Negativo

Identidade preservada: Bolsonaro usou codinomes em testes da Covid-19

Exames do presidente da República foram divulgados na tarde desta quarta-feira, 13, após o STF determinar a disponibilidade dos laudos em ação do jornal O Estado de São Paulo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Resultados do exame do presidente da República foi divulgado por determinação do Supremo Tribunal Federal
Resultados do exame do presidente da República foi divulgado por determinação do Supremo Tribunal Federal (Exame bolsonaro)

Brasília - O presidente Jair Bolsonaro usou dois codinomes no cadastro do laboratório onde ele fez os exames para o novo coronavírus. Os laudos recebidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e tornados públicos nesta quarta-feira, 13, atestam que Bolsonaro teve resultado negativo, por três vezes, nas análises.

Embora, por questão de segurança, o registro laboratorial tenha sido feito com nomes falsos, a data de nascimento nos documentos é, de fato, a do presidente. Além disso, o RG e CPF informados são iguais ao da ficha de candidatura do presidente existente no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

"Para a realização dos exames foram utilizados no cadastro junto ao laboratório conveniado Sabin os nomes fictícios Airton Guedes e Rafael Augusto Alves da Costa Ferraz, sendo preservados todos dados pessoais de registro civil junto aos órgãos oficiais", diz o ofício do Comandante Logístico do Hospital das Forças Armadas, Rui Yutaka Matsuda.

Os exames de Bolsonaro só foram divulgados após o jornal "O Estado de S. Paulo" entrar na Justiça pedindo acesso.

Antes, o presidente já havia anunciado os resultados negativos em redes sociais, mas se recusava a mostrar os laudos em si.

O processo chegou ao Supremo Tribunal Federal e, na noite desta terça (12), a Advocacia-Geral da União (AGU) forneceu os laudos ao ministro relator, Ricardo Lewandowski. Os papéis foram mantidos em envelope lacrado e, no início da tarde, Lewandowski determinou a inclusão nos autos, sem sigilo.

"Determino a juntada aos autos eletrônicos de todos os laudos e documentos entregues pela União em meu gabinete, aos quais se dará ampla publicidade", afirmou o ministro na decisão.

A ação movida pelo "Estadão" foi marcada por idas e vindas. O jornal chegou a receber decisões favoráveis, com a determinação de que o exame fosse entregue em 48 horas, mas o governo conseguiu reverter a ordem no Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3).

O jornal recorreu, então, ao Supremo. Nesta terça, a AGU decidiu entregar os laudos antes mesmo de uma decisão do ministro Lewandowski.

Sequência de testes

O primeiro exame foi feito por Jair Bolsonaro logo após o retorno de uma viagem oficial aos Estados Unidos, em março. Naquele momento, uma TV americana chegou a afirmar que o presidente tinha sido contaminado, sem apresentar documentos.

Ao longo daquele mês, pelo menos 23 pessoas que participaram da viagem oficial testaram positivo para a Covid-19. O primeiro diagnóstico foi do secretário de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten, que já voltou ao Brasil isolado no avião e fez o teste após o desembarque.

Dias depois, Bolsonaro repetiu o teste como parte do protocolo de segurança, para evitar um falso negativo motivado pela chamada "janela imunológica". O presidente voltou a anunciar resultado negativo, sem apresentar qualquer comprovação.

O terceiro exame não foi divulgado pelo presidente em rede social, mas consta na lista de documentos entregues pela AGU.

Falta de cuidado

Os resultados de Jair Bolsonaro no teste de coronavírus geraram preocupação porque, desde o início da pandemia, o presidente da República infringiu, diversas vezes, os protocolos de distanciamento social e isolamento recomendados pelas autoridades de saúde.

Dias após voltar dos Estados Unidos, e já com a informação de que parte da comitiva estava contaminada, Bolsonaro rompeu o isolamento recomendado pelos médicos da Presidência da República e participou de um protesto na Esplanada dos Ministérios.

No ato, o presidente cumprimentou, abraços e tirou fotos com simpatizantes.

Fio Cruz

A Fiocruz confirmou nesta quarta-feira, 13, que recebeu e processou amostras enviadas pelo Palácio do Planalto para diagnóstico molecular do vírus SARS-CoV-2, responsável pela covid-19. A instituição acrescentou que o material enviado não tinha identificação por nome, apenas por número. E não constava, portanto, o nome do presidente da República, Jair Bolsonaro.

Segue a integra da nota oficial divulgada nesta quarta-feira, 13: "A Fiocruz, enquanto referência para diagnóstico molecular de SARS-CoV-2, confirma que recebeu e processou amostras enviadas pelo Palácio do Planalto, de acordo com o método de RT-PCR em Tempo Real. O material enviado não tinha identificação Não constava, portanto, o nome do presidente."

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