Coronavírus

Máscaras descartadas irregularmente elevam risco de transmissão em SL

As peças de proteção se tornaram obrigatórias no dia 20 de abril, após decreto publicado pelo Governo do Estado, mas devem ser descartadas adequadamente

Nelson Melo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Máscaras não podem ser jogadas fora em qualquer local
Máscaras não podem ser jogadas fora em qualquer local (mascara)

Em tempo coronavírus, que colocou o Brasil na nona posição mundial com relação ao número de mortes, as medidas de prevenção são enfatizadas para controle da doença, que começou na China, em dezembro do ano passado, na cidade de Wuhan. Dentre as ações para evitar o contágio, as máscaras de proteção são consideradas essenciais. No entanto, esses materiais não podem ser descartados nas ruas ou praias, como está ocorrendo na região metropolitana de São Luís, pois isso aumenta a poluição do meio ambiente e a transmissão do vírus.

Em vários locais da Grande Ilha, é possível observar máscaras faciais em calçadas, avenidas, bancos e amontado de lixo jogado no meio-fio. Nas feiras, como a do João Paulo e Bairro de Fátima, os equipamentos são lançados por pessoas que não fazem ideia de como essa conduta é maléfica para o meio ambiente. De acordo com informações de comerciantes, até ocupantes de veículos que passam pelas avenidas arremessam os materiais nas ruas.

Além disso, passageiros de ônibus também já foram flagrados jogando as máscaras da janela do coletivo em direção às ruas. Nas praias da capital maranhense, muitos desses materiais são lançados na faixa de areia e também no mar, gerando uma poluição que pode causar a morte de animais marinhos, alterando a cadeia alimentar, segundo ambientalistas.

Convém ressaltar que, se uma máscara descartada no ambiente estiver contaminada, o material pode infectar outras pessoas pelo novo coronavírus, dependendo de como o equipamento vai chegar às mãos de moradores ou pedestres.

Perigos ao ambiente

O descarte inadequado das máscaras faciais representa um sério risco a fauna e flora marinha, o que se agrava com o lançamento de resíduos plásticos nas praias. Por este motivo, o impacto ambiental é de proporções inimagináveis. Muitas pessoas não têm o cuidado necessário e acabam jogando esses materiais em qualquer lugar. Os equipamentos, durante as chuvas, podem ser arrastados para vários locais, incluindo quintais de residências e os oceanos, colocando a vida de moradores em perigo.

Sendo assim, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema) esclarece que, para correto descarte, alguns procedimentos devem ser seguidos pela população. Primeiramente, a pessoa deve remover a máscara, manuseando-a pelo elástico ao redor das orelhas, para que não haja contato com a parte frontal. Em seguida, o ideal é fazer a imersão do equipamento em recipiente com água fervente e água sanitária (2,0 a 2,5%) durante aproximadamente trinta minutos.

Conforme a Sema, a proporção de diluição a ser utilizada é de 1 parte de água sanitária para 50 partes de água, como, por exemplo, 10 ml para 500 ml de água potável. “Após imersão esse material deve ser imediatamente posto em um saco de papel ou plástico e fechado para ser descartado no lixo comum, separada dos recicláveis e entregue à empresa que faz os serviços de coleta e manejo dos resíduos sólidos urbanos para que seja dada a destinação adequada”, pontuou o órgão.

Após o manejo da máscara, a pessoa deve higienizar as mãos com água e sabão e/ou gel à base de álcool. De acordo com a Secretaria, todas as orientações obedecem às recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Ministério da Saúde (MS). A Sema esclareceu que, no que diz respeito ao descarte irregular, os resíduos sólidos (máscaras, luvas e congêneres) podem ser responsáveis pela poluição gradativa dos recursos ambientais, como os hídricos, o ar e o solo.

Ademais, as máscaras jogadas inadequadamente podem obstruir galerias do sistema de saneamento básico. “Além disso, durante a crise sanitária, o descarte irregular pode causar o contágio de outros seres humanos que, porventura, tenham contato com esses resíduos que estejam contaminados”, enfatizou a Sema.

Risco no mar

Recentemente, uma equipe da OceansAsia, que é uma organização para conservação marinha, encontrou várias máscaras faciais depositadas em praias, durante uma viagem às Ilhas de Soko, localizada em Hong Kong. O grupo está conduzindo um projeto sobre poluição causada por plásticos nos mares. Na ocasião, foram recolhidos 70 desses equipamentos de proteção e mais 30 em outra expedição feita pelos pesquisadores, que ficaram impressionados.

Algumas máscaras já estavam sendo levadas pelas ondas em direção ao oceano. De acordo com Teale Phelps Bondaroff, diretor de Pesquisa da OceansAsia, caso um desses materiais seja ingerido por uma tartaruga, um golfinho ou um boto, o equipamento pode ficar preso no sistema digestivo desses animais marinhos. “A maioria dessas máscaras contém ou é feita de polipropileno, que não se rompe rapidamente. A poluição marinha de plásticos é um problema sério. Estima-se que mais de oito milhões de toneladas de plástico entrem em nossos oceanos a cada ano”, explicou.

Este plástico, conforme o pesquisador, não desaparece, mas se decompõe lentamente em microplástico, que entra nas cadeias alimentares, com efeitos devastadores.

Obrigatoriedade das máscaras

No Maranhão, como medida de prevenção à doença, o uso de máscaras de proteção tornou-se obrigatória em locais públicos e privados. No dia 20 de abril, o Governo do Estado publicou o Decreto nº 35.746, que dispõe sobre as regras de funcionamento das atividades econômicas no Maranhão, em razão dos casos de infecção pela Covid-19 e dá outras providências. O ato administrativo levou em consideração a Portaria nº 188, de 3 de fevereiro deste ano, quando o Ministério da Saúde declarou Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional, em decorrência do novo coronavírus.

Por meio desse documento, tornou-se obrigatório no Maranhão o uso de máscaras de proteção descartáveis, caseiras ou reutilizáveis, como medida não farmacológica destinada a contribuir para a contenção e prevenção da pandemia. Esses equipamentos devem ser utilizados em locais públicos e em outros de uso coletivo, ainda que privados. Ficou decido que o Poder Público adotará as medidas de produção e distribuição do material, em especial, para pessoas em situação de rua.

Sanção e multas

Questionada sobre penalidades, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) disse em nota que a aplicação de sanções e multas com relação ao uso obrigatório de máscaras de proteção será avaliada após o período de adaptação da população maranhense à medida esta semana ainda. Além disso, a Vigilância Sanitária Estadual, como órgão de fiscalização responsável por fazer cumprir as normas sanitárias contidas no decreto, vai atuar orientando com mídias educativas.

Outra medida é a conscientização sobre a importância dessa determinação do uso de máscaras como ação de contenção da disseminação do vírus e consequente proteção da saúde da população. A SES destacou que a fiscalização terá foco nas atividades econômicas previstas no decreto.

Importância da máscara

Embora muitas pessoas continuem andando desprotegidas do coronavírus, a máscara é importante como medida de prevenção. A Covid-19 é transmitida, por exemplo, por gotículas de saliva contaminadas que acabam sendo levadas para mucosas do corpo, como boca, nariz e olhos. Desse modo, com o material no rosto, o vírus fica impedido de alcançar partes do corpo que são portas de entrada.

Para quem ainda não sentiu nenhum sintoma do coronavírus, essa medida é essencial, pois existem os conhecidos como assintomáticos, que podem estar infectados, mas o corpo não dá sinais da contaminação. Na revista “Influenza e Outros Vírus Respiratórios”, pesquisadores publicaram um relato no qual um homem que não usava máscara facial entrou em um ônibus com sintomas de tosse, mas não sabia que estava com a Covid-19.

Naquele momento, muitos passageiros não usavam máscaras. Dos 39 ocupantes do ônibus, 5 foram contaminados pela doença.

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