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61 anos do jornal O Estado: o desafio de se reinventar na pandemia

Para garantir trabalho da equipe e informação com credibilidade, jornal adota estratégias que alteram a rotina e a relação com as fontes

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Clóvis Cabalau, diretor de Redação de O Estado
Clóvis Cabalau, diretor de Redação de O Estado

Celebrar 61 anos em meio a uma grave pandemia é uma experiência, no mínimo, conturbada para O Estado. Com a rotina modificada, jornalistas divididos entre o trabalho presencial e home office, usando máscaras e impedidos de se aproximar de suas fontes, o cenário revelou-se bastante inusitado nos primeiros meses de 2020. O desafio é enorme, exige muito jogo de cintura, inteligência e estratégias para garantir que a informação chegue ao leitor e internautas, apesar de todas as dificuldades.

“Mas o jornalismo e a busca incessante pelos fatos não podem parar. Estamos todos, mais do que nunca, comprometidos com os nossos leitores e internautas. Sabemos do papel fundamental que exercemos neste momento delicado. E sabemos também que as mídias tradicionais, como os jornais impressos e digitais e as emissoras de rádio e TV reconquistaram seu papel de protagonistas na disseminação de informações confiáveis com a pandemia do coronavírus, contribuindo para aumentar a audiência”, diz Clóvis Cabalau, diretor de Redação.

De acordo com Cabalau, a crise obrigou o matutino a fortalecer seu conteúdo online, que tem sido fundamental nessa fase crítica. Além disso, foi preciso adotar o sistema home office para preservar a saúde dos jornalistas. Os colaboradores que continuam a desenvolver suas atividades presencialmente incorporaram o uso de máscaras, álcool em gel e estão seguindo à risca as recomendações do Ministério da Saúde para evitar a transmissão do vírus. Medidas essas reforçadas pelo setor de Recursos Humanos do Grupo Mirante, com boletins diários encaminhados às caixas de emails dos funcionários.

O governo federal aprovou decreto que coloca a imprensa na lista de serviços essenciais. Isso quer dizer que todos os meios de comunicação e de divulgação disponíveis estão incluídos: a radiodifusão de sons e de imagens, a internet, os jornais e as revistas, dentre outros. “E os operários da notícia, que somos nós e estamos na linha de frente, precisam de cuidados ao exercer a profissão. Nos adequamos, pois, assim como os médicos, temos um papel muito importante na guerra contra essa doença”, acrescenta o diretor de Redação.

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Ele explica que o momento é bastante atípico e todos precisaram se adequar. A equipe do jornal (assim como o número de páginas do impresso) precisou ser reduzida. Jornalistas do chamado grupo de risco estão trabalhando em suas casas e outros estão licenciados por recomendação médica. “As páginas de esportes e o Caderno Alternativo foram suspensos, diante da paralisação completa de eventos esportivos e culturais, bem como da redução de notícias nessas áreas. Contudo, mantivemos os programas digitais Papo Alternativo (com dicas culturais) e Liga o Estado (comentários esportivos)”, explica Clóvis Cabalau.

Edições

A fim de reduzir a presença de pessoas da equipe na Redação, o jornal impresso está circulando com apenas um caderno, exceto em edições especiais e aos fins de semana. A edição de sábado/domingo circula atualmente com três cadernos, incluindo a Revista PH. Com a redução do noticiário impresso, o conteúdo digital foi reforçado, incluindo maior movimentação das redes sociais e mais conteúdo no site de O Estado. Dois podcasts semanais (A Ronda e Politicast) também acrescentam conteúdo exclusivo aos leitores.

Thiago Bastos, agora, grava o programa Liga O Estado, revezando-se na apresentação com Eduardo Lindoso e Gustavo Arruda
Thiago Bastos, agora, grava o programa Liga O Estado, revezando-se na apresentação com Eduardo Lindoso e Gustavo Arruda

As mudanças para manter o ritmo de disseminação de informações têm sido fundamentais para que a população acompanhe as providências tomadas pelas autoridades no que se refere às políticas públicas implantadas visando ao combate da Covid-19 no Maranhão, no Brasil e no mundo. A nova postura dos jornalistas é de muito jogo de cintura na relação com as fontes. Mais do que nunca, as redes sociais têm sido fundamentais nesse processo. A maioria conclui a apuração dos fatos a partir do WhatsApp, o que também já era visto antes da crise sanitária, sendo que agora de maneira mais incisiva.

“O desafio profissional neste período de pandemia é grande. Não temos a mesma relação com as fontes e, por isso, a fidelização por meio de outros canais, como redes sociais, é fundamental para a sequência de produção de reportagens. É um obstáculo único e que, ao mesmo tempo em que cria dificuldades, contribui para o crescimento na profissão”, diz o repórter Thiago Bastos, que atua no jornal desde 2012.

Jornalistas

Os jornalistas que cumprem a quarentena em casa concluem as entrevistas também por telefone e recebem imagens, vídeos e áudios pelo próprio aparelho celular. “A tecnologia tem nos ajudado bastante nesse período em que o mais importante é evitar aglomerações e contato físico. Gravamos também os programas com o uso de nossos celulares e encaminhamos para outro profissional, que conclui a edição. É o mesmo processo adotado pelas emissoras de TV e se aplica também às entrevistas”, diz o repórter Evandro Júnior, que está gravando o programa Papo Alternativo em home office.

A pandemia trouxe inúmeros aprendizados, entre os quais a valorização cada vez maior da ciência, da tecnologia e inovação, bem como dos profissionais da saúde e da informação.
“Em meio a tanta insegurança e instabilidade, a única certeza que temos é que é fundamental fomentar a pluralidade e o debate das ideias. No entanto, para que esse debate seja rico e frutífero, é necessário ter informação confiável. Em tempos de fake news, a imprensa que desenvolve seu papel de forma séria e comprometida tem se firmado cada vez mais como um dos pilares da democracia e da sociedade”, afirma a jornalista Carla Melo.

Evandro Junior grava o programa Papo Alternativo em home office
Evandro Junior grava o programa Papo Alternativo em home office

Brasil

Segundo uma pesquisa da DataFolha realizada no mês de março, a população brasileira diz confiar mais em programas jornalísticos de TV (61%) e nos jornais impressos (56%) para se informar sobre a pandemia da Covid-19. Rádio e site de notícias estão logo em seguida, com 50% e 38% de credibilidade, respectivamente.

Já as redes sociais, WhatsApp e Facebook estão com baixa reputação em meio à crise do novo coronavírus. Somente 12% das 1.558 pessoas consultadas apontaram as informações compartilhadas nas plataformas como confiáveis.

Dos entrevistados, 58% não acreditam no WhatsApp e 50%, no Facebook. A maior parte daqueles que confiam mais nas redes sociais são idosos e pessoas com baixa escolaridade. Dos entrevistados que têm até o ensino fundamental concluído, 18% confiam nas informações recebidas pelo WhatsApp e 17% pelo Facebook.

Carla Melo produz matéria em sistema home office
Carla Melo produz matéria em sistema home office

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