Anderson Lindoso

"Desde o primeiro momento estamos preocupados com os artistas que vivem da cultura"

Secretário de Estado da Cultura fala com exclusividade sobre a possibilidade de transferência de data dos festejos juninos, mas tudo dependerá das medidas futuras de flexibilização quanto à aglomeração de pessoas

Evandro Júnior

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Anderson Lindoso falou sobre as ações culturais
Anderson Lindoso falou sobre as ações culturais (Anderson Lindoso)

SÃO LUÍS- Todos os setores da sociedade foram prejudicados pela crise sanitária, alguns menos, outros bem mais. Nesta entrevista exclusiva a O Estado, o secretário de Estado da Cultura, Anderson Lindoso, fala sobre os reflexos da pandemia sobre as ações culturais no Maranhão, com ênfase no São João 2020. O gestor da pasta também detalha as medidas tomadas pela Secretaria de Estado da Cultura no sentido de minimizar os transtornos, a exemplo do lançamento de editais de apoio. Além disso, o secretário explica os ensinamentos trazidos pela crise e como a pasta passará a atuar no pós-pandemia.

Com a crise decorrente da pandemia da Covid-19, sabemos que não haverá programação de São João 2020 no Maranhão. A Secretaria, em algum momento, foi procurada pelas comunidades ou grupos folclóricos a respeito da possibilidade de haver?

Logo que os reflexos da crise sanitária mundial afetaram as atividades culturais com aglomeração de pessoas, a própria Secretaria de Estado da Cultura (Secma) buscou o diálogo com fazedores de cultura do estado. Buscamos o Conselho Estadual de Cultura para que realizasse uma consulta e pudéssemos nos reunir. A preocupação, naquele momento, eram as ações imediatas para diminuir os prejuízos, passar orientações e pedir a colaboração, para que pudéssemos seguir todas as recomendações das autoridades da saúde. De forma unânime, recebemos o retorno de colocar a saúde pública em primeiro lugar e suspender ensaios e eventos até termos segurança e liberação por parte das autoridades competentes. Esse diálogo se mantém constante e sempre somos procurados para repassar novidades sobre o cenário atualizado.

Há alguma possibilidade de transferência de data?

Existe, sim, a possibilidade. Tudo depende da orientação das autoridades de saúde para liberação de eventos com aglomeração de pessoas. Nos diálogos que mantemos com os grupos, acordamos sempre que, tão logo haja flexibilização quanto à aglomeração de pessoas, nós nos reuniremos para debater o novo calendário cultural do estado.

Nós sabemos que a festa é extremamente importante para a economia maranhense. Em sua opinião, quais serão os impactos decorrentes?

O São João, assim como o Carnaval, não se resume apenas às apresentações nos arraiais durante o mês de junho. Temos uma cadeia produtiva muito grande que dura o ano inteiro. Desde os ensaios e seleções de brincantes, passando pela confecção de fantasias e instrumentos. Os prejuízos atingem todos nessa cadeia. Instrumentistas, costureiros e costureiras, artesãs e artesãos, técnicos e técnicas de som, montagem de estruturas, o turismo com os hotéis e restaurantes. Toda essa cadeia produtiva sofrerá impacto nesse momento no qual a saúde pública é a prioridade de todos.

Há planejamento no sentido de repasse de verbas aos grupos folclóricos, já que muitos sobrevivem de suas apresentações culturais?

Desde o primeiro momento estamos preocupados com os artistas que vivem da cultura. O governador Flávio Dino foi o primeiro em todo o Brasil a lançar um edital para contemplar apresentações com transmissão via internet. Estamos passando por um momento que exige união e não cabe pensar em cultura que não seja como um todo. Os grupos estão cientes que os impactos atingem a todas as linguagens e as ações são conjuntas para minimizar os prejuízos para todos. E a cada período, estamos reavaliando o cenário e lançando novas ações.

O governo está com um edital audiovisual em andamento. Haverá algum atraso na seleção e liberação de recursos devido à pandemia? Quais as previsões?

Toda a Secretaria de Estado da Cultura está trabalhando em casa. O trabalho não parou. Mesmo com prazos administrativos suspensos, estamos trabalhando e nos reunindo por plataformas via internet todos os dias, planejando ações para o período durante e pós-pandemia. Dessa forma, não haverá atrasos, pelo contrário, estamos trabalhando com a meta de antecipar prazos para movimentar mais a economia da cultura com a aplicação de recursos públicos. Já o fizemos em outros editais e estamos trabalhando para que o mesmo aconteça com o audiovisual.

Há algum planejamento em relação às artes no geral neste período de paralisação das atividades?

Já foram lançados dois editais do Programa Conexão Cultural, nos quais todos os inscritos foram contemplados. Mais que números, o governador Flávio Dino enxergou família nas inscrições feitas e determinou que ninguém ficasse de fora para que pudéssemos, de alguma maneira, ajudar esses trabalhadores que, por força de uma crise sanitária mundial, perderam os palcos de onde tiram seu sustento.

O que a Secretaria de Estado da Cultura planeja no que diz respeito às ações pós-pandemia?

Depois da pandemia, certamente passaremos por uma reinvenção na forma de fazer a promoção da cultura. Neste período, durante a pandemia, já observamos que a cultura invadiu as redes sociais e temos muitas apresentações ao vivo nas mais variadas plataformas. Planejamos utilizar cada vez mais esse espaço para alcançar um público ainda maior, sem deixar de lado as tradições. Fazer treinamentos de como utilizar esses meios e fazer com que a cultura maranhense saia mais forte com novos caminhos desse momento tão complicado que estamos vivendo.

De que maneira os representantes dos grupos folclóricos podem manter contato com os gestores da Secretaria de Cultura neste período de pandemia?

Temos linhas para que toda a população possa ter acesso: por meio WhatsApp, para informações sobre processos e dúvidas de assuntos relacionados à cultura, um e-mail e também as redes sociais. O contato por meio do WhatsApp é 98576-5783; e do e-mail: gabsec@secma.ma.gov.br.

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