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Luto na imprensa: morte do jornalista Alfredo Menezes repercute

Profissional de comunicação integrou por 37 anos a equipe de O Estado e consolidou seu nome na crônica esportiva por incentivar atletas amadores

Daniel Matos

- Atualizada em 11/10/2022 às 12h20

A morte do jornalista Alfredo Menezes, 72 anos, na manhã desta segunda-feira, 27, em sua casa, no bairro Liberdade, com sintomas da Covid-19, repercutiu amplamente e causou comoção em São Luís. Emissoras de rádio, entidades, autoridades públicas e personalidades lamentaram a perda do profissional, que trabalhou por 37 anos como editor e colunista de O Estado. Alfredo ficou internado até sexta-feira, 24, mas acabou falecendo na sua residência. O teste para a doença causada pelo novo coronavírus ainda não teve seu resultado divulgado.

Apaixonado pelo Vasco da Gama, clube do futebol carioca, o jornalista, que nasceu no interior do Maranhão, na cidade de Itapecuru-Mirim, notabilizou-se na cronica esportiva maranhense sobretudo por sua dedicação ao esporte amador, inclusive, no jornal O Estado, onde ele assinava a coluna diária Esporte Amador.

Como seu início de carreira foi no rádio, sendo correspondente de emissoras da capital, em sua cidade natal, a Rádio Timbira AM foi a primeira a se manifestar.

“A Rádio Timbira AM manifesta profundo pesar pelo falecimento do jornalista e radialista Alfredo Menezes. Por mais de três décadas foi referência no esporte amador, escrevendo no jornal O Estado do Maranhão. Ao longo de sua carreira, Alfredo Menezes se destacou pelo talento e incentivo aos colegas de profissão.Neste momento doloroso, a direção da Rádio Timbira AM, bem como todo o conjunto de servidores da emissora, manifestam solidariedade à família, amigos e admiradores. Que Deus o receba em sua glória eterna”.

Em sua nota, a Timbira lembra que o jornalista iniciou no rádio em Itapecuru, em 1968, como correspondente da Difusora AM. Trabalhou nas Rádios Gurupi, Ribamar, Educadora e Mirante AM.

Médico, ex-atleta campeão em diversas modalidades esportivas, premiado com o Oscar do esporte maranhense, o Troféu Mirante, o ex-secretário de Estado de Desportos e Lazer, Phil Camarão, também lamentou a perda. “Alfredo foi o maior amigo do desporto maranhense, jornalista esportivo competentíssimo, profissional sério, generoso e amigo! Meu amigo/ irmão. Não é à toa que na hora que recebi o Oscar do Esporte Maranhense, o Troféu Mirante, após eu ter agradecido a todos, como de praxe, lhe fiz uma homenagem naquela hora, chamando-o de o melhor e o maior amigo que o esporte maranhense tinha e todos os presentes no teatro Artur Azevedo, lotado, o aplaudiram de pé longamente”.

Filho de Phil, o secretário de Estado da Educação, Felipe Camarão, que é ex-atleta de natação, postou, em uma rede social, que perdeu um amigo da família. “Amigo de minha família, contou histórias de gerações do esporte amador maranhense, inclusive a do meu pai, a minha e de minhas irmãs, e tantos outros atletas do nosso estado. Deus o receba, amigo”, escreveu.

Mais homenagens
O Serviço Social do Comércio do Maranhão (Sesc-MA) também manifestou condolências. “O Sesc se solidariza com a família do jornalista, Alfredo Menezes, falecido nesta segunda-feira. Apaixonado por esporte, por mais de três décadas atuou como repórter e editor de esportes do jornal O Estado do Maranhão. Deixa sua marca na história do jornalismo esportivo maranhense. Diante desta perda irreparável, rogamos a Deus conforto à família e amigos”, diz a nota.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Luís, do qual Alfredo era dirigente, também lamentou a perda. “É com muita tristeza que registramos o falecimento do nosso diretor, jornalista Alfredo João de Menezes Filho, na manhã deste dia 27 de abril. Foi um profissional com efetiva atuação na imprensa maranhense, tendo trabalhado em várias emissoras de rádio, notabilizando-se como ferrenho defensor do esporte amador, e por 37 anos dedicou-se a esse trabalho no jornal O Estado do Maranhão, de onde saiu por aposentadoria. Sindicalista comprometido, sempre presente nas reuniões e decisões em prol da categoria”, publicou a entidade.

História em O Estado

Na década de 80, Alfredo Menezes ingressou na equipe do jornal O Estado, a convite do amigo Edivan Fonsêca. Menezes iniciou seu trabalho captando notícias nacionais veiculadas por emissoras de rádio de outros estados. A equipe contava, também, com J. Alves e o colaborador Garrincha. Anos mais tarde, reforçariam a equipe os jornalistas Flávia Lopes Vieira e Márcio Henrique Sales.

Essa equipe ficou por mais de dois anos no comando da editoria de esportes. Depois outros profissionais do jornalismo esportivo passaram pelo periódico, e Alfredo Menezes seguiu sendo o “Decano” do grupo. Ele permaneceu no jornal até a criação do caderno esportivo, em formato tabloide, E+, e ainda acompanhou a transição para as plataformas digitais, até 2017, quando se aposentou.

Comoção pública e homenagens da classe

A morte de Alfredo Menezes causou comoção em autoridades, chefes de entidades e em colegas de profissão, que manifestaram condolências pela perda do colega e prestaram homenagens.

Em nota de pesar assinada pelo presidente Othelino Neto, que também é jornalista, a Assembleia Legislativa transmitiu a seguinte mensagem: “Manifesto meu profundo pesar pelo falecimento do jornalista e radialista Alfredo Menezes, 72 anos, ocorrido nesta segunda-feira (27), em São Luís. Alfredo Menezes deixa uma lacuna no jornalismo e radialismo maranhense, profissão que exerceu com dedicação desde 1968, quando iniciou como correspondente da Difusora AM. Trabalhou nas Rádios Gurupi, Ribamar, Educadora, Timbira e Mirante AM. Por mais de três décadas, Alfredo Menezes foi repórter e editor da Editoria de Esportes do jornal O Estado do Maranhão, onde trabalhamos juntos em meados da década de 90, tornando-se referência no esporte amador maranhense. Neste momento de grande dor, rogamos a Deus que o receba em sua morada eterna”, diz a nota.

O diretor de Redação de O Estado, Clóvis Cabalau, frisou que Alfredo foi uma das figuras mais gentis e doces que já passaram pela Redação do O Estado e que sua perda é muito sentida. "Ele era apaixonado pelo esporte, pelo jornal e pelo Vasco da Gama. Lembro-me da sua euforia, em plena Redação, a cada gol que seu time do coração fazia. Amava o que fazia. Amava O Estado, ao ponto de vir para o jornal mesmo fora de seu horário de trabalho, só para respirar os ares da Redação. Vai deixar muita saudade em todos nós. Deixa ainda seu nome marcado na história de O Estado e do esporte do Maranhão", declarou.

A ex-atleta d e basquete Iziane Catro lembrou que Alfredo Menezes acompanhou sua carreira de atleta desde o início e era um dos seus grandes admiradores.

A jornalista Flávia Lopes Vieira, que por muitos anos dividiu com Alfredo a responsabilidade de produzir o noticiário esportivo em O Estado, se disse arrasada com a perda. “Ele foi meu mestre no jornalismo. Me ensinou tudo que sei”.

Depoimentos

“Alfredo Menezes deixa uma lacuna no jornalismo e no radialismo maranhense. Exerceu a profissão com dedicação. Neste momento de grande dor, a Assembleia solidariza-se com familiares, amigos e admiradores.”

OTHELINO NETO
JORNALISTA e presidente da Assembleia legislativa do Maranhão

“Meu amigo, meu mestre no jornalismo (ele detestava que eu dissesse isso, mas é a verdade). Escrevo com os olhos marejados. As lembranças vêm fortes, desde o momento em que fomos apresentados e ele disse: ‘não me chame de seu, me chame de Alfredo.”

FLÁVIA LOPES VIEIRA
JORNALISTA

“Um baita jornalista à frente do seu tempo.
Foi craque no jornalismo esportivo, mas seria em qualquer área da imprensa. Na minha vida, ‘seo’ Alfredo é mais do que um amigo e parceiro de Redação em O Estado e de profissão.”

ITEVALDO JÚNIOR
JORNALISTA

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