O Coletivo Matuba, criado por um grupo de estudantes de teatro e dança da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UNIRIO), vem promovendo a cultura popular maranhense por meio do audiovisual na web. O coletivo, que já recebia grupos e mestres maranhenses e de todo o Brasil para oficinas e apresentações, com o início da pandemia de Covid-19 e as medidas preventivas, pensou em uma maneira de continuar desenvolvendo suas pesquisas e troca de conhecimentos. Toda semana, desde o início de abril, divulgam um novo filme no Cine Popular Coletivo Matuba e realizam, às sextas feiras, uma live com o diretor da produção, pesquisadores e grupos de cultura retratados no filme. Nesta sexta-feira (8), às 18h30, será a vez de “Brincando na Floresta”, filme da jornalista Giselle Bossard. Participam da transmissão ela, Talyene Melônio (índia do Boi da Floresta e filha de mestre Apolônio) e Nadir Cruz (presidente do grupo).
O filme foi produzido por meio do projeto São Luís nos 4 Cantos (Mil Ciclos Filmes/Fabrika), em 2013, e retrata Mestre Apolônio Melônio e o grupo por ele criado, com enfoque, além da vida do Mestre, na figura do cazumba e na juventude da periferia de São Luís, no bairro Floresta/Liberdade.
Juliana Manhães, maranhense que trabalha com teatro e dança na linha popular no Rio de Janeiro, é um das idealizadoras do Matuba e do Cine. Atriz e professora da UNIRIO, há 20 anos tem o coletivo As Três Marias, que reúne maranhenses, cariocas, pessoas que realizam brincadeiras nas ruas, como festas e oficinas ligadas à cultura popular do Maranhão, conta sobre a escolha da programação.
"A gente começou com os sotaques do bumba meu boi do Maranhão, com a participação dos convidados nas lives. A primeira sessão que fizemos foi com o filme ‘Matança’, de Maria Mazilo, e live com ela e o grupo Flor de Matinha, depois tivemos Mané Rabo, de Beto Matuck, com a participação do filho de Mestre Eliézio, o Eliezer, e do grande pesquisador, o mestre Jandir Gonçalves, conhecedor da cultura maranhense. Na terceira semana tivemos ‘Guriatã’, sobre Mestre Humberto Maracanã, filme de Renata Amaral e live com ela. Semana que vem temos boi de zabumba, com ‘É Zabumba’, de Luciana Gonçalves”.
Para Giselle Bossard, que teve um contato mais próximo com o Boi da Floresta a partir das gravações do filme, toda homenagem aos mestres deve ser feita com eles em vida e as pessoas devem conhecer os grupos em seus terreiros, descobrir mais sobre a realidade que vivem. "Sempre é hora de cuidar dos nossos mestres. Encontrei no grupo uma mulher muito guerreira, que é a Nadir, viúva do mestre e incentivada por ele a assumir o grupo. A gente vê só a brincadeira, mas não para e pensa sobre como é a realidade dos brincantes, seu dia a dia, os desafios e superações dos grupos. No São João é a catarse deles, a hora de brilhar, de esquecer tudo de ruim que possa ter acontecido e levarem alegria, ao mesmo tempo que enchem as suas almas para continuar brincando e vivendo", diz ela.
“Quis fazer um filme em que pudessem se reconhecer por meio dele. Fico feliz que pela iniciativa do Coletivo Matuba, mais gente possa assistí-lo, e a sabedoria do mestre Apolônio sendo lembrada, assim como o legado que deixou", completa.
Brincando na Floresta pode ser assistido no link: https://m.youtube.com/watch?v=o083wgkU_EM&t=193s
Os filmes apresentados pelo Cine Popular Coletivo MATUBA estão disponíveis no Canal de Juliana Manhães no YouTube: https://m.youtube.com/watch?v=o083wgkU_EM&t=193s
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