Saúde defasada

MA tem menor proporção de médicos e é penúltimo em respiradores

Pesquisa do IBGE revelou que o estado é o antepenúltima em número de leitos de UTIs, outra condição desfavorável para tratar o novo coronavírus

Daniel Matos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Leito de UTI: Maranhão ocupa antepenúltima posição em estrutura de tratamento intensivo de saúde
Leito de UTI: Maranhão ocupa antepenúltima posição em estrutura de tratamento intensivo de saúde (uti ibge)

O Maranhão é o estado que apresenta a menor proporção de médicos por 100 mil habitantes. É o que revela pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que informa, também, a distribuição de leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs), a média de respiradores e enfermeiros por unidades da federação. Em todos os quesitos, o Maranhão aparece nas últimas posições. Os dados são de 2019 e foram gerados em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), para contribuir com as ações de enfrentamento à Covid-19. As informações estão disponíveis para consulta em mapas interativos do hotsite covid19.ibge.gov.br.

Quanto à proporção de médicos em relação à população em geral, o Maranhão amarga a última posição, com uma taxa de 81 profissionais por 100 mil habitantes, seguido do Pará, com 85. Conforme a pesquisa, os estados com menos médicos estavam concentrados justamente no Norte e no Nordeste. Por outro lado, a melhor média é a do Distrito Federal, onde há 338 médicos para cada 100 mil habitantes.

UTIs

Em relação ao número de leitos de UTIs, o Maranhão também ocupa as últimas posições do ranking nacional. Com apenas oito leitos para cada 100 mil habitantes, o estado é apenas o antepenúltimo colocado, junto com Tocantins e Pará, e à frente apenas do Acre, onde há cinco leitos, e Roraima, que aparece em último lugar, com apenas quatro leitos de UTI para cada 100 mil habitantes.

O Distrito Federal possuía, no ano passado, o maior número de leitos de UTIs do país, fundamentais para o atendimento de pacientes graves com Covid-19. Nas unidades de saúde da capital federal, o índice foi de 30 leitos por 100 mil habitantes. Rio de Janeiro (25), Espírito Santo (20), São Paulo (19) e Paraná (18) são os estados melhores equipados.

“Os dados mostram, de modo geral, que a desigualdade no país se repete na distribuição de recursos humanos e materiais na saúde. Sudeste e Sul são mais bem equipados que o Norte e Nordeste. Essa diferença também pode ser vista dentro dos próprios estados, como Minas Gerais, em que a distribuição é desigual por regiões”, comentou o coordenador de Geografia e Meio Ambiente do IBGE, Cláudio Stenner.

Respiradores

O cruzamento de dados também revela a distribuição de respiradores, equipamentos que realizam ventilação mecânica em pacientes com dificuldades respiratórias graves, nas unidades de saúde do país. Novamente, o Distrito Federal lidera, com índice de 63 respiradores por 100 mil habitantes, seguido pelo Rio de Janeiro (42), São Paulo (39), Mato Grosso (38) e Espírito Santo (35).

Já o Maranhão está na penúltima posição, junto com o Piauí, com apenas 13 respiradores por 100 mil habitantes. Acompanhando a tendência revelado quanto ao número de médicos e de leitos de UTI, estados do Norte e Nordeste são os menos equipados. Em situação semelhante à local estão Amapá (10 respiradores), Alagoas (15) e Acre (16).

No Maranhão também está situada a região com maior população, mas nenhum registro de respiradores: Governador Nunes Freire, onde há 149 mil habitantes e zero equipamento.

Enfermeiros

No Maranhão, a proporção de enfermeiros em relação à totalidade da população também é uma das piores do Brasil. O estado tem 106 profissionais por 100 mil habitantes e, nesse quesito, tem situação melhor apenas do que Pará (76), Alagoas (101), Goiás (101), Sergipe (102) e Amazonas (103).

A distribuição de enfermeiros também é maior no Distrito Federal. São 198 profissionais por 100 mil habitantes. Tocantins (178), Paraíba (149), São Paulo (143), Rio de Janeiro (140) e Rio Grande do Sul (138) também se destacam na comparação.

Outra preocupação no enfrentamento ao vírus é o número de pessoas que vivem sob o mesmo teto, já que é difícil prover o isolamento interno caso haja contágio. No Brasil, 18,4 milhões de pessoas (9,7% da população) moravam em domicílios com uma densidade de moradores por dormitório superior a três. De novo, o Maranhão aparece como destaque.

O levantamento partiu do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde 2019 (DataSUS), que reúne as redes pública e privada, e das Informações de Deslocamento para Serviços de Saúde 2018, cujos dados foram antecipados pelo IBGE.

Box

Médicos por 100 mil habitantes: 81 (último)

Respiradores por 100 mil habitantes: 13 (penúltimo)

Leitos de UTI por 100 mil habitantes: 8 (antepenúltimo)

Enfermeiros por 100 mil habitantes: 106 (sexto pior)

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