Pandemia

Maranhão tem 38 óbitos registrados por SARS, em época de coronavírus

No mesmo período do ano passado, de 16 de março a 28 de abril, não houve nenhuma morte pela SARS no estado

Nelson Melo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20

Em época de pandemia pelo novo coronavírus, outras doenças respiratórias estão deixando várias pessoas enfermas no Brasil. No caso mais grave, ocorrem mortes. De acordo com o Portal da Transparência dos Cartórios, houve um aumento em todas as unidades federativas com relação a mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), também conhecida como Síndrome Respiratória Aguda Severa (SARS). No Maranhão, já aconteceram 38 óbitos do período de 16 de março até 28 de abril deste ano.

Segundo os Cartórios de Registro Civil, no mesmo período do ano passado, quando não havia infecções pela Covid-19, não houve nenhuma morte decorrente da SRAG no Maranhão. Por outro lado, no que tange à pneumonia, em 2019 o número de óbitos no estado foi maior, com 294 casos. Em 2020, já são 195, de acordo com esse Portal da Transparência, que foi lançado na última segunda-feira, 27, e reúne os dados relativos a óbitos causados pelo novo coronavírus e demais doenças respiratórias relacionadas à pandemia.

No ano passado, ocorreram 200 mortes por insuficiência respiratória no Maranhão, enquanto que neste ano já foram registradas 146, dentro do período de 16 de março a 28 de abril. Importante destacar que as estatísticas apresentadas se baseiam nas Declarações de Óbito (DO) registradas nos Cartórios do País relacionadas à Covid-19, sendo relatada apenas uma causa para cada óbito.

O levantamento

Os Cartórios de Registro Civil do Brasil registraram um aumento de 1.012% nos números de mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave, que é uma infecção por coronavírus, desde o registro do primeiro óbito no País pela Covid-19, ocorrida no dia 16 de março deste ano, em São Paulo, que teve como vítima um homem de 62 anos, que tinha diabetes e hipertensão, sem histórico de viagem ao exterior. O paciente não resistiu em um hospital privado, depois que deu entrada com falta de ar e febre alta.

Confira sintomas da SARS
Confira sintomas da SARS

Entre os Estados que mais contabilizaram aumento no número de mortes pela SARS está Pernambuco, com elevação de 6.357% no período da pandemia. Na sequência, vêm Amazonas, com 4.050%; Rio de Janeiro, com 2.500%; e Ceará, com 1.666%. O Estado de São Paulo também registrou uma subida em 866%. O Portal da Transparência dos Cartórios, além de contabilizar os casos do novo coronavírus e Síndrome Respiratória Aguda Severa, também acompanha os de pneumonia, septicemia (condição de resposta exagerada a uma infecção no corpo, seja por bactérias, fungos ou vírus, que acaba causando disfunção orgânica), insuficiência respiratória e causas indeterminadas.

Chama atenção, por exemplo, o aumento do número de mortes por causa indeterminada no Estado do Rio de Janeiro desde o início da pandemia, com elevação de 8.533% em comparação com 2019. Nessa categoria, houve 10 óbitos no Maranhão nos dois períodos comparados pelo levantamento.

SARS

A Síndrome Respiratória Aguda Grave é uma doença respiratória cujos primeiros casos ocorreram a partir de 16 de novembro de 2002, em Gunagdong, na China. Em 11 de fevereiro de 2003, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recebeu a notificação sobre a ocorrência na província chinesa de 305 casos de pneumonia atípica grave, 105 dos quais em profissionais da área da saúde, que ficam na “linha de frente”.

Da China, a SRAG atingiu outros países, como Alemanha, Austrália, Canadá, Coreia do Sul, Filipinas, Mongolia, Singapura, Taiwan, Vietnã, Estados Unidos da América e Tailândia. Dentre os sintomas, estão febre, fadiga, dispneia e outros associados, como cefaleia, anorexia, confusão mental, mal-estar e diarreia. No total, foram mais de 8 mil casos no mundo, de acordo com estatística da Organização Mundial de Saúde, mas não alcançou o status de pandemia, como a Covid-19.

Os sintomas da SARS são parecidos com os do novo coronavírus, assim como os da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), que foi identificada pela primeira vez na Jordânia e Arábia Saudita em 2012.

Óbitos por coronavírus

O boletim epidemiológico da SES, divulgado na noite de segunda-feira, 27, mostrou que já aconteceram 145 óbitos no Maranhão em decorrência do novo coronavírus. Isso dá uma média de 4,8 mortes por dia no estado. A primeira ocorreu no dia 29 de março. A vítima, inclusive, tinha histórico de hipertensão arterial, também conhecida como pressão alta, que se enquadra no denominado grupo de risco, segundo a Organização Mundial de Saúde e Ministério da Saúde (MS).

O óbito ocorreu nove dias após a comprovação do primeiro caso da Covid-19 no estado, fato registrado em 20 de março. A primeira morte teve como vítima um homem, que tinha 49 anos, segundo a SES. Ele chegou com graves sinais de insuficiência respiratória na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Cidade Operária, em São Luís. Como o quadro clínico dele estava crítico, as equipes médicas nada puderam fazer para aliviar os sintomas. O paciente morreu lá mesmo.

Sintomas do coronavírus

De acordo com o Ministério da Saúde, os sinais do coronavírus são, principalmente, respiratórios, semelhantes a um resfriado. A Covid-19 também pode causar infecção do trato respiratório inferior, como as pneumonias. No entanto, o SARS-CoV-2 ainda precisa de mais estudos e investigações para caracterizar melhor os sintomas da doença. Os principais sintomas conhecidos até o momento são: febre, coriza, tosse seca e dificuldade para respirar.

Por isso, é importante o isolamento social, uma vez que impede a concentração de pessoas em um ambiente público ou privado.

Tratamento contra coronavírus

Até o momento, não existe uma medicação específica para o vírus. O tratamento é feito com base nos sintomas de cada paciente. De acordo com o infectologista Wladimir Queiroz, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, existe a cura espontânea, mas ainda não há um tratamento medicamentoso definido. Nesse contato, há drogas que provavelmente funcionam, mas sem confirmação científica. Por este motivo, são utilizados medicamentos para dor e febre (antitérmicos e analgésicos).

Por este motivo, o Ministério da Saúde recomenda repouso e consumo de bastante água, além de algumas medidas adotadas para aliviar os sintomas. Importante dizer que o diagnóstico do novo coronavírus é feito com a coleta de materiais respiratórios com potencial de aerossolização (aspiração de vias aéreas ou indução de escarro).

Grupos de riscos

Segundo a OMS, algumas pessoas são mais suscetíveis ou vulneráveis ao coronavírus. Esse grupo de risco inclui idosos, diabéticos e hipertensos, além de quem possui doença insuficiência renal crônica, respiratória crônica e doença cardiovascular. Quem tem acima de 60 anos também está entre aqueles afetados pelos maiores índices de letalidade quando atingidos. Isso aconteceu porque, conforme infectologistas, o sistema imunológico dos mais velhos costuma ser deficiente por causa da idade.

Além disso, os pulmões e mucosas tornam-se mais frágeis e vulneráveis a doenças virais. No organismo dos idosos, há menos anticorpos, pois as vacinas tomadas na juventude já não são tão eficazes. Segundo o infectologista Kleber Luz, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, deterioração do sistema imunológico pela idade é chamada de imunossenescência.

Já com relação aos hipertensos, uma série de fatores colabora para que esse grupo seja mais afetado que a população em geral. De acordo com a Sociedade Brasileira de Hipertensão, o vírus pode afetar o músculo cardíaco dos pacientes, que já têm o coração sobrecarregado e causar miocardite (inflamação do miocárdio). Também pode gerar necrose pulmonar, com acúmulo de líquido no pulmão.

Por este motivo, é importante que o hipertenso esteja com a pressão arterial controlada, com as vacinas em dia e procurar ajuda médica imediatamente após o aparecimento do primeiro sintoma.

Saiba Mais

Três dos sete coronavírus causam infecções respiratórias muito mais graves nos humanos, por vezes fatais, do que os outros coronavírus que causaram grandes surtos de pneumonia fatal no século XXI:

Sars-CoV-2 é o novo coronavírus identificado como agente etiológico da doença pelo coronavírus 2019 (covid-19) que começou em Wuhan, na China, no final de 2019 e se espalhou por todo o mundo.

Mers-CoV foi identificado em 2012 como agente etiológico da síndrome respiratória do Oriente Médio (mers).

Sars-CoV foi identificado em 2002 como agente etiológico de uma epidemia de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS).

Fique por Dentro

Total de mortes/ano por doenças respiratórias no Maranhão (período de 16 de março a 28 de abril)

SARS

2019 - 0

2020 – 38

Covid-19

2019 - 0

2020 – 145

Pneumonia

2019 - 294

2020 – 195

Septicemia

2019 - 210

2020 – 122

Causas indeterminadas

2019 - 10

2020- 10


Óbitos por outros problemas respiratórios (inconclusos)

2019 - 1166

2020 - 643

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