios da Região Metropolitana de São Luís, e o continente, com os demais 213 municípios.

Na primeira, definiu regras mais duras de funcionamento das atividades comerciais, como forma de reduzir a circulação de pessoas - o que culminou com uma decisão judicial determinando o bloqueio total (lockdown) e um posterior decreto pela instituição de um rodízio de veículos.

No interior, deixou aos gestores municipais a possibilidade de definir regras mais brandas, ou rígidas, de acordo com a realidade de cada cidade.

Na prática, até agora, apenas dois prefeito decretaram lockdown no continente: Raimundo Neto, em Nina Rodrigues, e Jully Menezes em Arame. Nos demais, as medidas seguem mais frouxas que na capital.

Mas, os novos casos da doença interior adentro começaram a ser mais que na Região Metropolitana de São Luís. Boletim epidemiológico emitido pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) na quarta-feira, 13, por exemplo, aponta que houve 138 registros da Covid-19 nos quatro municípios da Ilha, contra 551 no continente. Um dia antes, na terça-feira, 12, os números já haviam sido parecidos: 166 novos casos em São Luís e entorno, contra 420 do interior.

Preocupação

Em entrevista ao programa Ponto Final, da Rádio Mirante AM, na manhã de ontem, o secretário de Estado da Saúde, Carlos Lula, admitiu preocupação com essa mudança de panorama, mas garantiu que o governo tem se preparado para a virada.

“A gente tem um plano de ação para modificar o perfil das nossas unidades [no interior]. A gente vai modificar o perfil de Pinheiro, Santa Inês, Coroatá, Imperatriz para colocar essas unidades macrorregionais exclusivas para coronavírus. Barreirinhas já tem uma ala, Peritoró já tem metade do hospital voltado para o cuidado com a Covid-19, vamos inaugurar em Lago da Pedra e Santa Luzia do Paruá”, disse.

Ele acrescentou que o Estado pretende inaugurar mais unidades, mas admitiu problemas com o fornecimento de oxigênio. E deu mais detalhes sobre novos hospitais que devem ser inaugurados em breve.

"A gente tá com um problema hoje que é sobre rede de oxigênio, não estamos conseguindo empresas que queiram fazer, colocar o tanque ou a usina de oxigênio, para fornecer oxigênio aos hospitais. Nesse momento há uma demanda muito elevada de todos os estados da federação, mas a gente está lutando pra isso. Aí o quanto antes inaugurar Santa Luzia do Paruá e Lago da Pedra, também os dois nesse momento exclusivos para Covid-19. No sábado, eu estarei em Açailândia, para inaugurar o Hospital da Vale, hospital de campanha de Açailândia em parceria com a Vale e a prefeitura municipal. Ele já está pronto. A gente já entrega os primeiros 20 leitos dele, sendo quatro leitos de estabilização, no sábado, às 10h”, completou.

Dino: medidas podem salvar 1,5 mil em 15 dias

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), afirmou na noite de quarta-feira, 13, durante entrevista ao canal dos Jornalistas Livres no YouTube, que pelo menos 1,5 mil pessoas podem ser salvas nas próximas duas semanas em virtude das ações de isolamento adotadas no estado nos últimos dias como medidas não farmacológicas contra a expansão do novo coronavírus (Covid-19).

O comunista citou um estudo do professor Paulo Silva, maranhense que leciona no Departamento de Matemática da Unicamp, que aponta para esses dados.

“Há, também, um maranhense que é professor da Unicamp, chama Paulo [Silva], que é do Departamento de Matemática, [que] fez um estudo muito interessante, mostrando que, em 14 dias, as medidas preventivas, no caso do Maranhão, poupam 1,5 mil vidas. 1,5 mil pessoas deixam de morrer exatamente em razão da prevenção”, declarou o governador.

Segundo Dino, posicionamentos contrários ao isolamento e distanciamento sociais têm caráter mais ideológico que científico.

“Estranho é que há pessoas que, por motivos ideológicos, às vezes por belicismo, por falta mesmo de bom senso, acham que as medidas preventivas são dispensáveis, quando os indicadores mostram exatamente o contrário. Eu tenho estudos de professores aqui da Universidade Federal do Maranhão”, relatou.

O governador do Maranhão também comentou o resultado do bloqueio (lockdown) total na Região Metropolitana de São Luís, em vigor desde o dia 5 de maio. Para ele, mesmo sem maior rigor na fiscalização, ou de punição de eventuais desrespeitos ao decreto estadual, a adesão da população foi satisfatória.

"Saldo é positivo na medida em que houve uma alta adesão social. Não integral, naturalmente, porque é muito difícil obter uma adesão de 100%, até porque há as condições sociais de vida do povo, que também complicam: submoradia, palafita, favela, tudo isso são obstáculos concretos. Não é uma questão de a pessoa querer, ou não. É que é muito difícil, em razão da desigualdade social brutal que o Brasil tem. Então, você não pode encarcerar todo mundo. Eu era cobrado por isso, paradoxalmente. Havia vozes aqui, que são contra o governo, e que achavam que eu tinha que sair prendendo todo mundo no meio da rua”, completou.

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