Artigo

Contenção, mitigação e supressão

José Márcio Soares Leite*

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20

Em meio à pandemia da Covid-19, todas as autoridades em saúde pública e os profissionais de saúde estão focados em achatar a curva de contágio do vírus, para evitar o colapso da rede de serviços de saúde pública e privada e proteger, principalmente, os grupos de risco. Essas medidas de prevenção que vem sendo adotadas compreendem a contenção, a mitigação e a supressão.

As medidas de contenção são adotadas no início de uma epidemia para evitar o contágio da maioria da população, buscando erradicar o vírus. Nessa fase, os principais atos são o rastreamento, por meio de testes para a doença, e o isolamento. A Coreia do Sul conseguiu controlar o quadro da doença por meio da contenção. O limite da medida de contenção é quando o vírus se instala na sociedade e as autoridades perdem o controle do rastreamento. Aí a contenção não funciona mais.

Na fase da mitigação, sabe-se que não será possível evitar todos os contágios. Assim, o objetivo é diminuir o avanço da pandemia, sem necessariamente detê-la, com medidas moderadas. Busca-se, então, evitar que o vírus atinja os grupos de risco: idosos, diabéticos ou hipertensos. Nesse estágio, algumas das ações são: suspender aulas, fechar lojas e restaurantes, cancelar eventos esportivos, congressos, shows e espetáculos. É o que está acontecendo no Brasil e nos Estados Unidos, por exemplo.

De forma mais radical, a supressão busca romper as cadeias de transmissão do vírus, com o distanciamento social de toda a população, como fez a China. Nesse caso, a quarentena é obrigatória e os testes para diagnóstico da Covid-19 devem feitos em massa. Também acontece o fechamento de escolas e comércios.

No momento em que buscamos referências no exterior sobre o conduzir desse processo no Brasil, é importante sabermos que a Alemanha iniciou neste 20 de abril a flexibilização gradual da quarentena com a abertura de algumas lojas de até 800 m2 de área, além de escolas secundárias e igrejas em alguns estados alemães. Esse retorno gradual às atividades, sequencialmente se processou em três etapas. A primeira etapa foi possível alcançar graças aos investimentos de longo prazo já feitos. O país tem uma das maiores taxas de leitos de UTI por habitante do mundo, totalizando 40 mil leitos, com a chegada da pandemia, os quais são monitorados, permitindo a centralização da regulação médica e por conseguinte a informação sistemática de onde existem vagas em todo o país.

Na segunda etapa, para reduzir o ritmo de infecções, o Governo alemão investiu pesado em testes diagnósticos. Foram 1,7 milhão de testes feitos até o momento. Os testes permitem às autoridades saber onde estão as cadeias de infecção, em que região, em que cidade ou parte da cidade. Quando o teste é positivo, as autoridades fazem o rastreamento de todos que entraram em contato com essa pessoa.

A terceira etapa compreende uma medida de longo prazo, pois considerando que ainda não existe uma vacina nem um tratamento específico comprovadamente eficaz para a cura da Covid-19, eles estão estudando a imunidade do corpo humano, por meio de testes que objetivam mensurar que percentual da população desenvolveu anticorpos contra a doença.

Creio que essa sequência de medidas adotadas na Alemanha para o controle do vírus sars-cov-2, foi importante e viável do ponto de vista epidemiológico e social e espero que experiências como estas sejam aplicadas em outros países como o Brasil.

* Médico, Professor Doutor em Ciências da Saúde, coordenador do Curso de Medicina do UNICEUMA, presidente da Academia Maranhense de Medicina e membro da AMC, do IHGM, da APLAC, da SBHM e da FBAM

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