Pedido de Guedes

Bolsonaro deve vetar reajuste ao funcionalismo público

Item cujo veto foi defendido por Guedes foi incluído em pacote pelo Congresso e teve aval de Bolsonaro

Folha de S. Paulo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
(Bolsonaro)

Numa visita surpresa ao presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que vai vetar um dispositivo analisado pelo Congresso que libera reajustes ao funcionalismo público.

Com isso, o mandatário atende a seu ministro da Economia, Paulo Guedes, mas promete vetar um trecho do pacote de ajuda a estados e municípios cuja aprovação teve o aval do próprio Palácio do Planalto.

"Eu sigo a cartilha de Paulo Guedes na Economia. Não é de maneira cega, é de maneira consciente e com razão. Se ele [Guedes] acha que deve ser vetado esse dispositivo, assim será feito", declarou Bolsonaro, na saída do STF.

O presidente disse que a crise do coronavírus extinguiu cerca de 10 milhões de empregos e que os informais perderam, na média, 80% do seu poder aquisitivo. "Estão sobrevivendo basicamente em cima do auxilio emergencial que acaba em dois meses", disse, para em seguida voltar ao caso dos funcionários públicos.

"Uma proposta do presidente da Câmara [Rodrigo Maia] era de cortar 25% [do salário] para todo mundo. O Paulo Guedes decidiu que poderia ser menos drástico. Apenas fazer que até dezembro do ano que vem não tivéssemos reajuste. Assim foi combinado e acertado", acrescentou o presidente.

A visita ao STF ocorreu de surpresa. Após se reunir no Planalto com Guedes e com uma comitiva de empresários e de representantes da indústria, Bolsonaro deixou o Palácio do Planalto e cruzou com o grupo a Praça dos Três Poderes. Na audiência arranjada de última hora com Toffoli, Guedes pediu o veto de Bolsonaro.

“Vamos pedir para que vete o aumento de salários do funcionalismo até dezembro do ano que vem, porque em um momento em que milhões de brasileiros estão sofrendo a ameaça do desemprego, a economia pode se desintegrar. A contribuição do funcionalismo que pedimos é simplesmente não pedir aumentos por um ano e meio”, disse o ministro.

Guedes ressaltou que o projeto de socorro a estados e municípios injetará R$ 60 bilhões nos cofres dos entes da federação e que, se os servidores não receberem reajuste, esse número pode ser maior que o dobro.

"Se não houver aumento esse ano e ano que vem, são mais de R$ 130 bilhões. Então, estados terão a capacidade de proteger a população, fazer a máquina rodar, desde que isso não vire aumento do funcionalismo. Salário do funcionalismo está bastante acima e tem estabilidade de emprego no momento em que milhões estão perdendo empregos”, argumentou.

Fazendo um relato dos contatos do governo com os empresários, Guedes disse que a economia brasileira "começa a ir para a UTI".

"Embora preservados os sinais de vida da indústria brasileira e do comércio, estamos indo para a UTI do ponto de vista de organização e de engrenagem econômica".

O plenário virtual do Senado aprovou, nesta quarta-feira (6), o projeto que prevê ajuda financeira de aproximadamente R$ 125 bilhões para estados e municípios por causa da pandemia do novo coronavírus.
O resultado da votação impôs uma derrota a Paulo Guedes.

A equipe econômica tentava impedir reajustes salariais para todos os servidores públicos até o fim de 2021, e incluiu esse item como uma das contrapartidas para a liberação do socorro aos estados e municípios.

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